Anais: Geomorfologia fluvial
Caracterização física da Alta Bacia do Rio Araguaia, Goiás
AUTORES
Santos, N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Lima, C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Souza, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)
RESUMO
O rio Araguaia, o terceiro maior do país, drena áreas principalmente dos estados
de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do sul, contando com a importante paisagem do
bioma cerrado. Ele está dividido em três bacias: a alta, média e baixa bacia do
rio Araguaia. Sendo que, este artigo está caracterizando a Alta Bacia do rio
Araguaia, situada na porção sudoeste dos estados de Goiás e Mato Grosso. Em alguns
ponto são encontrados focos de erosões lineares.
PALAVRAS CHAVES
Rio Araguaia; Alta Bacia; Erosões Lineares
ABSTRACT
The Araguaia River, the third largest in the country, draining areas primarily in
the states of Goias, Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, with the important
landscape of the savannah biome. It is divided into three basins: the high, middle
and lower basin of the Araguaia River. Since this article is characterizing the
Upper Basin of the Araguaia River, located in the southwest portion of the states
of Goias and Mato Grosso. At some point are foci of linear erosions.
KEYWORDS
Araguaia River; Upper Basin; Linear erosions
INTRODUÇÃO
Segundo Latrubesse, M.E.; Stevaux, J.C. (2006), o rio Araguaia é componente da
bacia hidrográfica do Araguaia-Tocantins sendo, considerado um dos grandes
importantes sistema fluviais da América do sul por, drenar duas fabulosas áreas
fitogeográficas que possuem importante biodiversidade: a floresta Amazônica ao
norte e a savana brasileira ao sul. A bacia está dividida em três unidades:
alta, média e baixa Bacia. O alto Araguaia estende-se por 450 km até Registro do
Araguaia, drenando uma área de 36.400 km²; o médio curso estende-se por 1.160
km, desde Registro do Araguaia até Conceição do Araguaia, drenando aproximada de
321.000 km² e o baixo curso do rio Araguaia inicia-se depois da planície do
Bananal. Próximo a Conceição do Araguaia. O clima característico é o de savana
tropical possuindo duas estações bem definidas: a chuvosa e seca, que controlam
as variações da descarga no rio Araguaia. A chuvosa ocorre entre novembro e
abril, e a seca vai de maio até outubro. Sua vazão média anual entre a alta
(Barra do Garças) e a baixa Bacia (Araguatins) variam de 626 a 6.029 m³/s, sendo
que, o principal tributário do Araguaia, é o rio das Mortes com uma vazão média
de 900 m³/s.
Segundo Morais, R.P.; Aquino, S.; Latrubesse, E.M. (2008), este rio é tido como
uma das áreas de prioridade para conservação da biodiversidade aquática do bioma
cerrado, tendo sido alvo de debates políticos e ambientais no Centro-Oeste, por
causa, da expansão de atividades agropecuárias que tem sido responsável pela
grande degradação que vem ocorrendo no local. Na região da Alta Bacia do
Araguaia vem ocorrendo grande desmatamento e mudanças do uso da terra têm
prejudicando consideravelmente o curso fluvial atual e há presença de
arenização.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A área de estudo foi a Alta bacia do rio Araguaia, situada na porção sudoeste do
Rio Araguaia e no sudoeste dos estados de Goiás (longitude: 53°58’27” oeste e
latitude: 18°03’53” sul) e Mato Grosso (longitude: 50°01’53” oeste e latitude:
15°21’46” sul), possuindo uma área de 62.384,41 km² e abrange 49 municípios,
sendo 34 do estado de Goiás, 14 de Mato Grosso, e um de Mato Grosso do Sul
(Cristóvão, C.A.M, et.al. 2009).
Base de Dados
A coleta das informações foi realizada através de pesquisas em artigos
científicos e livros didáticos. Além, da utilização de software como o Arcmap
para a elaboração de mapas referentes a área estudada para melhor compreensão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Alta Bacia do Rio Araguaia é um dos três segmentos propostos por Faria (2006),
sendo considerado como o segmento do rio “que se estende das suas nascentes até
a cidade de Registro do Araguaia, com 450 km e um desnível de 570 m”.
Segundo Santana (2006) atribui-se à região da Alta Bacia, segundo a
classificação de Koppen, o tipo climático Aw – Tropical quente sub-úmido,
característico por possuir duas estações bem distintas, uma quente e chuvosa
(primavera-verão, ou seja, de setembro a março) e outra fria e seca (outono
inverno, correspondentes aos meses de março a setembro). Com média de
temperatura anual de 23°C, tem-se na região médias anuais de pluviosidade que
variam de 1730 a 1350 mm.
