Anais: Geomorfologia fluvial
ÍNDICES MORFOMÉTRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO CADENA/SANTA MARIA-RS
AUTORES
Facco, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA) ; Kumpfer Werlang, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA) ; Brasil do Nascimento, V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA)
RESUMO
Os elementos físicos que relacionam as configurações da bacia hidrográfica com o
seu comportamento hidrológico fornecem informações para o planejamento e para o
manejo integrado das bacias hidrográficas. São, portanto, os parâmetros físicos
que proporcionam detalhes que permitem explicar fenômenos da paisagem. Nesse
sentido o trabalho estabelece a definição de alguns índices morfométricos da bacia
hidrográfica do arroio Cadena/Santa Maria-RS.
PALAVRAS CHAVES
Índices morfométricos; Paisagem; Bacia hidrográfica
ABSTRACT
The physical elements that connect the hydrological basin configurations with his
hydrological behaviour supply informations for the projection and for the
integrated handling of the hydrological basins. It is, so, the physical parameters
that provide details which allow to explain phenomena of the scenery. In this
sense, the work establishes the definition of some morphometric rates of the
stream Cadena hydrological basin, located in Santa Maria – Rio Grande do Sul.
KEYWORDS
morphometric rates; Landscpa; hydrological basin
INTRODUÇÃO
Os estudos vinculados com a drenagem fluvial possuem relevante função na
geomorfologia uma vez que a configuração da rede hidrográfica leva ao
entendimento de numerosas questões relativas à geomorfologia, pois os cursos
d’água constituem importante função no processo de esculturação da paisagem
terrestre. Nesse sentido, a concepção teórica do trabalho considera a abordagem
de que a relação entre a configuração da drenagem e as formas do relevo permite
estabelecer uma relação de causa e efeito refletida nessas formas ou os
conjuntos de formas. Assim, a configuração dos padrões, redes ou sistemas de
drenagem expressa, em grande parcela, a história evolutiva do relevo.
A análise de bacias hidrográficas passou a apresentar caráter mais objetivo a
partir de 1945 com o trabalho publicado por Robert E.Horton, que procurou
estabelecer as leis do desenvolvimento dos rios e de suas bacias. Também cabe a
Horton (1945) a primazia de efetuar a abordagem quantitativa das bacias de
drenagem. Entretanto, devem-se destacar a influência exercida por Arthur N.
Strahler e seus seguidores conforme destaca Christofoletti (1980).
O trabalho destaca, para um estudo analítico, alguns dos parâmetros Arroio
Cadena como a hierarquia fluvial, a análise areal, a análise linear e a análise
hipsométrica. Portanto o presente trabalho tem como objetivo geral a
caracterização da bacia hidrográfica do Arroio Cadena numa escala de 1:25.000, a
partir dos objetivos específicos que foram: 1- determinação dos parâmetros
relativos aos cursos d’água como:, relação entre o comprimento do rio principal
e a área da bacia, comprimento do rio principal, extensão do percurso
superficial, densidade da drenagem. 2- determinação dos parâmetros relativos à
bacia como: área, comprimento, relação a forma da bacia e a área do círculo,
quadrado, retângulo e triângulo, densidade de rios, coeficiente de manutenção,
declividade média, coeficiente de rugosidade, amplitude altimétrica máxima,
relação de relevo e densidade de segmentos.
MATERIAL E MÉTODOS
Entende-se por metodologia, conforme observa Pádua (2004), o conjunto de
técnicas e processos empregados pela ciência para formular e resolver problemas
de aquisição objetiva do conhecimento de maneira sistemática. No presente
trabalho se utilizou a concepção da abordagem sistêmica, pois esta contribuiu
para uma melhor compreensão organizacional do objeto de estudo, a bacia
hidrográfica. Os primeiros estudos sob essa concepção metodológica ocorreram em
1940 com estudos desenvolvidos por Robert E. Horton. Esses trabalhos foram
seguidos por publicações de autores como Freitas (1952), Strahler (1952 e 1957),
Schumm (1956), Tolentino et al. (1968) e trabalhos de Christofoletti (1969,
1970, 1977, 1978 e 1980), que propuseram parâmetros para análise introduzindo a
abordagem sistêmica no estudo das bacias hidrográficas (TONELLO et al., 2006). A
utilização da quantificação contribui para ordenar informações e torná-las
manipuláveis e compreensíveis. Nentwing Silva (1978) destaca a utilização de
métodos quantitativos na linguagem científica, interdisciplinar e universal
quanto à precisão de um dado. Observa também que a quantificação oferece
eficientes modelos analíticos, preditivos e de planejamento.
Para a realização de um estudo, dentro da concepção sistêmica, é necessário
analisar e explicar o objeto em estudo através de sua dinâmica de evolução no
tempo e das relações que mantém com outros sistemas em seus diferentes estágios
de evolução. Nesse sentido, a análise integrada da paisagem permite interpretar
a influência das características hidrográficas na evolução dessa paisagem. Assim
a determinação dos parâmetros propostos no presente trabalho, relativos a
análise areal, linear e hipsométrica, forneçam informações acerca da evolução do
relevo, limite-se a determinação quantitativa destes. O procedimento adotado
para a obtenção de cada parâmetro está descrito junto ao resultado obtido, no
respectivo item.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A área abrangida pela bacia hidrográfica do Arroio Cadena está localizada no
município de Santa Maria-RS, na região central do Rio Grande do Sul junto a
Depressão Periférica Sulriograndense (Ross,1996) nas proximidades do Rebordo
Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná. Abrange parte da área do Município e
grande parte da área urbana de Santa Maria. Está assentada sobre litologias
Paleozóicas da Bacia do Paraná relativas a Formação Santa Maria (Membro Passo
das Tropas e Membro Alemoa), Formação Caturrita, Formação Botucatu, Formação
Serra Geral, Formação Sanga do Cabral e Cenozóicas constituídas pelos Terraços
Fluviais e Sedimentos Atuais do Quaternário.
