Anais: Outros
Caracterização geoambiental das atividades minerárias na planície aluvial do Rio Paraíba do Sul em São José dos Campos (SP)
AUTORES
Santos Corrêa, C.V. (UNESP) ; Tavares de Mattos, J. (UNESP)
RESUMO
O rio Paraíba do Sul, localizado na Bacia Sedimentar de Taubaté, é alvo de
intensas atividades minerárias, devido às litologias originadas pela sucessiva
hidrodinâmica do referido canal. O objetivo deste trabalho é o de caracterizar
tais atividades e discutir quais são os parâmetros ambientais que direcionam a
mineração. Assim, observou-se que são encontrados por toda sua planície aluvial
sedimentos quaternários e argilas e folhelhos da Formação Pindamonhangaba, além de
depósitos de turfa.
PALAVRAS CHAVES
Rio Paraíba do Sul; mineração; planície aluvial
ABSTRACT
The Paraíba do Sul river in Sedimentar Basin of Taubaté, is target of intense
mining activities, due to lithologies originated by successive hydrodynamics of
that channel. The objective of this study is to characterize these activities and
discuss what are the environmental parameters that drive mining. Thus, it was
observed that are found throughout its alluvial plain Quaternary sediments and
clays and shales of Formation Pindamonhangaba, and peat deposits.
KEYWORDS
Paraíba do Sul river; mining; floodplain
INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul distribui-se nos estados de Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. No estado de São Paulo ela situa-se na Bacia
Sedimentar de Taubaté, cujas morfologias são alvo de atividades de extrativismo,
principalmente a retirada de areia para construção civil, correspondendo cerca
de 10% da produção nacional (VALVERDE, 2001).
Estudos apontados por Reis et. al. (2006) destacam o impacto desta atividade
numa escala temporal de 10 anos, evidenciando que houve incremento expressivo da
distribuição de cavas na planície do rio Paraíba do Sul, ocorrendo inclusive nas
áreas de restrição do Zoneamento Ambiental Minerário, zonas de Preservação,
Recuperação e Conservação de Várzea.
Os sedimentos quaternários podem originar morfologias diferenciadas. Na Bacia
Sedimentar de Taubaté, destacam-se as grandes planícies aluvionares do rio
Paraíba do Sul, que contêm grande quantidade de cascalhos e seixos intercalados
em leitos de argilas e areias em disposição entrecruzada (SÃO PAULO, 1999). Essa
composição e estrutura dos sedimentos funcionam como uma bacia de retenção e
liberação de água de infiltração, capaz de manter o rio perene durante todo o
ano. Assim, o balanço hídrico do canal é diretamente relacionado a sua carga
sedimentar, e consequentemente determinadas morfologias serão assentadas sob a
planície aluvionar, tais como diques marginais, terraços fluviais e barras de
meandro.
O objetivo do referente trabalho é o de caracterizar geoambientalmente as
atividades minerárias ocorrentes no rio Paraíba do Sul, no município de São José
dos Campos (SP).
A Bacia Sedimentar de Taubaté é parte de um conjunto de bacias
tafrogênicas,denominado por Riccomini (1989) de Rift Continental do Sudeste do
Brasil. Estas depressões encontram-se preenchidas por sedimentos continentais de
idade terciária, sob diferentes tipos de sucessão estratigráfica, caracterizadas
por seixos, areias e em alguns casos frações argilosas.
MATERIAL E MÉTODOS
A base cartográfica foi subsidiada através do uso da folha topográfica SF-23-Y-
D-II-1, em escala de 1:50000, fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Em sequência, imagens orbitais do satélite Landsat 5 e Quick
Bird foram utilizadas, de modo a complementarem-se na visualização das feições
estruturais e morfológicas da região. As imagens Landsat 5 foram processadas
digitalmente no software SPRING 5.1.8, sendo aplicados contrastes lineares nas
bandas 3, 4 e 5 e porteriormente transformadas para o sistema IHS – RGB e RGB –
IHS, de modo que as cavas minerárias fossem melhor visualizadas, delimitadas e
individualizadas.
