Anais: Geomorfologia fluvial
GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DO POVOADO PONTA DO MANGUE / BARRERINHAS - MA
AUTORES
Soares, J.C.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Farias Filho, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Conceição, M.V.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Franco, C.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Gomes, A.F.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)
RESUMO
O trabalho analisa os aspectos socioeconômicos e físicos do Povoado Ponta do
Mangue, localizado no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, estado do Maranhão,
a qual sucede transformações ambientais, resultantes também da ação humana. Neste
sentido, a pesquisa ocorreu a partir de revisão bibliográfica e trabalhos de
campo, pautados em entrevistas e registro fotográfico. No local há atrativos
turísticos relacionados à potencialidade ambiental, alterada em função da
socioeconomia local.
PALAVRAS CHAVES
Povoado Ponta do Mangue; aspectos socioeconômicos; atrativos turísticos.
ABSTRACT
The paper analyzes the socioeconomic and physical Povoado Ponta do Mangue, located
in Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Maranhão state, which case
environmental changes resulting from human action as well. In this sense, the
research was based on a review and field work, guided by interviews and
photographic. On site there are tourist attractions related to the potential
environmental, socio-economy changed with the site.
KEYWORDS
Povoado Ponta do Mangue; socioeconomic aspects; tourist attractions.
INTRODUÇÃO
O Estado do Maranhão apresenta uma faixa litorânea, com largura variável e com
extensão de aproximadamente 640 km, distribuídos entre a foz do rio Gurupi e do
Parnaíba. O referido litoral apresenta três segmentos com características
geoambientais da Zona Costeira e Estuarina do Maranhão (ZCEM) diversificadas,
denominados de Litoral Ocidental (reentrâncias maranhenses), Litoral Oriental
(dunas e restingas) e Golfão Maranhense (baías).
O povoado Ponta do Mangue - cuja origem do nome, segundo os moradores da
localidade recebeu esta denominação, em função da presença de manguezais que ao
passar do tempo acabaram desaparecendo - está assentado no interior das feições
geomorfológicas típicas do litoral ocidental maranhense, que abriga o Parque
Nacional dos Lençóis Maranhenses.
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, segundo o Decreto 8.606 de 02 de junho
de 1981, insere-se no Litoral Oriental do Estado do Maranhão, e compreende toda
a extensão entre o Golfão Maranhense e a foz do rio Parnaíba. Este Parque abriga
um conjunto de dunas fixas e móveis, formadas durante o quaternário, lagoas
interdunares, manguezais, reprodução de várias espécies como gaivotas e tem como
o principal destaque o Rio Preguiças. Possui cerca de 155.000 ha de área
dividida entre os municípios de Barreirinhas, Santo Amaro do Maranhão e Primeira
Cruz.
O Parque abrange 53 localidades, dentre elas encontra-se o povoado de Ponta do
Mangue, com dinâmica ambiental típica dos lençóis, que vem sofrendo ações
humanas, através do turismo aplicado neste ambiente, assim como as
transformações ambientais características da área (praia, dunas e lagoas), de
onde a população retira diretamente os recursos naturais deste ambiente como
fonte de sobrevivência, através da pesca e uso de algumas espécies.
Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo identificar os aspectos
socioeconômicos do povoado supracitado, verificando os sinais de degradação
ambiental que vem mantendo relação com a socioeconomia local e turismo.
MATERIAL E MÉTODOS
O povoado Ponta do Mangue situa-se na porção oriental do litoral maranhense mais
precisamente no sistema ambiental formado por dunas móveis dos Lençóis. A área
estudada e localiza-se entre as coordenadas de 2o50’30” e 2o58’25” de latitude
sul e entre 42o50’33” e 42o50’41” de longitude oeste. Está situado ao nordeste
do Estado do Maranhão, tendo como limites ao norte, o oceano atlântico; a leste,
o povoado de Santo Inácio; ao sul e oeste, área de cobertura vegetal de dunas e
restingas. Para realização dessa pesquisa, foram feitos levantamentos
bibliográficos associados a artigos, monografias e livros, disponibilizados em
sites na internet; e na biblioteca central, LABOHIDRO - Laboratório
Hidrobiologia e Núcleo de Pesquisa Documentação e Extensão Geográfica (NDPG)
situados na Universidade Federal do Maranhão; Biblioteca Central da Universidade
Estadual do Maranhão (UEMA). Além disso, o trabalho de campo teve a utilização
de GPS para marcação das coordenadas geográficas do aludido povoado no período
de dezembro de 2011 a maio de 2012 no referido povoado, em que se destacaram o
reconhecimento ambiental da área, com ênfase na geologia e geomorfologia local e
instrumentos de pesquisa como entrevistas informais com os moradores e registro
fotográfico. É importante ressaltar que os trabalhos de campo foram suficientes
para ter uma visão sistêmica da área de estudo, visando alcançar os objetivos
propostos com a elaboração de resultados e discussões.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Geologicamente, o povoado de Ponta do Mangue ocupa parte da superfície
sedimentar da Bacia Cretácea de Barreirinhas que se limita ao sul com a bacia
sedimentar do Parnaíba, separado pelo Arco Férrer-Urbano Santos; ao norte avança
em direção ao Oceano Atlântico; a oeste com a bacia de São Luís delimitada pelo
Alto das Canárias e a leste com a Fossa do Piauí-Camocim (Souza, 2008). Neste
contexto, a geologia do referido povoado é constituída de formações sedimentares
inconsolidadas datadas do quaternário, constituinda de areias quartzosas com
granulometria fina a muito-fina, responsáveis pela retenção da umidade durante o
período chuvoso, e manutenção do estado de equilíbrio dos lagos interdunares nos
períodos de estiagem, que ao longo do litoral sofrem com o transporte de agentes
oceanográficos e principalmente climáticos.