Quanto a geomorfologia, está situada na Depressão Periférica Sulriograndense
(Ross,1996) e no Rebordo do Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná. O relevo
caracteriza-se por apresentar uma topografia suave, com baixas cotas
altimétricas, onde se destacam as planícies aluviais os terraços fluviais e as
colinas. A área relativa à planície aluvial está constituída por sedimentos
recentes (Quaternário) que foram removidos de superfícies topograficamente mais
elevadas e depositadas nas áreas mais planas das margens dos rios e arroios,
onde atuam processos de agradação e predomina modelado de relevo de acumulação.
As colinas aparecem em porções isoladas e constituem as áreas topograficamente
mais elevadas do setor sul e oeste da bacia. Nelas atuam processos de degradação
constituindo modelados de relevos de aplanamento e dissecação.
No setor do Rebordo, ocorrem depósitos de tálus e colúvios. Também há presença
de patamares formados a partir de níveis de pedimentação. Nessa área, ainda
ocorre a presença de vales ocasionados pela erosão fluvial regressiva. Esse
recuo proporciona, em alguns pontos, a presença de relevos residuais.
Nos setores onde os processos erosivos esculpiram colinas alongadas sobre
litologias paleozóicas da Bacia do Paraná, aparecem solos medianamente profundos
como os Argissolos Amarelos. Nas áreas da planície e terraços fluviais, onde a
flutuação do lençol freático associado a conformação da topografia, imprime
maior influência sobre os processos pedogenéticos, ocorrem Plintossolos,
Gleissolos e Planossolos. Nas áreas com forte dissecação do relevo,
desenvolvidos a partir de rochas efusivas básicas e ácidas da Formação Serra
Geral, aparecem Argissolos Vermelhos, Nitossolos e Neossolos Litólicos. Também
em alguns pontos, caracterizados pela irregularidade topográfica, ocorrem alguns
Cambissolos. Entretanto, nesses setores, com forte energia do relevo, predominam
as associações de solos.
Nesse contexto da bacia, o resultado obtido para o comprimento do rio principal
para o Arroio Cadena foi 21.229,78m de comprimento. Para a densidade da drenagem
foi obtido o valor de 18,13 m/ha. A extensão do percurso superficial foi de
0,027 m/ha. O valor obtido para a área da bacia foi de 20.768,02 ha, tomando-se
como base cartográfica a carta topográfica em escala de 1:50.000. Para o
comprimento da bacia o valor encontrado foi 21.150 m. Na relação entre o
comprimento do rio principal e a área da bacia, o resultado obtido foi 9.258 m.
Em relação a forma da bacia e a área do círculo obteve-se o valor de 0,49. Para
o índice de forma, em relação ao quadrado, retângulo, triângulo e círculo
obtiveram-se respectivamente 0,75, 0,69, 0,63 e 0,27. O resultado obtido em
relação a densidade de rios foi 1,26 rios/km2. O coeficiente de manutenção
obtido foi 55,16 m2 /m. A declividade média obtida para a bacia foi 8,67%. O
coeficiente de rugosidade obtido foi 157,18. Para a amplitude altimétrica máxima
da bacia foi obtido o valor de 385 m. A relação de relevo foi 2,67m/ha. Para a
densidade de segmentos o valor obtido foi: 1ª ordem 9,7, 2ª ordem 2,0, 3ª ordem
0,67, 4ª ordem 0,18 e 5ª ordem 0,048.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos mostram que os principais índices morfométricos obtidos para
a bacia do Arroio Cadena, servem para uma primeira análise da caracterização
física dessa bacia. Deve-se observar que os dados foram obtidos a partir de uma
base cartográfica em escala 1:25.000, apresentando generalizações. Mesmo assim,
esses dados podem ser comparados com outras bacias hidrográficas, cujos parâmetros
físicos ofereçam condições de crítica e análise em face de a escala de trabalho
utilizada. Permitem, portanto, uma boa análise integrada e revelam importantes
indicadores e quanto a caracterização da bacia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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HORTON, R. E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology, Geol.Soc. América Bulletin ;1945, 56 (3), 275-370.
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ROSS, J.L. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.546p.
STRAHLER, A.N. Quantitative Analysis of Watershed Geomorphology. Trans. Amer. Geophys. Union, 1952, 38: 913-920.
TONELLO, K.C.; DIAS,H.C.T.;SOUZA, A.L.de; RIBEIRO, C.A.A.S.; LEITE,F.P. Morfometria da Bacia Hidrográfica da Cachoeira das Pombas, Guanhães-MG. Sociedade de Investigações Florestais-SIF. Viçosa,MG, V.30.nº 5.p.849-857, 2006.