Anais: Outros

ATIVIDADE GARIMPEIRA DIAMANTIFERA NA SERRA DO TEPEQUÉM-RR

AUTORES
Cruz do Nascimento, E. (UFRR) ; Cruz dos Santos, R. (UFRR) ; Camara Beserra Neta, L. (UFRR) ; Soares Tavares Junior, S. (UFRR)

RESUMO
A serra do Tepequém, encontra-se localizado no município de Amajari na porção norte do estado de Roraima, com geomorfologia representada por areas aplainadas, morros, colinas e escarpas apruptas. A atividade garimpeira diamantífera desencandeou um intenso processo de degradação que atingiu desde os solos até as águas. O homem foi o principal agente, pois este só ansiava por diamante e ouro, esquecendo-se da natureza e do mal que causava por conta de sua busca desenfreada.

PALAVRAS CHAVES
garimpo; diamante; ação antropica

ABSTRACT
The mountain of Tepequém, is located in the municipality of Amajari in the northern state of Roraima, with geomorphology represented by flattened areas, hills, hills and escarpments apruptas. The diamond mining activity desencandeou an intense process of degradation that reached from the soil to the water. The man was the principal agent, as this only longed for diamonds and gold, forgetting the nature of evil and that caused due to your frantic search

KEYWORDS
mining; diamond; anthropic

INTRODUÇÃO
A serra do Tepequém representa um testemunho isolado. A morfologia é representada por escarpas erosivas de entorno elaboradas predominantemente em arenitos da Formação Tepequém cujo topo apresenta variações altimétricas de 650 a 1100 metros, esta é constituída por diferentes compartimentos geomorfológicos como as vertentes íngremes voltadas para o interior do topo formando bordas soerguidas, superfícies aplainadas com altitudes variando de 575-670 metros e morros e colinas residuais de altitudes em torno 760 metros alinhados na direção NE-SW, concordantes com as estruturas regionais . A atividade garimpeira iniciou-se na decada de 30 e prosseguiu até as decadas subsequentes, só vindo a ser paralisada com a proibição por parte do poder público. o advento da atividade garimpeira diamantifera promoveu mudanças significativas na paisagem da serra, vindo a desencandear um intenso processo degratório, esta atividade acelerou as erosões lineares, os assoreamentos dos igarapés, assim como a retirada da mata ciliar. o trabalho de pesquisa realizado buscou entender como eram encontrados os diamentes e qual o material que indicava a existencia do mesmo, então chegou-se a suruca (resíduo que indica a presença do diamente), suruca (também conhecida como indicação) tem sido amplamente utilizada pelos garimpeiros como indicador do diamante, as quais são popularmente conhecidas como: lacre, pretinha, azulinha, enchimento, amarelinha entre outros.

