Anais: Outros
Potencial de Produção de Sedimentos e de Inundação da Sub-Bacia do Ribeirão Caveirinha – Goiânia – GO
AUTORES
Sousa, J. (UFG) ; Borges, M. (UFG) ; Faria, K. (UFG)
RESUMO
A Sub-bacia do Ribeirão Caveirinha, localizada no nordeste de Goiânia, apresenta
alta urbanização e impermeabilização das cabeceiras de drenagem. O objetivo foi
avaliar o potencial de produção sedimentos e inundação da sub-bacia, com análise
multicriterial das suscetibilidades ambientais. Os resultados indicam situação
alarmante de produção de sedimentos e inundações, e a necessidade de ampliação das
áreas verdes e mecanismos de retenção da água pluvial para minimizar e evitar
inundações.
PALAVRAS CHAVES
Impermeabilização do solo; Produção de Sedimentos; Inundação
ABSTRACT
The Sub-basin of the Ribeirão Caveirinha, located in the northeast of Goiânia, has
high urbanization and sealing the headwater drainage. The objective was to
evaluate the production potential and flood sediments in the sub-basin, with
multicriteria analysis of environmental sensitivities. The results indicate
alarming situation of floods and sediment yield, and the need for expansion of
green areas and retention mechanisms to minimize rainwater and prevent flooding.
KEYWORDS
Soil sealing; Sediment Production; Flood
INTRODUÇÃO
O município de Goiânia capital do Estado de Goiás possui uma área de 733 km², e
uma população estimada em 1.302.001 habitantes, (IBGE, 2010). Já é considerada
como uma metrópole regional destacando-se também por apresentar declividade
suave, que favorece a atual expansão urbana, inclusive em áreas de cabeceiras de
drenagem, e ainda a rápida incorporação de áreas centrais aos aspectos urbanos
através da construção de edifícios residenciais e comerciais. Ao longo dos anos
vários impactos ambientais e sociais se desenvolveram na malha urbana. Tais
impactos correlacionam-se especialmente aos efeitos decorrentes da
impermeabilização dos solos e instalação inadequada de sistemas de macro e
micro-drenagem. Faria (2009), por exemplo, destacou que os 63 focos de erosões
lineares identificadas na malha urbana de Goiânia originaram-se em função de
deficiências nas redes de macro e micro drenagem. Soma-se a esse cenário o
carreamento de sedimentos, lixo e esgotos para os cursos de água, assim,
inevitavelmente inundações e alagamentos nos arruamentos, passam a caracterizar
problemas causados pela urbanização e foco de discussões por todos os setores da
sociedade, lembrados apenas durante os períodos chuvosos. O rápido processo de
ocupação do município, especialmente da região nordeste, onde se localiza a sub-
bacia do córrego Caveirinha (área de drenagem de 48,74 km2), instiga a avaliação
do potencial de produção de sedimentos e inundação, uma vez que a área já
apresentou registros pela Defesa Civil de risco a inundação da população local.
Naturalmente a sub-bacia não apresenta condicionantes a alta produção de
sedimentos ou ainda inundações, entretanto o processo de rápida urbanização vem
alterando esse aspecto.
MATERIAL E MÉTODOS
A remoção da vegetação e da impermeabilização afeta diretamente as
precipitações, que passam a ser mais intensas, de curta duração, de origem
conectiva, motivadas principalmente pelas ilhas de calor (GONDIM FILHO, 2004). A
pluviosidade média anual registrada para o município é de 1.487,2 mm, mas em
função de tais anomalias climáticas, estão ocorrendo precipitações excessivas na
sub-bacia do córrego Caveirinha, resultando em alagamentos e rápidas inundações.
Para a elaboração deste trabalho obteve-se informações de meio físico da Sub-
bacia no Diagnóstico Hidrogeológico da região Metropolitana de Goiânia (2000);
em imagens do Google Earth, e do SRTM. No software ArcGis foi realizada análise,
da área de contribuição, considerando os aspectos do meio físico e de uso e
ocupação do solo para produção de mapas de Potencialidade à Produção de
Sedimentos e de Inundação. O mapa de uso do solo foi confeccionado a partir de
imagem retirada do Google Earth de 2009; o mapa de potencialidade à produção de
sedimentos e de inundação foi determinado por meio da integração das classes
(ambiente SIG) de suscetibilidade à erosão e o uso e ocupação do solo, para o
primeiro mapa e para o segundo uso e ocupação do solo, declividade e
hipsometria. Para ambos os mapas, adotou-se categorias de alta, média e baixa,
para avaliação da área e os mesmos foram elaborados com base em escala de 1:
40.000. Trata-se, portanto de uma análise multicriterial que, basicamente
depende dos fatores selecionados e ainda dos pesos envolvidos na avaliação.
