Anais: Geomorfologia costeira
Análise estratigráfica da bacia Paraíba: a restinga do bairro do Recife Antigo – PE
AUTORES
Santos, L.D.J. (UFPE) ; Rocha, A.C.P. (UFPE) ; Souza, J.L. (UFPE) ; Silva, A.C. (UPE) ; Corrêa, A.C.B. (UFPE)
RESUMO
O estudo dos estratos da bacia Paraíba é crucial para o entendimento da evolução
da Paisagem quaternária. E cujo objetivo desta pesquisa foi verificar os
resultados da análise estratigráfica da bacia sedimentar Paraíba, com foco na
restinga do bairro do Recife Antigo - PE. A área fica ao Sul com o Lineamento
Pernambucano e a Norte com a Bacia Potiguar. E os resultados foram obtidos com
poços estratigráficos pertencentes ao SIAGAS. Foram considerados poços com dados
estratigráficos completos.
PALAVRAS CHAVES
Bacia Paraíba; Recife Antigo; Restinga
ABSTRACT
The study of Paraíba basin strata is crucial to understanding the Quaternary
evolution of the landscape. And whose objective was to verify the results of
stratigraphic analysis of the sedimentary basin Paraíba, focusing on the resting
in the neighborhood of Old Recife - PE. The area lies to the south by the
Pernambuco Lineament and north with the Potiguar basin. And the results were
obtained with stratigraphic wells belonging to SIAGAS. Data were considered wells
stratigraphic complete.
KEYWORDS
Paraiba Basin; Recife Antigo; Restinga
INTRODUÇÃO
A bacia sedimentar Paraíba fica localizada no Nordeste do Brasil,
especificamente nos estados de Pernambuco e Paraíba, entre o Alto de Touros na
parte meridional da bacia sedimentar Potiguar e na parte setentrional do
lineamento pernambucano. É uma das bacias mais a leste das bacias marginais
sedimentares brasileiras, e junto com a bacia Pernambuco contém cerca de 39.000
km2 de área entre o mar e terra, sendo 9.000 km2 de área emersa e 30.000 km2 de
áreas submersas, correspondente ao continente e a plataforma continental,
respectivamente. (FEIJÓ, 1994; BIZZI, 2003). A bacia Paraíba é dividida em três
sub-bacias baseada na estratigrafia e tectônica, sendo elas: sub-bacia Olinda,
Alhandra e Miriri. A sub-bacia Olinda fica localizada entre a Zona de
Cisalhamento de Pernambuco e o Alto de Goiana, as sub-bacias de Alhandra e
Miriri estão fixadas em um depocentro limitado na faixa costeira a Norte pela
falha de Mamanguape e a Sul pelo Alto de Goiana (MORAIS, 2008), esta possui sua
distribuição territorial nos estados de Pernambuco e Paraíba. O espaço da
pesquisa ocorre na sub-bacia Olinda onde se encontra o bairro do Recife Antigo,
no qual corresponda a unidade geomorfológica restinga. Essa unidade de proteção
permanente se encontra atualmente toda urbanizada e esta modificação se
processou desde o século XVI com a colonização tendo como intervenções
antrópicas os aterros, construções e pavimentação da área. E, portanto, para
vislumbrar a evolução morfodinâmica desta paisagem faz necessário o uso da
estratigrafia, na qual corresponderia ao processo de evolução natural e
artificial da restinga em tempos distintos. Por isso o objetivo da pesquisa é
verificar os resultados da análise estratigráfica da bacia Paraíba, com foco na
restinga do bairro do Recife Antigo – PE para descrever o desenvolvimento da
paisagem, visto o estudo das camadas, formações e grupos sedimentares guardarem
o processo e a grandeza da formação da bacia sedimentar da Paraíba no traspassar
do tempo.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa iniciou com uma revisão bibliográfica sobre os aspectos de âmbito
natural e antrópico realizados na área estudada, ou seja, dados secundários já
existentes sobre a evolução da paisagem da bacia sedimentar da Paraíba. E a
partir do estudo da estratigrafia de três poços presentes na unidade
geomorfológica restinga onde se encontra o bairro do Recife Antigo. A utilização
de apenas três poços foi determinada pelo fato da não existência da
