Anais: Geomorfologia fluvial
FATOR EROSIVIDADE NA PRODUÇÃO DE SEDIMENTO NA ZONA DE CONFLUÊNCIA DO ALTO CURSO DO RIO PITANGUI COM A REPRESA DO ALAGADOS – PR.
AUTORES
Oliveira, K. (UEPG) ; Santos, E.F. (UEPG) ; Cassol Pinto, M.L. (UEPG)
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi calcular a erosividade na área do alto curso do rio
Pitangui, bacia de contribuição da Represa do Alagados - PR. Trabalhou-se com os
dados de precipitação e erosividade mensal e anual durante os períodos de 2000 a
2009 e em 2010, utilizando o método do polígono de Thiessen, e o Coeficiente de
Chuva de Fournier, com dados de precipitação diária de sete postos.
PALAVRAS CHAVES
Erosividade; erosão hídrica; precipitação
ABSTRACT
The objective of this study was to calculate the erosivity area of the upper
course of the river Pitangui, basin the contribution of Alagados dam - PR. The
work was done with the data of precipitation and erosivity annual and monthly
during the periods of 2000 to 2009 and also 2010, using the Thiessen polygon
method and the Forunier coefficient of Rain, with daily precipitation data from
seven stations.
KEYWORDS
erosivity, ; rainfall; hydric erosion.
INTRODUÇÃO
A intensa utilização dos solos por diferentes atividades econômicas tem chamado
a atenção pela sua crescente relação com os processos erosivos e o assoreamento
de corpos de água. Sabe-se que a produção, transporte e deposição de sedimentos
dependem da natureza do material de origem, das condições climáticas, da
cobertura e proteção dos solos e dos seus usos em geral. A distribuição da
precipitação numa bacia hidrográfica durante o ano é um dos fatores
determinantes para quantificar a necessidade de água para os usos prioritários e
para realização de estudos para controle de inundações e erosão do solo.
A capacidade de erosão hídrica, causada pelas chuvas, pode ser estabelecida
usando-se índices baseados nas características físicas das precipitações
pluviométricas de cada região o índice de erosividade. A erosividade é um dos
mais importantes fatores responsável por elevada redução da capacidade produtiva
dos solos e do comprometimento da qualidade dos recursos hídricos (MELLO et al,
2007).
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi calcular a precipitação média e o
índice de erosividade mensal e anual na Bacia Hidrográfica do Alto Curso do Rio
Pitangui, principal contribuinte da Represa de Alagados, para a década 2000 a
2009 e, em particular, para o ano de 2010. O referido corpo hídrico é formado
pelo represamento das águas dos rios Pitangui e Jotuba para garantir a
capacidade de abastecimento de cerca de 30% de água da cidade de Ponta Grossa,
bem como a geração de energia elétrica, na Usina São Jorge, à jusante da
represa.
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo compreende a montante de represa de Alagados, sendo está uma
área de captação de água para abastecimento e produção de energia para a cidade
de Ponta Grossa. A bacia hidrográfica compreendida na área de estudo é o Alto
Curso do Rio Pitangui (BHAP) que está localizada no quadrante sudoeste (SE) do
Estado do Paraná abrangendo as cidades de Carambeí, Castro e Ponta Grossa, sendo
limitada pelas coordenadas geográficas 24º46’ a 25º05’ de latitude Sul (S) e
49°46’ a 50°06’ de longitude Oeste (W) de Greenwich (FIGURA 01).
Os dados pluviométricos utilizados são oriundos dos sete (7) Postos
Pluviométricos situados na região dos Campos Gerais, fornecidos pela SUDERHSA –
Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental,
pertencente ao Governo do Estado do Paraná. Foram analisadas series históricas
anuais e mensais de um período de 10 anos (2000-2009) e o ano de 2010.
Para o cálculo da precipitação média mensal da bacia foi utilizado o método de
Thiessen, no qual se consideram as áreas de “domínio” de um posto pluviométrico,
sendo que no interior dessas áreas a altura pluviométrica é a mesma do
respectivo posto. Segundo Holtz (1995) cálculo foi realizado pela média
ponderada entre a precipitação de cada estação e o peso a ela atribuído, que é a
área de influência da precipitação em cada estação.
O índice de erosividade foi calculado a partir da fórmula do índice de Fournier
(1960) que, segundo Moreira e Neto (1998), pode ser representado por: Rc = p²/P,
na qual Rc é o coeficiente de chuva (mm); p é a precipitação média mensal e P é
a precipitação média anual.
E, no ajuste da relação EI e Rc, foi utilizada a equação de BERTONI &
MOLDENHAUER (1980), sendo o método mais viável e pratico para avaliar a
erosividade da chuva, segundo CARVALHO (1994), calculado pela seguinte fórmula:
E = 6,886 (p²/P)0,85 onde: E é a média mensal do índice de erosão (t/ha.mm/h),
p é a precipitação média mensal (mm) e P é a precipitação média anual (mm).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Bacia Hidrográfica do Alto Curso do Rio Pitangui apresenta uma área de
drenagem de 166,39km² se considerando sua foz na Ponta Preta, e uma amplitude
altimétrica de 252 m, variando entre 918 a 1170 m.
