Anais: Geomorfologia fluvial
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUARIBAS, PIAUÍ: ASPECTOS DA GEOMORFOLOGIA FLUVIAL
AUTORES
Santos, L.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Sousa, T.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Lima, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ) ; Lima, I.M.M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ)
RESUMO
O presente artigo objetiva contribuir para o conhecimento da geomorfologia fluvial
piauiense, com a caracterização de aspectos da drenagem e do relevo da bacia do
rio Guaribas. A metodologia consistiu em pesquisa bibliográfica, trabalhos de
campo e em laboratório, utilizou-se os softwares ArcGis e Global Mapper. Os
resultados demonstraram que o Riachão tem maior extensão do que o canal
considerado como o eixo principal da bacia, o rio Guaribas, localizado a montante
da confluência do Riachão.
PALAVRAS CHAVES
Bacia Hidrográfica; Rio Guaribas; Geomorfologia
ABSTRACT
This article aims to contribute to the understanding of Piauí’s fluvial
geomorphology, from the characterization of the drainage and topography of the
river basin Guaribas. The methodology consisted of literature research, field work
and laboratory, using the Global Mapper and ArcGIS. The results showed that the
tributary Riachão river has greater extent than the river channel considered,
historically, as the main axis of the river basin Guaribas, located upstream of
the confluence of Riachão.
KEYWORDS
Hydrographic Basin; Guaribas River; Geomorphology
INTRODUÇÃO
O estudo de bacias hidrográficas é de essencial importância para um melhor
entendimento da organização do modelado e das características da dinâmica
ambiental de uma determinada região. A esse respeito, Lima (1982) coloca que:
No estudo de bacias hidrográficas as características geomorfológicas devem
expressar de forma integrada a dinâmica ambiental [...], pois, essas bacias são
unidades excessivamente abrangentes, comportando normalmente mais de uma
unidade de manejo ambiental.
Considerando que a legislação ambiental brasileira (Lei 9.433/97), que institui
a Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelece a bacia hidrográfica como a
unidade geográfica de administração da água superficial, essas bacias tornam-se
unidades fundamentais para o planejamento ambiental, pois, além dos aspectos
sócio-econômicos, como destaca Descovi Filho (2007), suas delimitações são
baseadas em critérios geomorfológicos.
A bacia hidrográfica do rio Guaribas ocupa uma área de contato da estrutura
geológica dos escudos cristalinos com a bacia sedimentar do Parnaíba, nos
limites dos estados do Piauí, Pernambuco e Ceará, no limite sul da cuesta da
Ibiapaba e oeste da Chapada do Araripe.
No município de Bocaina, esse rio é barrado formando uma grande represa, onde
são desenvolvidas atividades pesqueira e agricultura de vazante, interferindo no
regime natural da drenagem que passa a ter vazão permanente em parte de seu
curso.
O presente artigo tem por objetivo contribuir para o conhecimento da
geomorfologia fluvial piauiense, a partir da caracterização de aspectos da
drenagem e do relevo da bacia do rio Guaribas, considerando sua importância
econômico-social para a região onde se encontra a bacia.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenvolveu-se este trabalho em três etapas. A primeira consistiu em pesquisa
bibliográfica, com o levantamento de trabalhos e artigos científicos publicados
sobre a área estudada. Utilizaram-se também as cartas do DSG (Departamento de
Serviço Geográfico do Exército): SB.24-Y-A-VI, SB.24-Y-C-III, SB.24-Y-A-V, SB.24-
Y-C-II e SB.24-Y-A (1973, escala 1:100.000) e imagens disponíveis online do IBGE
(2007) e da ANA (Agência Nacional de Águas, 2006). Na segunda etapa realizaram-se
trabalhos de campo (Nov./2010 e jan./2012), e em laboratório procedeu-se a
sistematização de dados utilizando-se de softwares como ArcGis, Global Mapper,
para elaboração dos mapas e gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Bacia Hidrográfica do Rio Guaribas está localizada no Estado do Piauí,
compreendida entre os paralelos 06º30’ e 07º30’S e os meridianos 41º30’ e
40º30’W. Observando as cartas do DSG (1973) identificou-se que as nascentes
principais do rio Guaribas encontram-se no prolongamento da Serra do Batista,
limite sul da cuesta da Ibiapaba (que localmente recebe o nome de Serra Grande),
com cerca de 600 metros de altitude, no município de Pio IX. Seu principal
afluente pela margem esquerda é o rio Riachão, que apresenta uma extensão maior
do que a do rio principal, e também tem suas nascentes no município de Pio IX,
em altitude semelhante, tendo sua foz no rio Guaribas, próxima a cidade de
Bocaina, na localidade Barras (CPRM, 2006).