Optou-se, para essa análise pelo método de estrutura lógica e integração
denominada Analystic Hierarchy Process (AHP) que permite a avaliação sistemática
das alternativas por meio matriz de comparação par a par (pairwise comparison),
de cada um dos critérios (características do meio físico, no caso deste
trabalho) que influenciam em suscetibilidades e potencialidades (SAATY, 2008) e
ainda a avaliação da consistência dos pesos adotados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente, a adoção de geotecnologias tem favorecido e ampliado à abordagem dos
estudos hidrológicos. A facilidade de integração dos dados e proposição de
cenários através de técnicas automatizadas podem auxiliar na elaboração de
projetos e modelagens hidrológicas mais seguras e aplicáveis, além de
representar cartograficamente às pretensas e efetivas áreas a serem impactadas
(SILVA, 2007). O presente estudo relaciona diretamente a intervenção antrópica,
com os processos erosivos e suas principais consequências: o assoreamento e a
inundação/enchente. Os aspectos ambientais da região (domínio de Latossolos
Vermelho, declividade baixas - 0 – 5,97 %) proporcionaram a expansão urbana e
ocupação nessa sub-bacia. O mapa de uso do solo de 2009 (ano da imagem
analisada) indica que: 35,7% era ocupada por impermeabilizações; 11,5% por
pastagens (áreas ainda não urbanizadas); 4,9% por vegetação (APP e Parques
Urbanos); 0,45% da área por lagos. Na região das nascentes localiza-se o aterro
sanitário do Município. O mapa de produção de sedimentos da área (Figura 1)
indica que grande parte da área da Sub-Bacia está caracterizada como média a
produção de sedimentos (82,86%; da área), pois se trata de áreas onde o uso e
ocupação do solo se caracteriza por perímetro urbano, o solo dominante é o
Latossolo Vermelho que possuí características de ser bem drenado, entretanto em
função dos processos de impermeabilização (malha viária e os diversos tipos de
edificações) construção de prédio, casas e calçadas, se torna um solo com bom
potencial para sofrer com processos erosivos laminares e lineares. As áreas
classificadas como baixo potencial (11,78% da área) estão presentes nos solos
hidromórficos (Gleissolos) e Neossolo flúvico, que são solos que ao invés de
possuírem potenciais para gerar, irão receber os sedimentos. Além desses dois
solos temos lugares onde a presença é de Cambissolo, mais assim como os dois
anteriores, o uso e ocupação são parecidos, pois estão localizados em regiões
onde há ocorrência de vegetação que ajuda na fixação do corpo do solo
dificultando assim o seu carreamento. As áreas de alto potencial (5,35% do total
da sub-bacia), estão localizadas onde o uso do solo é o perímetro urbano, o
solo é caracterizado por Nitossolo e Neossolo Litólico e por serem jovens e
rasos, acabam por apresentar grande potencial de produção de sedimentos. O mapa
de Potencial de Inundação da área (Figura 2) indica que o predomínio é para as
áreas de médio potencial a serem inundadas (52,38% da área). As áreas de alto
potencial de inundação (38,89% da área) localizam-se na porção sul e sudoeste.
Tal região apresenta as menores declividade (0 – 12%) e hipsometria (690 – 717
m), o que favorece o acúmulo da água, pois além da água da chuva, acumula também
a água que chega do escoamento superficial que é intenso, pois se trata de uma
região onde os canais de drenagem se convergem (foz da Sub-Bacia), apresentam
solos como o Latossolo, Neossolo Flúvico e Gleissolo, onde a drenagem do
Latossolo é prejudicada pelos processos de impermeabilização, que retiram a
cobertura vegetal, e uma pequena parte de Neossolo Litólico que por estar em uma
região mais declivosa faz com que o potencial caia para médio. Existe ainda uma
pequena parte da Sub-Bacia, com baixo potencial de inundação (8,72% da área
total da sub-bacia), que são áreas com alta declividade e hipsometria, que
favorecem o escoamento e não o acúmulo da água, mas apresentam maior cobertura
vegetal, o que facilita a infiltração, e com predominância de solos com boa
drenagem, por serem rasos e apresentarem rochas não alteradas próximas à
superfície são eles o Neossolo Litólico, e Cambissolo.
Mapa de Potencial de Produção de Sedimentos
Potencial de Produção de sedimentos da bacia onde se
vê que a maior área se encontra com índice médio
ocupando 82,86% da área.
Mapa de Potencial de Inundação da Sub-bacia do Ribeirão Caveirinha
A bacia possui maior área com médio e alto potencial
de inundação, ocupando 52,38% da área para médio
potencial e 38,89% para alto potencial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia de integração de informações para produção dos mapas de produção de
sedimentos e potencial de inundação mostrou-se válida para identificação das áreas
naturalmente suscetíveis para intervenções antrópicas de mitigação ou correção. Em
função dessa análise é alarmante, o processo de ocupação e impermeabilização das
cabeceiras de drenagem dos principais cursos d’água alvos da expansão urbana. A
política de controle de inundações e até mesmo alagamentos, certamente, poderá
chegar a soluções estruturais para alguns locais, mas dentro da visão de conjunto
de toda a bacia, onde estas estão racionalmente integradas com outras medidas
preventivas (não estruturais) e compatibilizadas com o esperado desenvolvimento
urbano. È prioritário ampliar as áreas verdes e ainda fomentar ações e mecanismos
de retenção da água pluvial que evitam e minimizam sobrecarga do sistema de
drenagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
FARIA, K.M. S de. Processos Erosivos Lineares No Município De Goiânia In: XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 2008, Viçosa. Anais. Viçosa: 2009.
GONDIM FILHO, J. G. C.; et al. Projeto de gerenciamento integrado das atividades desenvolvidas em terra na bacia do São Francisco. Subprojeto 4.5C– Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco-PBHSF (2004-2013). Versão 1.0. Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 10. ANA/GEF/PNUMA/OEA. Abril de 2004.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/>, Acessado em: 1/06/2012.
SILVA, L. P. Modelagem e Geoprocessamento na Identificação de Áreas com Risco de Inundação e Erosão na Bacia do Rio Cuiá. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2007.
SAATY, T. L. Decision making with the analytic hierarchy process. Int. J. Services Sciences, Vol. 1, No. 1, 2008.