Para o período de 2000 a 2009 com uma precipitação média anual de 1271,74mm,
apresentou um índice de erovisidade de 105,14, enquanto para o ano de 2010,
foram de 137,18 mm e de 25,82, respectivamente.
Observou-se, como mostra a Figura 02, que entre 2000 e 2009, tanto a
precipitação média quanto a erosividade foram maiores nas estações da primavera
e verão, sendo as médias de janeiro e fevereiro, relativamente maiores que a
média entre setembro e dezembro.
Figura 02 – Relação entre a Precipitação média mensal e a Erosividade na Bacia
Hidrográfica do Alto Rio Pitangui - PR. Fonte; SUDERSHA, organizado por
OLIVEIRA, 2011.
Para o período de 2010 a precipitação média da bacia apresentou algumas
diferenças na distribuição mensal e, os maiores índices de erosividade ocorreram
com intervalos mensais. Exemplo do período de verão, quando fevereiro apresentou
índices bem inferiores a janeiro e março, e novembro menor que outubro e
dezembro. O inverno manteve a normal da região com média pluviométrica
inferiores ao verão.
Para o índice de erosividade média mensal ainda pode ser observada na tabela 01
os ajustes feitos pela relação EI e Rc. Segundo Leprun (apud Carvalho 1994) o
índice de erosividade pode ser classificado partindo da erosividade fraca a
muito forte, sendo que a erosividade considerada fraca é menor que 250
t/ha.mm.h, moderada varia entorno de 250 a 500 t/ha.mm.h, moderada a forte é de
500 a 750 t/ha.mm.h, enquanto a erosividade forte varia ente 750 a 1.000
t/ha.mm.h, e a muito forte é maior que 1.000 t/ha.mm.h.
Então, a erosividade em t/ha.mm.h para a bacia foi classificada entre as classes
de erosividade fraca a moderada forte para o período de 2000 a 2009, uma vez que
os meses abril, maio, junho e agosto apresentaram erosividade fraca sendo no mês
de agosto a taxa mais baixa no valor igual a 128,82 t/ha.mm.h e abril a taxa
mais alta no valor de 144,64 t/ha.mm.h; os meses de março, julho, setembro,
novembro e dezembro, apresentaram erosividade moderada - tendo como taxa
respectivamente os valores de, 332,58 t/ha.mm.h, 245,94 t/ha.mm.h, 408,89
t/ha.mm.h, 396,56 t/ha.mm.h, 407,13 t/ha.mm.h - e, finalmente, os meses de
janeiro, fevereiro e outubro alcançaram índices de erosividade moderada forte
com valores iguais a 734,65 t/ha.mm.h, 541,83 t/ha.mm.h e 519,15 t/ha.mm.h.
Em relação ao índice de Fournier, a bacia foi classifica como tendo erosividade
fraca a moderada, pois somente o mês de janeiro foi classificado como
erosividade moderada com uma taxa de 264,74 t/ha.mm.h.
E para o ano de 2010, a erosividade em t/ha.mm.h, assim como o Índice de
Fournier foi classificada como erosividade fraca, exceto o mês de dezembro em
t/ha.mm.h que foi classificada como moderada, pois o fator erosividade passou de
250 t/ha.mm.h.
Localização da área de estudo
Figura 01 – Localização da área de estudo,
organizado por SANTOS, E.F. 2011.
Relação entre a Precipitação média mensal e a Erosividade na Bacia Hid
Figura 02 – Relação entre a Precipitação média
mensal e a Erosividade na Bacia Hidrográfica do
Alto Rio Pitangui - PR. Fonte; SUDERSHA,
organizado por OLIVEIRA, 2011.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados indicam que precipitação e erosividade média entre 2000 a 2009 foram
ligeiramente maiores que a do ano de 2010. A erosividade mostrou-se bem menor no
inverno de 2010 que a média da década, sendo existente uma relação de
independência entre a distribuição da erosividade e das chuvas, embora o método
de Thiessen desconsidere a altitude da bacia, o comportamento orográfico interfira
diretamente no potencial erosivo.
A distribuição das precipitações médias reflete o que ocorre na região em termos
gerais, 1.500 mm/a, com maior concentração pluviométrica nos meses de verão, tal
período é considerado como ativo, pois corresponde ao pico das atividades
agrícolas com a produção de soja e milho. Fato que, em parte, parece favorecer a
produção & transporte de sedimento das áreas fonte aos canais fluviais (rede) e à
Represa do Alagado, aumentando o assoreamento dos mesmos.
AGRADECIMENTOS
A Fundação Araucária p/ Bolsa de IC.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
HOLTZ, A. C. Precipitação. In: PINTO, N. L. S.; HOLTZ, A. C. T.; MARTINS, J. A.; GOMIDE, F. L. Hidrologia Básica. São Paulo, Edgard Blücher, cap.2, p.7-35, 1995.
MELLO, C. R.; SÁ, M. A. C.; CURI, N.; MELLO J. M.; VIOLA M. R.; SILVA, A. M. Erosividade mensal da chuva no Estado de Minas Gerais. Pesq. agropec. bras. Brasília, v.42, p.537-545, 2007.
MOREIRA, C. V. R.; NETO, A. G. P. Clima e Relevo. In: OLIVEIRA, A. M. S.; BRITO, S. N. A. Geologia de Engenharia. São Paulo, ABGE, cap. 5, p.69-85, 1998.