estratigrafia dos demais oito poços por estes serem antigos ou estarem
desativados não dispondo de dados da coluna estratigráfica. Os dados obtidos dos
três poços foram retirados do Sistema de Informações de Aguas Subterrâneas –
SIAGAS, este foi construído pelo Serviço Geológico do Brasil – SGB, onde é
formado por dados hidrogeológicos. A recomendação deste vislumbra o uso por
todos os estados, sendo encontrado no estado de Pernambuco uma quantidade de
informações ínfima ou inexistente para uso e estudo, problema este encontrado na
área objeto de estudo. Após a obtenção dos dados está sendo feito
georreferenciamento com um GPS e receberam uma análise estratigráfica de
sequencia montando uma relação com o tipo do material, as camadas, a formação, o
grupo, o processo de deposição, o ambiente deposicional e comungando com o tempo
geológico para enfim definir a evolução daquela unidade. Outro ponto a ser
realizado será à criação de um mapa de Isópacas com relação as estratigrafia
para poder melhor analisar a geomorfologia com um plano de inclinação das
camadas e sobreposto a uma imagem de satélite para melhor observar no espaço.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo da origem e evolução tetônica da bacia sedimentar Paraíba (FIGURA 1)
esteve por muito tempo associada à bacia Pernambuco com representação
significativa de autores como Asmus & Carvalho, (1978); Brito, (1979); Mabesoone
& Alheiros, (1988, 1991) apud Morais (2008), porém estudos mais recentes
desenvolvidos por Lima Filho (1998, 2006) evidenciaram motivos da distinção
destas bacias, no qual seria a sedimentação diferente e a forma da evolução
tectônica. Isto é, a bacia Pernambuco teve um desenvolvimento através de rift e
enquanto a bacia Paraíba por processos da plataforma numa forma de rampa
inclinada para leste formada por subsidência e pequenos grabens. A distinção é
nítida através do estilo estrutural das duas bacias por um perfil da área do
litoral, sendo o embasamento da bacia Paraíba numa profundidade de 300 a 400
metros e logo após a Zona de Cisalhamento de Pernambuco grabens profundos da
bacia Pernambuco a 3000 metros de profundidade (BARBOSA, 2005). E ambas são
diferentes das demais bacias marginais brasileiras pela ínfima espessura
sedimentar e pelo empilhamento dos depósitos carbonáticos, já que as demais
bacias marginais ocorrerem sistemas clásticos de gênese continentais fluvio-
lacustre, de plataforma e de talude. A estratigrafia da bacia Paraíba vem sendo
preenchida desde o jurássico e pode ter sua formação dividida em quatro
megassequências (pré-rifte, sinrifte, transicional e margem continental passiva)
Bizzi (2003), e enquanto Chang (1990) apud Morais (2008) abordam o que seriam
cinco megassequências para a bacia Paraíba sendo elas: continental, evaporítica
transicional, plataforma carbonática rasa, transgressiva marinha e regressiva
marinha. E esses ritmos sedimentares terem sido ocasionados nos ajustamentos
tectônicos decorrentes do rompimento do continente Pangea, especificamente da
abertura Brasil e África, na evolução da abertura do Atlântico Sul. E segundo
(CÓRDOBA, 2007) a estratigrafia seria distribuída em 04 grupos de sequencias
sendo elas, K88-K130, E10-N10, N20-N50 e N60, nas quais se encontram associados
às fases das Megassequencias de Bizzi (2003) e Morais (2008). A sequencia K88-
K130 é composta pelas formações Beberibe, Itamaracá e Gramame possuindo uma
espessura máxima de 2.000 metros de profundidade, já a E10-N10 é constituída das
formações Marituba, Maria Farinha e Calumbi correspondente à fase marinho
regressivo. A sequencia N20-N50 corresponde à formação barreiras encontra
representada por dois ambientes de deposição o fluvial e os leques aluviais e na
N60 tem-se o momento histórico geológico recente correspondendo ao Pleistoceno.