Para os processos minerários, dados fornecidos pelo SIGMINE () foram
obtidos em formato vetorial, para que fossem trabalhadas em ambiente digital no
SIG ArcGis 10. Assim, foram adicionadas as imagens orbitais do sistema Landsat 5
e Quick Bird, registradas geograficamente pela folha topográfica supracitada.
Desta maneira, foram criados layers individualizados para cada categoria de
dados, de modo que posteriormente os dados fossem interpolados e analisados sob
a ótica dos dados geológicos e geomorfológicos. Para as feições geomorfológicas,
utilizou-se como base o mapa geomorfológico do estado de São Paulo realizado
pelo IPT (1981), e os dados geológicos foram subsidiados pelas orientações de
IPT (1978).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as principais atividades extrativistas na planície aluvionar do rio
Paraíba do Sul, destaca-se a retirada de areia para a construção civil e fins
industriais. Estas se localizam sob grande parte dos sedimentos quaternários
originados pelo constante sistema de deposição e erosão fluvial, que
correspondem a expressivos pacotes de sedimentos psamíticos,
Sob estes materiais formam-se importante feições geomorfológicas, tais
como diques marginais, barras de meandro, terraços fluviais e lagos de meandro,
que participam do funcionamento do sistema fluvial, como armazenamento de
excesso de carga sedimentar. Grande parte dos processos minerários encontram-se
em intensa atividade, localizados sob áreas que deveriam ser de preservação
permanente (APP), cujas restrições estão alocadas na legislação vigente.
A retirada de turfa e argila também representa uma parcela significativa
da atividade extrativista. Estas se distribuem desde o contato das vertentes com
a planície até a margem do rio, alocadas sob sedimentos quaternários e Formação
Pindamonhangaba, que corresponde a um sistema fluvial meandrante desenvolvido
nas porções central e sudoeste da Bacia de Taubaté, recobrindo discordantemente
os depósitos da Formação Tremembé, Resende e São Paulo (CARVALHO et. al.,2011) .
A argila trata-se na verdade de rochas sedimentares, tais como siltitos,
folhelhos e argilitos, usualmente denominados de “taguá” no jargão ceramista
(JÚNIOR et. al., 2001). A turfa corresponde ao estágio inicial de carbonificação
da matéria orgânica vegetal, sendo composta por uma mistura de restos vegetais
em diversos graus de decomposição (húmus), que contém desde remanescentes
orgânicos totalmente identificáveis até uma massa gelatinosa amorfa.
A extração de caulim, cujo destino refere-se à indústria cerâmica, é
pouco expressiva na área de estudo e corresponde às reservas de caulinitas na
Bacia Sedimentar de Taubaté. Desta maneira, observou-se que esta se aloca na
planície aluvial do rio Paraíba do Sul, associada principalmente às suas
margens. Assim, a unidade geológica correspondente a sua distribuição é a de
sedimentos quaternários, que segundo Júnior et. al. (2001), “são de natureza
residual e em geral estão associadas à alteração de rochas pegmatíticas e
graníticas do embasamento Pré-Cambriano.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades extrativistas na planície aluvionar do rio Paraíba do Sul
desenvolvem-se em relevos de fundo de vale, cujos tipos litológicos mais
frequentes associam-se aos sedimentos quaternários do Rift Continental do Sudeste
do Brasil, alocados na Bacia Sedimentar de Taubaté. Assim, sob este tipo de
intervenção, o sistema fluvial pode sofrer perdas e danos irreparáveis com o
excesso de inputs, haja visto que um sistema é composto por suas partes
individuais, e que o mesmo funciona efetivamente através de suas trocas e perdas
naturais. A planície aluvial do Rio Paraíba do Sul encontra-se hoje ocupada pelo
uso urbano, mineral e agrícola, porém legalmente é denominada como área de
Conservação de Várzea e Área de Preservação Permanente. As discussões a respeito
deste tipo de impacto frequentemente vem à tona, e devido ao estágio avançado das
atividades minerárias e à crescente expansão expansão urbana, numerosas propostas
de zoneamento são sugeridas para remediar essa situação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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Monografias 2)
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