Anais: Geomorfologia fluvial
ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO SUBSÍDIO AO ORDENAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS EM ÁREAS METROPOLITANAS
AUTORES
Gois, D.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Cruz, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Lima, L.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Macedo, H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar morfometricamente a sub bacia do Rio
Pitanga que abrange os municípios de São Cristóvão e Aracaju e apresentar a
importância de tais estudos como subsídios ao ordenamento de bacias hidrográficas,
principalmente nas áreas urbanizadas, onde as atividades humanas são mais
intensas. Para tal, os procedimentos metodológicos foram analise e obtenção de
dados em documento cartográfico, visita in loco e revisão bibliográfica acerca da
problemática.
PALAVRAS CHAVES
Rio Pitanga; Análise Morfométrica; Planejamento
ABSTRACT
The present work aims to analyze morphometrically sub Pitanga river basin covering
the municipalities of Saint Kitts and Aracaju and present the importance of
studies such as subsidies for the domestic watershed, especially in urban areas,
where human activities are more intense. To this end, the procedures were analysis
and generation of data cartographic document, on-site visit and review the
literature regarding the problem.
KEYWORDS
River Pitanga; Morphometric Analysis; Planning
INTRODUÇÃO
O estudo das redes de drenagem fluvial sempre foi de grande importância para os
estudiosos do modelado terrestre. A partir da analise de uma rede hidrográfica é
possível compreender a evolução geomorfológica, isso porque os cursos de água
são um dos mais eficientes modeladores do relevo. Sendo o rio um fluxo
canalizado, a drenagem fluvial é composta por um conjunto deles que formam a
bacia de drenagem, área banhada por determinado rio ou por um sistema fluvial
(CHRISTOFOLETTI, 1974). As bacias hidrográficas são sistemas ambientais cuja
analise envolve não só a drenagem como também o relevo, permitindo fazer
interpretações de grande relevância no âmbito da Geomorfologia Fluvial.
A análise morfológica de sistemas ambientais, em especial a análise morfométrica
de bacias hidrográficas, é de extrema importância para o atual momento
científico da Geomorfologia [...] os estudos podem contribuir no entendimento do
modelado escultural do relevo da bacia e contribuir metodologicamente para
estudos futuros de maior escala de análise geográfica. (CHEREM, 2008 p.5)
Na oportunidade a área de estudo é a sub bacia do Rio Pitanga, afluente do Rio
Poxim. Tem sua nascente localizada na Latitude 10° 54’ 49” S e Longitude 37° 16’
12” W, no Município de São Cristóvão e desembocadura no Canal Santa Maria,
Município de Aracaju. O rio e sua respectiva bacia são de pequeno porte se
comparado as principais bacias hidrográficas que banham o estado de Sergipe e
apresenta um comprometimento de seus recursos por atividades humanas sem
planejamento desde sua nascente e em todo seu percurso principalmente nas áreas
urbanas.
MATERIAL E MÉTODOS
O uso de métodos quantitativos em Geomorfologia não é recente, vem sendo
empregado desde o final do século XIX. Técnicas estatísticas são importantes
dentro da pesquisa, pois permitem uma analise significativa dos dados e o
estabelecimento de correlações (CHRISTOFOLETTI, 1974). Os estudos quantitativos
têm mostrado que vários parâmetros significativos das bacias hidrográficas são
fornecidos pelos valores numéricos obtidos com a análise morfométrica das redes
de drenagem. Os resultados dos cálculos, entretanto, devem ser interpretados
dentro do contexto qualitativo.
O ponto de partida para a análise morfometrica da sub bacia do Rio Pitanga foi a
metodologia de Christofoletti (1974), que define quatro itens para estudo de
bacias hidrográficas (hierarquia fluvial, analise areal, analise linear e
analise hipsométrica). Cabe ressaltar que as variáveis aplicadas a essa analise
foram as seguintes: Hierarquia Fluvial, Magnitude, Freqüência ou densidade de
segmentos, Perímetro, Área da bacia, Diâmetro ou Comprimento da Bacia, Forma da
bacia ou índice de circularidade, Densidade de drenagem, Densidade Hidrográfica
ou Densidade de Rios, Coeficiente de manutenção, Extensão do percurso
superficial e Gradiente dos canais e suas respectivas fórmulas.
A delimitação da bacia se deu através dos pontos cotados utilizando a Folha
Topográfica da SUDENE SC. 24- Z- B- IV, na escala 1:100000. O calculo da área
foi feito através do método da quadrícula, o perímetro foi encontrado a partir
da medição com uma linha, o restante dos resultados foram obtidos a partir de
fórmulas proposta por estudiosos como Horton (1945), Strahler (1952), Miller
(1953) e o próprio Christofoletti (1974) e da visita a campo que nos permitiu
inferir sobre as condições atuais da bacia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As áreas ocupadas por bacias hidrográficas funcionam como receptoras da
pluviosidade, assim, todo volume de água acumulado é escoado através de uma rede
de drenagem partindo das áreas mais altas para as mais baixas e seguem uma
hierarquia fluvial que permite reconhecer o rio base, ou seja, o curso de água
principal e seus tributários. A bacia do rio Pitanga possui 89 segmentos,
distribuídos em ordens conforme mostra a tabela.