MATERIAL E MÉTODOS
Na busca de entender a dinâmica da evolução do garimpo da serra do Tepequém, fez necessária a execução de três etapas, assim desenvolvidas: A primeira teve como base o levantamento bibliográfico na biblioteca UFRR e no portal dos periódicos da CAPES (www.periodicos.capes.gov/br) sobre a temática (o histórico da atividade garimpeira diamantífera na serra do Tepequém) objeto de estudo. A segunda parte consistiu na fase de campo, executadas em três etapas (Out./2010, Dez./2010 e Mar./2011) sendo realizadas as seguintes atividades: localização geográfica (Coordenadas UTM) da suruca, com o intuito de conhecer a distribuição espacial e dar subsídio a elaboração do mapa temático, para tanto, foi utilizado o GPS do tipo Garmin. O levantamento da distribuição espacial da suruca no topo da serra do Tepequém, bem como, a sua composição física e mineralógica foi realizado mediante as seguintes atividades: levantamento de campo (coleta de amostras – suruca e aquisição das coordenadas UTM) com intuito de auxiliar na elaboração do mapa temático; a atividade de laboratório envolveu as seguintes etapas: descrição morfológica dos grãos com ajuda do microscópio digital USB e identificação mineralógica por Difração de raios X com auxilio do difratograma modelo XRD -6000 SHIMADZU.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A serra do Tepequém é constituída por diferentes compartimentos geomorfológicos, esta apresenta em seu topo altitude que varia de 710m à 1100m, representadas por escarpas abruptas de entorno elaboradas predominantemente em arenitos da Formação Tepequém. Tem-se as áreas representadas por colinas e morros residuais de altitudes de 510 á 560m alinhados na direção NE-SW. As áreas aplainadas são representadas por altitudes que variam 560 á 610m, tem-se ainda as areas de variam de 460 á 160 que correpondem a escarpa erosiva da serra, a atividade garimpeira foi desenvolvida junto aos igarapés e nas voçorcas que estão instaladas nas planicies intermontanas, sendo pontualmente distribuídas no Igarapé Cabo Sobral, Voçoroca do Barata, próximo a voçoroca do Barata, Igarapé da Bica, Voçoroca da Lixeira, Igarapé do Paiva e Igarapé Jacú, demonstrando que os principais pontos de atividades garimpagem de diamantes encontram-se nesses locais, onde os garimpeiros praticam essa atividade manualmente. A atividade de garimpagem do diamante dentro das feições erosivas lineares está ligada as condições de dinâmica em que os fatores tais como a água, o solo e a declividade atuam no retrabalhamento desse material que escavado contribui para facilitar o trabalho do garimpeiro no momento de buscar os resíduos (suruca) indicadores do diamante. Os garimpeiros trabalham com auxilio de pás, enxadas, caixas de madeiras e até mesmo da bateia. Para a obtenção da suruca os garimpeiros utilizam as peneiras de tamanhos grossa, média e fina com intuito de selecionar o tamanho dos grãos e obter o que popularmente é conhecido na região como suruca, visto que a suruca é composta pelos indicadores do diamante (pretinha, azulinha, enchimento, amarelinha e lacre) conhecido cientificamente como os minerais satélites. Os minerais satélites catalogados podem ser contados em 56, em função disso os nomes popularmente conhecidos desses minerais podem mudar de região para região. O diamante puro é um dos minerais mais cobiçados e sua forma pode conter impurezas devido aos óxidos metálicos, o diamante pode apresentar tamanho e cores variados.Atualmente os garimpeiros da serra do Tepequém fazem a exploração desse mineral de forma pontual, pois sabem os locais onde a indícios de diamantes. Alguns moradores da serra do Tepequém são funcionário público, outros sobrevivem do turismo, outros do artesanato e uma das formas de aumentar a renda é a garimpagem. Além da localização da distribuição da suruca, foram também estudadas a morfologia dos grãos segundo a classificação de Folk e Ward (1957). A morfologia dos grãos é variada, caracterizados como angular (12%), subangular (20%), subarredondado (41%), arredondado (23%) e bem arredondado (4%), sugerindo maior transporte e área fonte distante. Os grãos têm coloração esbranquiçada a rosada, mas o predomínio foi da coloração preta a avermelhado.As amostras de suruca foram identificadas como seguintes: lacre, suruca 4, suruca 5 e suruca 8. Na amostra lacre os minerais com maiores picos foram: goethita, hematita, quartzo e muscovita. Esses minerais são compostos de Óxido de ferro são indicadores da presença do diamante. Na amostra suruca 5 a presença de quartzo (Sio2) e a presença do diamante (C), essa amostra foi coletada dentro da voçoroca do Barata sabendo que a área é de exploração desse mineral. A amostra suruca 8 com presença dos picos de hematita (FeO2) e quartzo (Sio2). A difração das amostras serviu para dar subsidio no estudo sobre os minerais que constituem os minerais satélites na serra do Tepequém. A peculiaridade de cada amostra estudada foi de fato comprovada através da morfologia dos grãos e da difração desses resíduos pulverizados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises mineralógicas demonstraram que os resíduos (suruca) são constituídos predominantemente de quartzo, goethita, hematita, muscovita e carbono. Isto indica a presença marcante dos seguintes minerais satélites, que acompanham o diamante nos depósitos secundários, nos quais as amostras foram coletadas: goethita (conhecida como pretinha), hematita (lacre) e como era de se esperar o carbono (correspondente ao diamante), visto que a área é reconhecidamente de exploração deste mineral.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

BARROS, Nilson C. Crocia Roraima: Paisagem e Tempo na Amazônia Setentrional: Estudo de ocupação pioneira da América do Sul. Recife: Editora Universitária, 1995.
DEPARTAMENTO NACIONAL PESQUISAS MINERAIS Garimpos de Ouro e Diamantes do Território Federal de Roraima. Brasília, DNPM/CPRM, 1984.
RODRIGUES, F. S., Garimpando a sociedade Roraimense, da conjuntura sócio-política. Belém-PA: Dissertação de Mestrado, 1996.
SILVA, C. M.l; Vida Garimpeira: garimpo de Roraima, década de 1980. Monografia; Boa vista, 2006.
FOLK, R.L ., WARD,W.C.Brazos rizer bar: A study in the significance of grain sive parameters. Journal of Sedimetary Petrology, n.27, p. 3-27.1957