Sobre sua geomorfologia, tem-se uma unidade de relevo denominada por relevos
planos e suavemente ondulados composto pelo Planalto e Chapada da Bacia
Sedimentar do Paraná e pelo Planalto Central Goiano (Borges et.al, 2007) (Figura
1).
A alta bacia do rio Araguaia, é uma área representativa desse processo de
ocupação de áreas do Cerrado, o avanço da fronteira agrícola (Figura 2).
Nos últimos vinte anos, essa área vêm passando por um processo intenso de
conversão da cobertura vegetal nativa para cultivo de grãos, sobretudo soja,
além de gado bovino para carne, e a instalação quase que imediata (início da
década de 1980) e desenvolvimento de erosões hídricas lineares de médio e grande
porte, como ravinas e voçorocas, principalmente à sua montante (alta bacia),
relacionados espacialmente com as áreas onde dominam solos frágeis (Neossolos
Quartzarênicos) evoluídos dos arenitos eólicos finos da Formação Botucatu,
dispostos em interflúvios amplos de baixos declives, mas de rampas longos,
intensamente desmatados e submetidos à pastagem e agricultura sem práticas
conservacionistas, trazendo grandes prejuízos ambientais. Onde estão situados os
principais focos de erosões lineares, como as voçorocas e os principais avanço
de arenização.
A Alta Bacia do Rio Araguaia possui idade cenozoica, mas, sua litologia
predominante da Formação Aquidauana que representa 41,3% da região. Situa-se na
Bacia Sedimentar do Paraná, na unidade denominada como Planalto Setentrional da
bacia do Paraná.
A Maior parte da área (aproximadamente 80%) está sobre rochas da Era Mesozoica
Período Juracretáceo, na maioria pertencentes ao Grupo São Bento.
A formação Botucatu é a principal formação que constitui a região sul da bacia,
sua litologia é constituída por arenitos rosados a avermelhados, de granulação
fina a muito fina, bem selecionados, eólicos, com estratificações cruzadas de
pequeno a grande porte, comumente silicificados. A origem desses sedimentos
estão relacionados a um ambiente desértico, decorrente de um clima árido,
caracterizados por depósitos em forma de dunas de areia fina, sujeitos
periodicamente a intrusões extensas de lavas basálticas, integrantes da Formação
Serra Geral que é a segunda formação presente na área.
Figura 1
Geomorfologia da Alta Bacia do Rio Araguaia
Figura 2
Uso do Solo da Alta Bacia do Rio Araguaia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a elaboração do presente trabalho podemos aprofundar os conhecimentos sobre a
Bacia do Rio Araguaia, focando em uma de suas seis sub-bacias, a Alta Bacia do Rio
Araguaia. Quanto à bacia estudada vimos seus aspectos gerais como localização da
bacia, o clima, solos, geologia, eras geológicas, geomorfologia e uso do solo. Com
a análise desses fatores entre si compreendemos melhor a dinâmica do rio, os
processos que nele ocorrem como um dos principais atualmente que é a erosão, que
devido a composição dos solos e o avanço acelerado e sem cuidados da fronteira
agrícola que com aproximadamente 30 anos de exploração já devastou com a maior
parte da bacia. Devemos nos alertar a isso e tomar decisões para conter o avanço
das erosões, e adotar medidas para “concertar” tais estragos, como por exemplo,
respeitar os limites de mata ciliar, as APPs, tomar devidos cuidados com o solo,
pois é notável que as áreas que possuem vegetação natural apresentam maior
resistência às erosões. Devemos também
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
Borges, R. de O.; Silva, R. A. A. da; Castro, S. S. Utilização da classificação por distância euclidiana no mapeamento dos focos de arenização no setor sul da alta bacia do Rio Araguaia. SIMPOSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13. Florianópolis, 21-26 abril 2007. Anais do XIII SBSR. p. 3777-3784.
Cristóvão, C.A.M, et.al. Análise dos alertas de desmatamentos (2003-2007) na margem direita da Alta Bacia do Araguaia. Anais XIV Simpósio de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril de 2009, INPE.
Latrubesse, M.E.; STEVAUX, J.C. Características físico-bióticas e problemas ambientais
associados à planície aluvial do Rio Araguaia, Brasil Central. Revista UnG – Geociências V.5, N.1, 2006, 65-73
Morais, R.P.; Aquino, S.; Latrubesse, E.M. Controles hidrogeomorfológicos nas unidades vegetacionais da planície aluvial do rio Araguaia, Brasil. Maringá, v. 30, n. 4, p. 411-421, 2008
Santana, N.M.P. de et al. 2007, Chuvas, Erosividade, Uso do solo e suas relações com focos erosivos lineares na Alta Bacia do Rio Araguaia. Sociedade e
Natureza,Goiânia, Brasil