Anais: Geomorfologia fluvial
Análise da paisagem e impactos causados pela ação antrópica da Bacia do Hidrográfica do Rio Vermelho – GO
AUTORES
Arantes, A.E. (UFG) ; Lima, C.S. (UFG) ; Souza, F.G. (UFG) ; Carrijo, W.R. (UFG) ; Bayer, M. (UFG)
RESUMO
O artigo tem como principal foco a analise da paisagem da sub-bacia do
Rio Vermelho, como consequências do uso do solo e pivôs centrais, identifica - se
vários impactos como erosões e assoreamentos. A partir da utilização dos
parâmetros morfométricos pode-se chegar a uma análise mais precisa permitindo a
compartimentação da bacia o que devera ajudar na compreensão do comportamento
doshidráulicos para a identificação de possíveis processos de assoreamento e
previsões de inundações.
PALAVRAS CHAVES
Rio Vermelho, GO; uso do solo; pivôs centrais
ABSTRACT
The article's main focus is to analyze the landscape of the sub-basin
Red River, as consequences of land use and center pivots, identifies - if multiple
impacts such as erosion and silting. From the use of morphometric parameters can
reach a more precise analysis allows the partitioning of the basin which should
help in understanding the behavior doshidráulicos to identify potential
sedimentation and flood forecasting.
KEYWORDS
Red River, GO; land use; center pivots
INTRODUÇÃO
A instabilidade da paisagem pode interferir no equilíbrio dinâmico desta levando
a degradação ambiental, o qual reduz a qualidade de vida das pessoas e a
ocorrência de desastres naturais, através do desencadeamento de processos e
fenômenos naturais e antrópicos de diversas intensidades, freqüências e
magnitudes, causando danos e prejuízos sociais, econômicos e ambientais
(MAXIMIANO, L. A. 2004). Por isso da necessidade de analisar a paisagem e o
comportamento hidrológico da bacia fazendo uma integração entre os componentes
da biosfera, atmosfera, litosfera e hidrosfera e uma análise do comportamento
destes componentes frente às intervenções antrópicas.
O desmatamento na região para implantação de pastagens cultivadas e o aumento no
número de pivôs centrais na sub-bacia do Rio Vermelho levam a erosão e ao
assoreamento dos canais fluviais aumentando a freqüência e intensidade de picos
de enchentes em toda a bacia hidrográfica , além de contribuir com a redução da
quantidade e qualidade de água (AQUINO et.al., 2008; ABDON, 2004 apud SÃO
PAULO,1990).
Com o objetivo de analisar a influência do aumento das pastagens cultivadas e
culturas anuais na expansão do número de pivôs de irrigação e os possíveis
impactos ambientais provenientes do consumo de água dos pivôs foi calculada a
área em (ha) e a porcentagem deste uso em toda a sub-bacia do Rio Vermelho, para
os anos de 1987 e 2008, os quais foram correlacionados ao número de bancos de
areia presentes em toda a bacia como indícios de um possível assoreamento do Rio
Vermelho.
MATERIAL E MÉTODOS
A área estudada foi a sub-bacia hidrográfica do Rio Vermelho que possui uma área
de 10.824,6 Km², localizada na região oeste do Estado de Goiás. O software ArcGis
10 foi utilizado para a elaboração de mapas da sub-bacia através da base de dados
retirada da página eletrônica do Sistema Estadual de Estatística e Informações
Geográficas de Goiás – SIEG (www.sieg.go.gov.br) para uma melhor análise da área
observada, além de visitas de campos realizadas na Cidade de Goiás e Aruanã,
também foi utilizado o software ENVI 4.3 na identificação de bancos de areias
através de imagens de satélite Landsat, processadas no software, disponíveis no
banco de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, INPE.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A sub-bacia hidrográfica do Rio Vermelho foi dividida em 3 compartimentos de
acordo as características morfométricas, segundo similaridades físicas; e
solos:
Compartimento 1 (zona erosiva),
compartimento 2 (zona de transporte) e
compartimento 3(zona de deposição), na qual as medidas dos parâmetros
morfométricos são médias que não representam a grande variabilidade das unidades
da paisagem e do comportamento da drenagem em cada zona.
Os parâmetros morfométricos foram analisados para toda a bacia e os parâmetros
da rede de drenagem foram analisados para cada compartimento. A análise dos
parâmetros morfométricos tem inúmeras aplicações na modelagem de fluxos
hidráulicos, como na identificação de possíveis assoreamentos e predição de
inundações (TEODORO et. al., 2007). Estes parâmetros juntamente com as
características geomorfológicas e de uso determinam o comportamento hidrológico
de uma bacia, sendo que essas mudanças no comportamento hidrológico é um fator
importante para o equilíbrio dinâmico das características bióticas e abióticas
(LIMA, 1976). Os parâmetros morfométricos são divididos em características
geométricas (área total, perímetro total, coeficiente de compacidade Kc, fator
de forma), características do relevo (altitude mínima e mínima) e
características da drenagem (comprimento do curso da água principal, comprimento
total dos cursos de água, densidade de drenagem e ordem dos cursos da água e o
padrão da rede de drenagem) (TEODORO et. al., 2007 apud TONELLO, 2005).