Geomorfologicamente, a área do povoado de Ponta do Mangue encontra-se na
Planície Costeira Maranhense com modelação, principalmente do agente eólico
configurado por um extenso campo de dunas móveis, com amplitude topográfica em
torno de 30 metros, intercalada por baixas depressões normalmente preenchidas de
águas pluviais, que formam belíssimas e transparentes lagoas. Neste sentido,
Ponta do Mangue apresenta uma diversidade de dunas, abarca os depósitos eólicos
ativos, que são denominados de dunas móveis e fixas (Santos, 2008), que
representam a dinamicidade dos ambientes costeiros, e apresentam áreas propensas
à exploração turística que desencadeam impactos ambientais tanto negativos
quanto positivos que podem degradar irreversivelmente o espaço geográfico.
A cobertura vegetal da área estudada é composta de pequenos aglomerados de
vegetação residual de padrão arbustivo, a exemplo das restingas, tendo ainda
pequenas manchas de mangues que fogem a esse padrão, que encontram-se em uma
área de transição de influência marinha e cerrado. No entanto, essa vegetação
vem sendo suprimida pelas diversas atividades desenvolvidas pela comunidade
local, fato que promove problemas ambientais diversos, como a desestabilização
dos ecossistemas existente no povoado Ponta do Mangue, especialmente as dunas.
Em relação aos serviços públicos, a associação de moradores do povoado Ponta do
Mangue, conseguiu a construção de uma única escola, a Unidade Escolar
Maximiliano Diniz de Aguiar, sendo o único local da comunidade que possui
energia elétrica adquirida através de painel solar.
Percebe-se que no entorno do Parque é realizada a pesca, em caráter sazonal,
tendo em vista as limitações financeiras que condicionam o emprego de técnicas
artesanais, além disso, é possível notar que as casas desses pescadores são
construídas na região de adobe (feito tijolo de ladrilho comum), condicionadas
pela essa habilidade artesanal.
Os moradores do referido povoado promovem passeios turísticos que demonstram as
potencialidades de praias, dunas, rios temporários, lagoas interdunares, dentre
outros. No entanto, não há investimentos público e privado, no que diz respeito
à infraestrutura, tais como bares, restaurantes e hotéis, assim como, serviços
públicos já que a comunidade não tem sequer via de acesso, energia elétrica e
água encanada. O deslocamento de pessoas e veículos sobre as dunas, porém,
fragmentam ambientes e possuem impactos significativos sobre os corpos hídricos,
representados pelo cruzamento de rios e lagos por veículos traçados e a
contaminação das águas por resíduos de combustíveis e de lubrificantes.
Apesar dos benefícios trazidos pelo turismo ao povoado, se não houver
planejamento adequado e consequente gestão dessa atividade econômica,
modificações e transformações serão desencadeadas nas áreas naturais causando
degradação e pressão urbana, pois o turismo apesar de promover o crescimento de
uma localidade, eleva também o custo de vida, podendo acarretar no processo de
exclusão social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As características atuais da dinâmica na paisagem do povoado Ponta do Mangue,
dominada pela ocorrência de processos naturais, tendem a se intensificar em
consequência da implantação e do desenvolvimento da atividade turística. A
presença dos moradores nesta área quase não traz interferência, usufruindo de
relação relativamente harmoniosa com a natureza, até mesmo porque, o contingente
populacional é pouco, mas à medida que se insere e desenvolve-se a atividade
turística na área sem o planejamento adequado, este trará modificações
irreversíveis neste ambiente que ainda encontra-se quase que intocável. Em razão
das suas condições físicas a área percebida, dificulta a fixação humana, o que de
certo modo é bom pra a área.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
RODRIGUES, Fernando dos Santos. Potencial turístico da área de ponta do mangue, Barreirinhas – Maranhão. São Luís, 2007. Monografia (Bacharelado em Geografia).
SANTOS, Jorge Hamilton Souza dos. Lençóis Maranhenses Atuais e Pretéritos: Um Tratamento Espacial. Rio de Janeiro, 2008.
SOUZA, Ulisses Denache Vieira. Dinâmica da paisagem da área do povoado de Ponta do Mangue, Município de Barreirinhas – Maranhão. São Luís, 2007.