O primeiro (FIGURA 2) poço estratigráfico possui 153 metros (m) de profundidade
com camadas compostas do topo para base de 12 m de areia argilosa fina com
restos de matéria orgânica; 39 m de areia grossa amarelada mal selecionada com
resto de conchas e intercalações; 15 m de calcário esbranquiçado; 23 m de
calcário cinza esverdeado; 15 m de argila cinza escura; 47 m de arenito médio
essencialmente quartzozo e 2 m de argila cinza clara. O segundo (FIGURA 2)
possui 215 metros formados por 3 m de areia argilosa cor creme; 15 m de arenito
calcífero com níveis de conchas; 3 m de argila arenosa; 9 m de argila amarelada;
33 de arenito fino; 18 m de arenito grosso cinza; 9 m de arenito calcífero
cinza; 21 m de folhelho siltoso cinza; 9 m de argila amarela; 30 m de arenito
médio; 18 m de arenito argiloso; 12 m arenito médio e 35 de arenito grosso. O
terceiro poço (FIGURA 2) possui 230 compondo de 10 m de areia fina marrom clara;
16 m de argila arenosa; 4 m de areia argilosa; 38 m de arenito fino marrom; 24 m
de arenito fino calcífero; 12 m de areia argila arenosa; 54 m de argila vermelha
e 72 m de arenito médio. Essas estratigrafias dos três poços são materiais da
bacia Paraíba, especificamente da sub-bacia Olinda compondo as formações
Beberibe, Itamaracá, Gramame, Marinha Farinha e Barreiras e pode-se afirmar o
quaternário desta morfologia é indiferenciado.
Figura 1
Localização das Bacias de Pernambuco e da Paraíba e
sua compartimentação em sub-bacias. Barbosa & Lima
Filho (2006) apud Morais (2008).
Figura 2
Os três poços estratigráficos da bacia Paraíba,
sub-bacia Olinda na unidade geomorfológica restinga
do Recife Antigo - PE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A bacia Paraíba, sub-bacia Olinda, possui um total de seis formações sendo elas
da mais antiga a mais recente: Beberibe, Itamaracá, Gramame, Marinha Farinha e
Barreiras, tendo seu registro mais antigo na formação Beberibe do Cretáceo
superior, andar Turoniano. E a evolução tectônica desta bacia sedimentar faz com
que tenha pouco espaço de acomodação motivo este vislumbrado no tamanho do pacote
sedimentar tanto na sua porção onshore e offshore, essa diferença estrutural,
porém não atrapalha que haja a existência de um espaço mesmo que pequeno para a
sedimentação das formações na sub-bacia Olinda. Portanto, a evidencia
estratigráfica das camadas dos três poços na unidade geomorfológica restinga
dentro da sub-bacia Olinda vem contribuir para o entendimento da evolução desta
bacia, visto ter representação estratigráfica de toda sequencia estratigráfica.
Destaque ao quaternário por (re)criar varias vezes a unidade geomorfológica
restinga deixando esse momento da evolução indiferenciado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
BARBOSA, J. A.; LIMA FILHO, M. F. Os Domínios da Bacia Paraíba. 3° Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e Gás. 2005.
BIZZI, Luiz Augusto; SCHOBBENHAUS, Carlos; VIDOTTI, Roberta Mary; GONÇALVES, João Henrique (editores). Geologia, tectônica e recursos minerais do Brasil: texto, mapas & SIG. Brasília: Serviço Geológico do Brasil – CPRM, 2003. 692 p.
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CÓRDOBA, Valéria Centurion; JARDIM DE SÁ, Emanuel Ferraz; SOUSA, Debora do Carmo; ANTUNES, Alex Francisco. Bacia de Pernambuco – Paraíba. Boletim de Geociências da Petrobras. 2007, V.15, p. 391-403.
FEIJÓ, F. P. Bacia Pernambuco-Paraíba. Boletim de Geociências da Petrobrás. Rio de Janeiro, Petrobrás, 1994, 8(1): 143 – 148.
LIMA FILHO, M. F.. Análise Estratigráfica e Estrutural da Bacia Pernambuco. IG-USP. Tese de Doutoramento, 1998,139 p.
LIMA FILHO, M. F., BARBOSA, J. A., SOUZA, E. M., Eventos tectônicos e sedimentares nas Bacias de Pernambuco e da Paraíba: Implicações no quebramento do Gondwana e correlação com a Bacia do Rio Muni. In: Geociências. São Paulo, UNESP, 2006, v.25, n.1, 117-126.
MORAIS, Débora Melo Ferrer. Sismoestratigrafia do cretáceo superior / neógeno nas bacias de Pernambuco e da Paraíba, NE do Brasil. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Pós-Graduação em Geociências (Dissertação). Recife: 2008.