Anais: Geomorfologia costeira
A ZONA COSTEIRA ALAGOANA SOFRE COM A INTERVENÇÃO DO HOMEM: UM ESTUDO DE CASO DO PROCESSO EROSIVO NO MUNICIPIO DA BARRA DE SANTO ANTÔNIO LITORAL NORTE DE ALAGOAS
AUTORES
Oliveira dos Santos, E. (UFAL) ; de Oliveira Souza, P.C. (UFAL) ; Ulisses dos Santos, J.R. (UFAL) ; Gomes do Nascimento, S.P. (UFAL) ; Marcelino Silva de Melo, M. (UFAL)
RESUMO
O presente trabalho traz em sua discussão a intervenção antrópica, e o processo
erosivo na zona costeira do litoral norte de Alagoas, mas precisamente no
município da Barra de Santo Antônio - AL, decorrentes das construções desordenadas
na linha de costa. Como metodologia na produção desse trabalho, fizemos um
levantamento bibliográfico, e de campo na área estudada. E por fim mostraremos os
métodos adotados como medidas de contenção que estão sendo aplicadas para
minimizar o avanço da erosão.
PALAVRAS CHAVES
Caracterização ; Ocupação; Erosão
ABSTRACT
The present work brings in his discussion of human intervention, and soil erosion
in the coastal zone north coast of Alagoas, but precisely in munipality of Barra
de Santo Antonio – AL, arising from the disordered constructions the coastline.
The methodology used in the production of this work, did a literature review, and
field in the study area. Finally we show the methods adopted as measures of
containment being applied to minimize the increase in erosion.
KEYWORDS
Characterization; Occupation; Erosion
INTRODUÇÃO
A pesquisa tem como objetivo fazer um levantamento sobre o litoral norte do
Estado de Alagoas que compreende 70 km de extensão caracterizado por uma
planície quaternária, O estudo de caso realizado esta sendo desenvolvido no
município da Barra de Santo Antônio – AL que circunda uma área cerca de 138 km²,
com um trecho de atividades turísticas bastante concentrada, devido a sua
localização, junto ao Projeto Costa Dourada e por fazerem parte da Área de
Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, sendo assim atrativos para a
exploração do turismo na área. Em um curto trecho deste litoral pode ser visto
falésias ativas como as da Praia de Carro Quebrado – Barra de Santo Antônio /
AL, tais falésias de rochas mesozoicas da Bacia Alagoas em uma região de
Tabuleiros Costeiros estão em contato direto com a praia.
Nessas regiões tende a se concentrar as comunidades das populações que ocupam
desordenadamente a desembocadura do principal rio Santo Antônio que banha o
município estudado, e a área de marinha. Uma preocupação é com a ocupação
desordenada da linha de costa, sem respeitar, por exemplo, os limites dos
terrenos acrescidos de marinha e de domínio da União, conforme Decreto-Lei nº
9.760 de 15 de Setembro de 1946, que dispõe sobre os Bens Imóveis da União
(PROJETO ORLA, 2002, p. 16).
A ação indevida das construções irregulares na Zona Costeira Alagoana em
especial no município da Barra de Santo Antônio-AL, onde o mesmo fica a 30 km
distantes da capital Maceió – AL, o avanço dessas construções atreladas a outros
fatores de ordem natural e antropológica estão aumentando o processo erosivo da
região na zona costeira do município.
Segundo GUERRA “Erosão é o trabalho de destruição e construção feito pelas vagas
forçadas ou translação ao longo dos litorais”. (GUERRA, 1978. p. 157). Na medida
em que se adensam o crescimento populacional nessas áreas aumentam também os
relatos sobre erosão marinha, acarretando os impactos antropogeomorfológicos da
região.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização do presente trabalho foi adotada como ferramenta metodológica
concernente a produção dessa pesquisa, onde dividimos em três etapas as tarefas
da seguinte forma: no primeiro momento foram feitos uns levantamentos
bibliográficos e documentais, através de leituras, onde nos referenciamos sobre
a área em estudo e o sobre o processo erosivo na zona costeira litoral norte de
Alagoas.