Com o intuito de analisar a influência do uso do solo e dos pivôs no
assoreamento dos canais fluviais foi utilizada a metodologia proposta por
BARBALHO et. al. (2006). A partir da análise das mudanças no uso e cobertura do
solo de 1987 até 2008 (Figura 1) foi possível observar um aumento na expansão de
áreas de pastagem de 606389,6 ha, o equivalente a um aumento de 6,97% em apenas
21 anos e uma redução nas áreas agrícolas 10160,36 (0,975%). Provavelmente essa
redução das áreas agrícolas é resultado da utilização destas para pastagens
cultivadas. A área que representava a massas de agua nesta sub-bacia no ano de
1987 correspondia a 13744,200 ha (1,303%) reduzindo para 8511,425 há (0,194%) no
ano de 2008 representando uma redução de 6,5 vezes em apenas 21 anos. Essa
redução nos recursos hídricos é resultado da expansão das áreas de pastagens
cultivadas, somado a outros impactos como a excessiva utilização de irrigação,
compactação do solo e a redução da infiltração nas áreas de nascente (Figura 2).
A redução na quantidade de água disponível e o aumento no número de bancos de
areia estão provavelmente associados aos processos de assoreamento que está
ocorrendo no Rio Vermelho com o aumento da erosão laminar e a concentração de
sedimentos arenosos na planície de inundação. O aumento na quantidade de
sedimentos carregados pelo rio e com o aumento no consumo de água através de
pivôs centrais tem levado a redução na quantidade de água, essa situação
possivelmente esteja associado ao aumento da frequência e volumes das enchentes
em determinados pontos da bacia, como foi observado na Cidade de Goiás no ano de
2002.
O número de pivôs na sub-bacia hidrográfica do Rio Vermelho tem aumentado muito
da década de oitenta, de 8 pivôs no ano de 1987 até 74 pivôs no ano de 2008,
principalmente para a sua utilização na irrigação de pastagens cultivadas. A
área irrigada por pivôs centrais em toda a bacia do Rio Vermelho é de 984,76 ha
no ano de 1987 a 8015,78 ha em 2008. A área irrigada por pivôs no município de
Jussara foi de 740,48793 ha em 1987 para 3897,50 ha em 2008, correspondendo há
48,62% da área total bacia. Assim, no ano de 1987 haviam 4 pivôs ligados a
canais de 1ª ordem e 4 ligados a canais de 2ª ordem, já em 2008 havia 25 pivôs
ligados a canais de 1ª ordem e 20 ligados a canais de 2ª ordem, sendo o restante
ligados a canais de 3ª, 4ª, 5ª e 6ª ordem, isso significa uma aumento de 9,25
vezes (1081,08%).
Compartimentação e Uso do Solo da Bacia Hidrográfica do Rio Vermelho -
O uso do solo, na zona de deposição é
predominantemente 68,84% para pastagem e 2,50%
agricultura. Elaboração Luiz C. Machado.
Comparação dos bancos de areia nos anos de 1987 e 2008
O aumento no número dos bancos de areia,
provavelmente são resultados do aumento das áreas
de pastagens cultivadas em toda a bacia do Rio
Vermelho
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no estudo realizado pode se observar que a bacia devido as suas
características físicas, não é sujeita a grandes enchentes, porem isso não implica
que não possa haver algum tipo de inundação, dependo da área da zona analisada,
como no compartimento 1 ( de erosão) onde a densidade de drenagem propicia a
formação de enchentes, assim como ocorre na cidade de Goiás. Outro fator observado
é que na zona de deposição onde o relevo relativamente plano permite maquinário,
há uma crescente utilização de pivôs, tanto para uso em agricultura quanto para
uso em pastagem tendo implicância quanto na redução da quantidade e qualidade dos
cursos da água. O uso inadequado do solo a montante da bacia tem provocado a
aceleração de processos erosivos, assim esse fenômeno tem gerado danos à jusante,
problemas como assoreamento do canal principal e inundações causadas pelo aumento
na frequência e intensidade das vazões.
AGRADECIMENTOS
Apresento agora de forma muito carinhosa nossa dedicatória e agradecimentos aos
que de alguma forma contribuíram para a execução deste resumo “Análise da paisagem
e impactos causados pela ação antrópica da Bacia do Hidrográfica do Rio Vermelho –
GO” e ao professor Maximiliano pela colaboração, e orientação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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