Anais: Outros
CARACTERÍSTICAS GEOMORFOLÓGICAS, BIOGEOGRÁFICAS E EFEITOS DAS ATIVIDADES ATRÓPICAS NO MUNICÍPIO DE ICATU-MA
AUTORES
Ribeiro Santos, B.J. (UFMA) ; Rabelo Gomes, R. (UFMA) ; Avelar Lopes, M. (UFMA) ; Silva Farias Filhos, M. (UFMA)
RESUMO
O presente trabalho analisa os aspectos geomorfológicos e biogeográficos de Icatu,
apontando os principais problemas ambientais decorrentes da interferência
antrópica no relevo, na vegetação e na rede hidrográfica. O relevo local é suave e
há uma grande diversidade de fauna e de flora decorrente do caráter transicional
do município entre a Amazônia e o Cerrado. Porém, as interferências humanas têm
ocasionado muitos prejuízos aos ecossistemas locais, prejudicando solos, vegetação
e rios.
PALAVRAS CHAVES
Aspectos Geomorfológicos; Problemas ambientais; Icatu
ABSTRACT
This work analyzes biogeographic and geomorphological aspects of Icatu, pointing
the main environmental problems arising from human interference in relief,
vegetation and hydrographic network. Local relief is smooth and there is a great
diversity of flora and fauna under the transitional character of the town between
the Amazon and the Cerrado. However, human interference has caused many damages to
local ecosystems, harming soil, vegetation and rivers.
KEYWORDS
Geomorphological Aspects; Environmental problems; Icatu
INTRODUÇÃO
O Maranhão, sendo o segundo estado maior do Nordeste em extensão territorial, é
detentor de grande biodiversidade, a qual pode ser observada de forma
diversificada em virtude dos fatores morfoclimáticos de cada uma de suas regiões
resultando em paisagens de cerrado, floresta amazônica entre outros. Dentre os
seus 217 municípios, o de Icatu se mostra como sendo importante no referido
contexto, uma vez que este está numa zona de transição entre o litoral,
caracterizada pelo domínio de dunas, e o interior do Estado, caracterizado pelo
domínio do cerrado.
O município de Icatu faz parte da Microrregião de Rosário e é biogeograficamente
caracterizado por uma vegetação de transição entre dois biomas distintos
(Cerrado e Floresta Amazônica), apresentando inúmeros representantes da fauna e
da flora destes.
De acordo com Cordeiro & Trovão (2006), a microrregião de Rosário encontra-se
situada ao leste da Ilha do Maranhão, sendo composta por sedimentos da formação
Itapecuru e Barreiras e sendo marcada geomorfologicamente pelas superfícies
maranhenses com testemunhos e pelo Golfão Maranhense.
Os ecossistemas presente em Icatu tem passado por constantes adaptações às
impostas pelas atividades antrópicas que se desenvolvem no local, uma vez que os
solos locais (Neossolos quartzarênicos, predominantemente) e vegetação são
utilizados para a agricultura no sistema de corte e queima e a sua
reestruturação são complexas devida à baixa fertilidade da cobertura pedológica
local. Em virtude a grande quantidade de nascentes abastecedoras de diversos
rios como o Itatuabinha, e o Una, vem sendo assoreadas, já que a agricultura se
desenvolve próximo às matas ciliares. Os rios também são agredidos pela
deposição de resíduos sólidos e líquidos nas áreas de influência direta da sede
municipal.
Este trabalho aborda as características biogeográficas e geomorfológicas do
município de Icatu, bem como os problemas ambientais causados pelas atividades
antrópicas desenvolvidas no Município de Icatu.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a elaboração do presente trabalho foi realizada um minucioso levantamento
bibliográfico em materiais como teses, monografias e livros com o propósito de
buscar entender as principais implicações decorrentes da ação antrópica no
município de Icatu. Para a realização deste estudo usou-se o método indutivo. A
segunda constou de investigação in loco com explicações e análise a partir da
percepção do ambiente natural, com ênfase à geomorfologia e biogeografia locais.
O andamento das atividades se deu através de atividades técnicas em pontos
estratégicos de cada município, representando assim as principais mudanças
decorrentes da dinâmica natural dos seus agentes e modificações provenientes da
ação antrópica. Convém destacar ainda, que o trabalho de campo de registro de
imagens, realização de entrevistas informais, marcação de coordenadas com o uso
de receptor de GPS (utilizado na identificação da localização do rio
itatuabinha).
O município de Icatu está dentro da Mesorregião Norte Maranhense mais
precisamente na Microrregião de Rosário, em uma área de transição de dois
grandes biomas a Floresta Amazônico e Cerrado. O município possui uma área
territorial de 1.449 km² e a sua sede está localizada a uma distância de
aproximadamente de 101km² da Capital do Estado do Maranhão (São Luís), entre as
coordenadas 02º46’3’’S a 47º03’57’’O. Icatu tem como limites: leste, o município
de Humberto de Campos; sul, Morros; oeste Axixá e; norte, nordeste e noroeste a
baia de São José.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O município de Icatu encontra-se nas proximidades do Golfão Maranhense, que é
caracterizado por um complexo sistema estuarino, de formação pleistocênica que
encerra baias, estuários, estreitos, igarapés, enseadas, inúmeras ilhas, uma
vasta área de manguezal, falésias, pontais rochosos, praias de areia quartzosas,
dunas e paleodunas, planícies de marés, dentre outras (El-Robrine et al 2006).
Este se comunica com Oceano Atlântico através da abertura compreendida entre a
baía de Cumã e a baía dos Tubarões E se continentalizar por meio da baía de São
Marcos e São José.
A geologia da região é influenciada pela Formação Itapeucuru e é composta por
arenitos, Argilitos e Calcário margoso, que se concentram- se em todo o litoral
maranhense (MARANHÃO, 2006). A Formação Itapecuru é constituída de arenitos
finos argilosos ou muito argilosos, ricos em argilas do grupo das caulinitas
(Moura, 2004). Esta formação é responsável por boa parte da microrregião de
rosário, onde se encontra o município em estudo. Tal influência permite que a
geomorfologia da área seja marcada pela presença da superfície maranhense com
testemunho e pelo Golfão Maranhense, de acordo com Cordeiro e Trovão (2006).
O clima da microrregião de Rosário onde se localizam o município caracteriza-se
de acordo com Cordeiro e Trovão (2006) como de clima tropical úmido e subúmido.
Este clima caracteriza-se por apresentar altas temperaturas médias, baixa
amplitude térmica, com moderada deficiência hídrica entre os meses de junho a
setembro e uma média pluviométrica entre os 1500 a 2000 mm anuais.
Com relação aos solos da microrregião, predominam as areias quartzosas marinhas
(atuais Neossolos quartzarênicos) e dunas seguidas dos Podzólicos vermelho
amarelo concrecionários (Plintossolos) e sedimentos de mangues, este são solos
poucos desenvolvidos e com pouca fertilidade natural (MARANHÃO, 2002).
Dentro do município de Icatu foram dois os locais visitados e estudados, o Rio
Itatuabinha e a Praia de Santa Maria de Guaxenduba; O rio Itatuabinha localizado
no povoado de Itatuaba com coordenadas 2 40’ 50” S Latitude, 43 56’ 55” W
Longitude e com altitude de 64 metros possui uma vegetação ripária típica de
cerrado com árvores de pequeno porte e atrofiadas servindo como proteção de
nascentes, possui um solo arenoso desenvolvidos sobre paleodunas, sua fauna tem
o predomínio de pequenos animais, os quais se alimentam de frutas e sementes
encontradas na região, sendo um ambiente propício à reprodução de aves
migratórias e típicas da região, além das espécies predominantes. O rio
itatuabinha possui concentração de matéria orgânica e sedimentos, ocorre também
à atuação de processos erosivos em suas margens ocasionando assoreamento. O
município também possui praias.
É importante ressaltar que em todos os ambientes aqui descritos, a influência
antrópica é notória, especialmente porque os ambientes são ecologicamente
frágeis e suas fragilidades são determinadas principalmente pela cobertura
pedológica marcada por sedimentos arenosos, sem agregação alguma e altamente
susceptíveis à erosão diante do seu uso por meio do desmatamento.
O ambiente como um todo possui um perfil propicio para a realização de trilhas e
um parque botânico natural e em seus rios podem ser efetivadas atividades de
lazer para turistas e para a comunidade local, no entanto se deve observar e
planejar medidas de contenção para os processos erosivos e de deposição de lixo
nas margens do rio, bem como a conservação da flora e da fauna. Outro fato
importante a ser mencionado neste trabalho é a falta de políticas publicas por
parte dos governantes em geral, de criar medidas para combater uso excessivo e
desordenado do solo na região. Como foi observado em muitos povoado do
município, onde a queima da vegetação originaria para a utilização do terreno na
agricultura familiar, o que podemos perceber a ausência de investimento do
governo na diversificação da renda local o população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A área do município de Icatu apresenta um grande dinamismo paisagístico,
evidenciado principalmente pela interferência humana nos diversos ecossistemas
observados na pesquisa.
Para além da observação da grande diversidade florística e faunística, foi
possível concluir que os ecossistemas são frágeis e necessitam de uma atenção
especial no tocante à sua conservação. Isto porque, os solos são arenosos e
altamente erodíveis e quando perdem a sua cobertura vegetal perdem sedimentos por
erosão e estes sedimentos são depositados rapidamente no leito dos pequenos cursos
hídricos locais, ocasionando intensos processos de assoreamento.
Na realidade local, o desenvolvimento de atividades como o turismo, quando bem
planejado, poderá auxiliar na manutenção do equilíbrio ambiental local já que a
referida atividade demandaria pela qualidade ambiental e envolveria diversos
habitantes com ela, evitando ou diminuindo o uso dos solos por meio da agricultura
ou de outra prática predatória.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
EL-ROBRINI, M.; MARQUES, J. V.; SILVA, M. A. M. A.; EL-ROBRINI, M. H.; FEITOSA, A. C; TAROUCO, J, E. F.; SANTOS, J. H. S dos. e VIANA, J. R. 2006. Maranhão in: MUEHE, D. (org.). Erosão e propagação do litoral brasileiro. 1° Ed Brasília: Ministério do Meio Ambiente
FEITOSA, A. C. e TROVÃO, J. R. Atlas Escolar do Maranhão: Espaço Geo-Histórico e Cultural. João Pessoa-PB. Editora Grafset, 2006.
MARANHÃO, Gerência de Desenvolvimento e Planejamento Econômico - GEPLAN. Atlas do Maranhão. São Luís: UEMA – Laboratório de Geoprocessamento, 2002.
MOURA, E. G de. (org.). Agroambientes de transição: entre o trópico úmido e o semi-árido. São Luis, UEMA 2006.