Em seguida foram feitas vistas de campo, onde percorremos a pé toda parte
urbanizada próxima à área de marinha no município da Barra de Santo Antônio -
AL, as falésias ativas da praia de Carro Quebrado e um trecho até a saída do rio
Santo Antônio, onde foi registrado através de fotografias, imagens do processo
erosivo no local em todo área ocupada com construções inadequada ao longo da
linha de costa, a partir desse contato direto com o ambiente de estudo podemos
perceber a erosão marinha, e os impactos causados, como a destruição nas áreas
de ocupações irregulares no terreno acrescido de marinha, e as precauções que
estão sendo tomadas para minimizar esse fenômeno, como o muro de contenção feito
com sacos de areia formando paredões.
E por fim entrevistamos pescadores local, que podemos citar como exemplo o Sr.
José Valdomiro da Silva que reside há 20 anos no município da Barra de Santo
Antônio/AL, que nos forneceu informações a cerca de como se deu o processo de
ocupação da região e dos eventos como a erosão marinha e dos impactos negativos
como a destruição das casas, ocorrida na localidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O processo erosivo na linha de costa Alagoana está relacionada ação
antropogeomorfológica que se dar a partir da ocupação da zona costeira, através
das construções desordenadas nesse ambiente. A pesquisa está sendo desenvolvida
no litoral norte, mais precisamente no município da Barra de Santo Antônio – Al.
O estudo aplicado às áreas costeiras evidencia a geomorfologia da área e como a
ocupação desordenada impacta nesse espaço. “Os constantes problemas resultantes
de interferência, direta e indireta, no balanço de sedimentos costeiros e do
avanço da urbanização sobre as áreas que deveriam ser preservadas mostram que
ainda é longo o caminho entre intenção e realização”. (GUERRA; MARÇAL.
Geomorfologia Ambiental. 2ª Ed. 2009. p. 66).
Entretanto a tendência atual do aumento das áreas de riscos de erosão traz uma
preocupação relacionada ao processo decorrente das ocupações desordenadas da
zona costeira, faz com que as comunidades tenham que se preocupar cada vez mais
com esse problema. Em um trecho do município da Barra de Santo Antônio – Al,
observamos o processo erosivo próximos as casas que foram construídas no terreno
acrescido de marinha, estão sofrendo com esse evento que é de origem natural.
Segundo um morador que entrevistamos que residem há cerca de 20 anos, vem
sofrendo com esse problema ao longo dos anos, o mesmo teve sua casa destruída em
fevereiro do decorrente ano no entanto continua no mesmo local, alegando que
não tem pra onde ir, pois o mesmo vive da pesca que é seu meio de sustento,
caracterizando os problemas sociais.
No município da Barra de Santo Antônio-AL, podemos visualizar que nessas áreas
onde foram construídas as casas, elas estão sofrendo com a erosão, devido a esse
problema foram adotadas algumas medidas de proteção e contenção de erosão
costeira, com estruturas feitas com sacos de areia formando muretas ao longo da
costa como mostram (Fig. 01 e 02). De acordo com Florenzano, (2008, p. 280)
considera que planejar a ocupação humana ao longo de áreas costeiras é
fundamental para minimizar os impactos de possíveis catástrofes, tanto para o
meio ambiente como para sociedade. Ainda referenciando com a mesma autora ela
dar exemplo relacionado às construções inadequadas próximas à costa e sugere que
essas construções deveriam ser realizadas em locais relativamente distantes da
influencia da maré alta normal.
Fig. 01
Avanço da erosão costeira sobre a cidade
Fig. 02
Medida de contenção de erosão costeira com sacos de
areia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ambiente costeiro vem sofrendo ao longo dos anos, devido à ação antrópica,
decorrentes das construções desordenadas na zona costeira, fato esse que ocorrem
em todo litoral Brasileiro. À medida que aumenta a ocupação nesse ambiente,
aumentam-se os relatos sobre o processo erosivo. O município da Barra de Santo
Antônio – AL apresenta esse tipo de problema, como as ocupações desordenadas ao
longo da linha de costa sem levar em consideração as leis que determinam as
construções nos terrenos de marinha, e o processo erosivo devido ação indevida
do homem.
Contudo todo esse processo na região estudada sofre a intervenção humana de
maneira direta e indireta. Por exemplo, protegendo a costa da erosão marinha,
conservando uma praia de forma natural, e a explora apenas do ponto de vista
cênico e recreativo sem fazer obras nessa área, os impactos praticamente não são
sentidos, a não ser de forma indireta, ou seja, tende, nesse caso, a haver maior
proteção e conservação dos recursos naturais.
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