A literatura considera o Rio Guaribas como um dos importantes afluentes da
margem direita do médio curso do rio Itaim e o rio Riachão como o maior afluente
do Guaribas que, por sua vez, é afluente do Parnaíba, o maior rio piauiense. No
entanto, observando o perfil longitudinal e os indicadores: direção geral e
extensão desses dois rios, verificou-se que o rio Riachão, em todo o seu
percurso, segue a mesma direção geral do rio Canindé (de leste para oeste), e o
seu canal tem extensão bem maior do que do rio Guaribas que tem direção geral de
nordeste para sudoeste, diferente, portanto, da direção geral do Canindé.
Desta forma, mesmo que o rio Riachão seja considerado apenas um afluente, ao
analisar os dados acima citados observa-se que o mesmo apresenta características
que poderiam defini-lo como canal principal dessa bacia hidrográfica. No
entanto, a população local e a literatura referente a essa drenagem considera o
rio Guaribas como eixo principal da bacia hidrográfica, como consequência do
processo histórico de povoamento da região e da importância socioeconômica que
esse rio assume na microrregião de Picos – PI, importante polo econômico–social
piauiense.
Observando a distribuição da drenagem dessa bacia hidrográfica verifica-se,
ainda, que a partir de onde o rio Guaribas assume o eixo principal dessa
drenagem ocorre uma forte assimetria na área da bacia, sendo apenas de cerca 25%
a área da sua margem direita do total da área da margem esquerda, onde se
localiza a sub-bacia do rio Riachão. Entretanto, ao se considerar o rio Riachão
como o rio principal dessa bacia, e o Guaribas seu afluente, observa-se que
ocorre uma simetria entre a área das margens direita e esquerda e, portanto, uma
distribuição mais uniforme dos afluentes nas duas margens por toda a área dessa
bacia hidrográfica, como pode ser constado na Fig.1.
Observando os perfis topográficos (Figura 2) verifica-se que no perfil A-A’ os
divisores topográficos do rio Riachão, em sua margem direita, apresentam-se com
elevado nível de dissecação e encontra-se bastante encaixado na área de suas
nascentes. Nesta área a amplitude da vertente é de cerca de 125 metros (topo
acima de 650 e leito do rio de cerca de 525 m de altitude). Em seu médio curso,
o vale do rio Riachão (perfil B-B’) apresenta-se bem mais alargado e os topos da
margem direita encontram-se com menor nível de dissecação em relação aos da
margem esquerda. A amplitude das encostas entre o topo e o leito nesse perfil
amplia-se para 300 m até sua confluência com o rio Guaribas (perfil C-C’) onde o
relevo apresenta-se bem mais dissecado tanto na margem direita quando na
esquerda. Até então, a direção geral do rio Riachão era de sentido Leste/Oeste
na confluência com o rio Guaribas segue a direção Oeste/Noroeste. A diferença
altimétrica no perfil D-D’ na região de sua foz no rio Itaim é de 150 metros
(topo 300 m e o leito 150 m).
Figura 1: Mapa de localização da Bacia hidrográfica do Rio Guaribas -
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos mapas da bacia hidrográfica do rio Guaribas demonstra que o seu
afluente Rio Riachão apresenta a direção geral de Leste para Oeste e possui uma
extensão de cerca de 119,30 Km até a confluência com o rio Guaribas, enquanto que
o rio Guaribas, mede apenas 65,40 Km, no trecho localizado a montante da
confluência com o Riachão, entretanto, o rio Guaribas é considerado como o eixo
principal dessa bacia hidrográfica.
Na região da bacia hidrográfica do rio Guaribas encontra-se o aquífero Serra
Grande o principal sistema de abastecimento d’água subterrânea dessa região, com
potencial para o artesianismo, variando de fraca, na região do embasamento
cristalino, a forte, nas demais regiões (PLANAP, 2006), o que se reflete, assim,
no regime temporário dos rios da bacia em estudo.
A relevância deste trabalho pode ser identificada como ampliação de estudos já
desenvolvidos para essa porção do território piauiense, subsidiando pesquisas
acadêmicas e do planejamento ambiental da região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
ANA/SEMAR. Atlas de Abastecimento de Água do Estado do Piauí. 2006. Disponível em: http://www.pi.gov.br/download/CANIN.pdf. Acesso em: 15 dez. 2011
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MIRANDA, E. E. de (Coord.). Brasil em Relevo. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2005. Disponível em: www.relevobr.cprm.embrapa.br. Acesso em: 05 maio 2010.
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