O índice de circularidade foi proposto por Miller (1953) a fim de caracterizar
de modo objetivo as formas das bacias, “é a relação existente entre a área da
bacia e área do circulo de mesmo perímetro” (CHRISTOFOLETTI, 1974). O valor
máximo que pode ser alcançado é 1,0, correspondente a bacia de forma circular.
No caso da sub bacia do Rio Pitanga, obtivemos Ic= 0,3, que mostra não se tratar
de uma bacia circular. É relevante ainda analisar a partir desse índice que na
bacia estudada os canais tributários alcançam o rio base em vários pontos,
diminuindo assim a possibilidade de cheias violentas, isso acontece justamente
por não ter uma forma de bacia circular na qual a concentração de deflúvio
ocorre em um só ponto aumentando as chances de cheias devastadoras.
A densidade de drenagem depende do ambiente climático e das características
físicas da bacia. Quanto as características físicas, a rocha e o solo tem papel
de destaque, pois determinam a maior ou menor resistência à erosão, que culmina
no grau de dissecação do relevo. Valores baixos de densidade de drenagem estão
geralmente associados a regiões de rochas permeáveis e de regime pluviométrico
caracterizado por chuvas de baixa intensidade. O seu índice tem a finalidade de
comparar o comprimento total dos canais fluviais com a área da bacia. (km² de
cursos de água / km² de área). A sub bacia do Rio Pitanga tem uma alta
densidade de drenagem, pois a litologia do local favorece o escoamento
superficial.
A densidade hidrográfica ou densidade de rios é a relação entre o numero de rios
e a área da bacia, seu uso é importante, pois permite analisar o comportamento
de uma bacia quanto a sua capacidade de gerar novos cursos. Para calcular optou-
se por usar o método de Strahler (1952). A bacia em estudo possui uma densidade
hidrográfica significativa.
O gradiente dos canais é a relação entre a diferença máxima de altitude entre o
ponto de origem e o término com o comprimento do mesmo segmento. O gradiente
pode ser feito tanto para o canal principal, como no caso estudado, como para
todos os segmentos da bacia. Esse procedimento tem como finalidade indicar a
declividade dos cursos de água. O rio Pitanga possui declividade suave.
Quanto ao escoamento global da bacia estudada, é classificada como endorreica,
pois sua drenagem não escoa diretamente para o mar, desemboca em um canal
fluvial por nome de Canal Santa Maria. Sua configuração de drenagem é
classificada como dendrítica, a mais comumente encontrada no ambiente. A área
que ocupa é de tamanho e importância significativos para a localidade em que se
encontra.
As mudanças das paisagens naturais estão cada vez mais dinâmicas devido ao
constante e mais rápido uso e ocupação humana. Se faz necessário então, estudos
que visem um planejamento na intenção de propor soluções onde as perdas sejam
mínimas ao ambiente. Os estudos de morfometria de bacias hidrográficas são
importantes para um maior acompanhamento das mesmas e possibilita um
planejamento quanto ao uso de seus recursos. Como discute Araújo, Bezerra e
Souza (2010) os estudos que tenham como finalidade oferecer subsídios ao
planejamento devem levar em consideração os estudos de bacias hidrográficas como
unidade de estudo, visto que são unidades bem caracterizada do ponto de vista da
integração como da funcionalidade.
Localização da Área de Estdo
TABELA-01
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos resultados mostra que a bacia hidrográfica em estudo se trata de
uma bacia pequena tanto em extensão quanto em área, com uma hierarquia fluvial
bem distribuída em escoamento dendrítico, perfazendo 89 segmentos. O índice de
circularidade baixo implica em uma bacia de forma retangular com pequena
possibilidade de cheias catastróficas, o que não dispensa o necessário
ordenamento quanto à sua ocupação.
Assim, pode-se salientar a importância dos estudos que tenham por base a análise
dos condicionantes geoambientais dos sistemas ambientais terrestres, onde a
análise morfométrica de bacias hidrográficas toma destaque.
Destarte, o estudo dos padrões morfométricos da sub bacia do Rio Pitanga
mostrou-se de suma importância no que diz respeito à realização prognósticos que
tenham por base o ordenamento da ocupação de bacias hidrográficas localizadas em
áreas metropolitanas, visto ser neste local onde a ação antrópica ocorre com
maior intensidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
ARAÚJO, Hélio Mário de; SOUZA, A, C; BEZERRA, G. dos S.; SANTOS, N. D. ; SANTOS, M. A. dos. Hidrografia e Hidrogeologia: qualidade e disponibilidade de água para o abastecimento humano na bacia costeira do rio Piauí. In: VI Seminário Latino Americano II Seminário Íbero Americano de Geografia Física, 2010, Coimbra. VI Seminário Latino Americano II Seminário Íbero Americano de Geografia Física, 2010.
CHEREM, L, F, S. Análise morfométrica da Bacia do Alto do Rio das Velhas – MG. 2008. 110 f. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais) – Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências, Minas Gerais.
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blucher, 1974.
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgard Blucher, 1981.
JESUS, R. S. ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA MICROBACIA DO RIO PITANGA. II Encontro de Recursos Hídricos em Sergipe, 2008, p 01.
SOUZA, Maria Hosana. Análise Morfométrica aplicada às Bacias Fluviais de Sergipe. Rio Clavo, 1982. Dissertação (mestrado em geografia). Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista.