Anais: Outros
Roteiro geológico-geomorfológico da Serra do Espinhaço Meridional (SdEM) aos Planaltos do São Francisco
AUTORES
Baggio, H. (UFVJM) ; Freitas, M. (UFVJM) ; Meneses, T. (UFVJM) ; Costa, T. (UFVJM)
RESUMO
O trabalho é resultado de uma campanha de campo realizada entre Diamantina e
Pirapora e teve como objetivo analisar os aspectos físicos e socioambientais
dessas regiões. Os pontos de observação determinaram os dados a serem examinados,
buscando o conhecimento das formas de relevo e de suas particularidades. A
metodologia foi realizada em gabinete por meio de análises bibliográfica,
cartográfica e de imagens. Os dados obtidos e as anotações foram compilados para a
confecção do Relatório de campo.
PALAVRAS CHAVES
GRUPO BAMBUÍ; SUPERGRUPO ESPINHAÇO; ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
ABSTRACT
The work is resulted of a field campaign accomplished between Diamantina and
Pirapora and had as objective analyzes the physical aspects and environmental
partner. The observation points determined the data they be examined her, looking
for the knowledge in the relief ways and of your particularities. The methodology
was accomplished in cabinet through analyses bibliographical, cartographic and of
images. The obtained data and the annotations were compiled for the making of the
Report.
KEYWORDS
GRUPO BAMBUÍ; SUPERGRUPO ESPINHAÇO; ASPECTS PHYSIOGRAPHIC
INTRODUÇÃO
Este trabalho, realizado pelos alunos do 3◦ período de Geografia da UFVJM nos
dias 28 e 29 de outubro de 2011, apresenta uma caracterização generalizada dos
aspectos geomorfológicos, geológicos, climatológicos, hidrológicos,
biogeográficos e do uso e ocupação do solo, entre a SdEM e a Depressão do São
Francisco. A Serra do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege (1822),
representa a faixa orogênica pré-cambriana mais extensa e contínua do território
brasileiro. Alonga-se por cerca de 1200 km na direção N-S desde a região de Belo
Horizonte até os limites norte da Bahia com os Estados de Pernambuco e Piauí.
Saadi (1995) subdividiu a Serra em dois compartimentos de planaltos, a Serra do
Espinhaço Meridional e a Serra do Espinhaço Setentrional, separados por uma
depressão situada a norte de Diamantina. O Espinhaço constitui uma grande
cordilheira, cuja pronunciada morfologia é resultado de espessas camadas de
quartzito que recobrem o embasamento altamente metamorfizado em função de
processos tectônicos (Pflug et al., 1980). Segundo Abreu, (2005), o Super Grupo
Espinhaço é composto por cinco Grupos, cada Grupo contendo três ou mais
Formações ocupando diferentes compartimentos da Serra do Espinhaço Meridional. O
Grupo Bambuí engloba uma espessa seqüência de rochas sedimentares e
metassedimentares de baixo grau metamórfico que cobre uma grande área nos
estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia, ocorrendo como cobertura do Cratón São
Francisco. Em Minas Gerais suas características estruturais e tectônicas estão
ligadas ao desenvolvimento e estruturação das faixas Araçuaí, a leste e
Brasília, a oeste. Em função dos diferentes acervos tectônicos, Costa et al.
(1970) dividiram o Grupo Bambuí em 3 tecnogrupos: Sete Lagoas, João Pinheiro e
Formosa. Em 1978, Dardene propôs uma divisão em cinco zonas, portanto mais
detalhado, utilizando para isso, além da complexidade tectônica, o grau de
metamorfismo.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização deste trabalho tomou-se primeiramente como base o método da
observação local, fazendo-se necessárias então, a campanha de campo entre os
municípios de Diamantina e Pirapora. Para análise e interpretações mais precisas
das paisagens e biomas utilizou-se como auxilio as documentações fotográficas
realizada em campo, assim como as pesquisas bibliográficas em gabinete. Os
textos base tomados como referência para a confecção deste roteiro, foram
selecionados a partir de autores que melhor levantaram estudos de forma coerente
à cerca da área em questão. A escolha dos pontos de parada para as observações
teve como critério as características do meio físico e os processos de uso e
ocupação do solo que são de suma importância para a dinâmica das principais
características das áreas estudadas.No decorrer deste trabalho, outros
instrumentos e softwares, como o Sistema Global de Posicionamento (GPS), e o
Google Earth (versão 6.1) foram incorporados visando aperfeiçoar as análises dos
dados, garantindo assim maior exatidão e visibilidade dos mesmos. O perfil
topográfico foi elaborado manualmente em uma folha A4 milimetrada, com base nos
dados obtidos via GPS em campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trajeto percorrido buscou fazer a correlação e análise dos principais aspectos
do meio físico assim como dos socioambientais das regiões da SdEM e dos
Planaltos do São Francisco. Foram realizadas 14 paradas entre as cidades de
Diamantina e Pirapora, sendo a primeira iniciada pela manhã na região do Guinda,
no município de Diamantina.A SdEM possui uma altitude média de 1250m o que
constitui uma paisagem de planaltos, na qual as superfícies são irregulares, com
muitos afloramentos e escarpas íngremes. O Pico do Itambé, localizado na parte
oriental da Serra é considerado o ponto culminante com 2014m.Nesta região é
possível observar um relevo rugoso, composto por rochas nuas expostas, de
natureza quartzítica, influenciando assim na formação dos solos e na cobertura
vegetal. Exceto no município de Gouveia, nas áreas do Espinhaço a geomorfologia
estrutural é mais abrangente na paisagem, pois, os processos erosivos não
exercem de forma significativa no relevo, ou seja, a estrutura geomorfológica
vistas atualmente, como os planaltos, escarpas, e monadnocks, estão
condicionadas ao soerguimento do Orógeno Espinhaço.Na SdEM, segundo a
classificação de Köppen (1948), o tipo climático é o Cwb(Tropical de Altitude).
Na estação seca, as temperaturas vão até 30°C, e na chuvosa ficam em torno dos
18°C. A amplitude térmica anual não é elevada, e o índice pluviométrico anual
médio é 1.304 mm. Na região do Alto/médio São Francisco o tipo climático é o
tropical úmido/subúmido, com inverno seco e verão chuvoso. Ao longo do percurso,
no decorrer da descida da SdEM, nota-se que há um aumento da temperatura, isso
porque a altitude esta relacionada com a temperatura - 0,6º C por 100
metros.Biogeograficamente, a área encontra-se inserida dentro de dois Biomas:
Mata Atlântica e Cerrado. Ao longo do transecto são encontradas diferentes
fitofisionomias. A SdEM representa um corredor formado por um mosaico de
vegetações e constitui o centro da diversidade de gêneros e famílias. A flora é
muito rica, especialmente a campestre com elevado grau de endemismo e abriga um
percentual de espécies de plantas ameaçadas de extinção.Próximo ao contato da
SdEM com o Cráton São Francisco, próximo à Vila Alexandre Mascarenhas, nota-se
uma mudança das características vegetacionais, uma transição entre os campos
rupestres da SdEM e o cerrado latu sensu.Hidrograficamente a SdEM funciona como
divisor de água entre as bacias: São Francisco, Jequitinhonha, Doce e Araçuaí. O
rio Jequitinhonha nasce no município do Serro. Sua nascente está a uma altitude
de 1200m e sua extensão é de 920Km. A bacia possui uma área de 70.315Km². Já o
rio São Francisco nasce na serra da Canastra-MG. Possui uma drenagem superior a
630.000km2 e uma extensão de 3.160km. De importância política, econômica e
social, é navegável por cerca de 1.800km, desde Pirapora, até a cachoeira de
Paulo Afonso, em função da construção de hidrelétricas com grandes lagos e
eclusas, como a de Sobradinho e Itaparica. Atualmente, tanto a agricultura
comercial quanto à pecuária extensiva ocupam mais espaço na paisagem rural da
Bacia do São Francisco. Nos anos 80, foi criado o pólo siderúrgico do norte de
Minas, abrangendo os municípios Pirapora e Várzea da Palma, voltado para a
produção de Si e ligas de Si-Fe. No município de Várzea da Palma encontram-se
instaladas duas siderúrgicas para a comercialização e produção de ligas a base
de silício, desenvolvendo no município produtos como silício metálico e ferro-
silício.Na SdEM, percebe-se que as áreas formadas sobre o quartzito foram
durante muito tempo regiões de mineração de diamante, o que gerou danos
ambientais aos rios, uma vez que a produção garimpeira era feita sobre aluviões
e conglomerados brandos. Hoje é possível encontrar garimpos nas proximidades de
Diamantina, porém há muito tempo os diamantes se tornaram escassos.A economia
tem se desenvolvido a partir do setor terciário, pelo turismo patrimonial e
ecológico.
Tabela com os pontos coletados em camp
Tabela com os pontos coletados em campo com suas
respectivas observações
Tabela com os pontos coletados em campo
Tabela com os pontos coletados em campo com suas
respectivas observações
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho foi de suma importância para a compreensão das áreas que se percorreu,
no que se diz respeito aos aspectos fisiográficos. A elaboração deste permitiu uma
melhor assimilação de todas as características peculiares tanto do Grupo Bambuí
quanto do Supergrupo Espinhaço, assim como a avaliação das áreas com maiores
impactos, como por exemplo, do uso e ocupação do solo. O clima e a vegetação
também oferecem suas peculiaridades onde a altitude influencia diretamente nestes.
Isso se tornou uma das maiores percepções que se obteve da relação clima
vegetação/altitude.Já a paisagem foi explicitamente se modificando à medida que se
seguia em direção ao Grupo Bambuí, já que este se diferencia
fisicamente(litologia,geologia,geomorfologia,entre outros.)do Espinhaço.
Portanto, é preciso realizar sempre este tipo de trabalho para avaliar de forma
mais holística o espaço e assim fazer possíveis diagnósticos ambientais para
propor meios sustentáveis na utilização do espaço natural pelo homem.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à UFVJM pelo apoio recebido e ao Prof◦ Dr. Hernando Baggio Filho pelos
ensinamentos e esclarecimentos, assim como todos aqueles que contribuíram de uma
certa maneira para e execução deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
ALMEIDA-ABREU, P.A., RENGER, F. E., Serra do Espinhaço Meridional: um Orógeno de colisão do mesoproterozóico. Revista Brasileira de Geociências, 2002.
COSTA, L. A. M. da; ANGEIRAS, A. G.; VALENÇA, J. G.; STEVENAZZI, V. (1970)
Novos conceitos sobre o Grupo Bambuí e sua divisão em tectonogrupos. Boletim de
Geologia do Instituto de Geociências, n. 5, p. 3-34.
KÖPPEN, W. 1948. Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra. Fondo de Cultura Econômica. México. 479p.
NEVES, S. de C.; ALMEIDA-ABREU, P. A. ; FRAGA, Lúcio Mauro Soares; Clima. In: SILVA A.C. et al (ed.). Serra do Espinhaço Meridional: Paisagens e Ambientes. Belo Horizonte: O Lutador, 2005.
PFLUG, R.; HOPPE, A. & BRICHTA, A. - 1980 – Paleogeografia do Pré-Cambriano na Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. In: ZEIL, W. (ed.). Nuevos Resultados Geocientíficos Alemanhia em Latinoamerica, 33-43, Boppard.
SAADI, A. A geomorfologia da Serra do Espinhaço em Minas Gerais e de suas margens, Geonomos, 3 (1): 41-63, 1995.