Anais: Outros
ATLÂNTICO EQUATORIAL (BACIA PARÁ-MARANHÃO): GEOMORFOLOGIA, TECTÔNICA GRAVITACIONAL E ARCABOUÇO DEPOSICIONAL.
AUTORES
Azevedo, R.L. (UERJ) ; Brehme, I. (UFF) ; Gambôa, L.A.P. (UFF)
RESUMO
O presente trabalho está inserido no contexto de estudos relativos ao segmento
equatorial da Margem Continental Brasileira, concentrando a pesquisa na
identificação da geomorfologia e entendimento da sedimentação da bacia oceânica
situada ao largo da Bacia Pará-Maranhão. A região destaca-se pela presença do
cinturão de dobramentos associado à tectônica gravitacional, estendendo-se desde a
Bacia Barreirinhas, passando pela Bacia Pará-Maranhão até alcançar o Cone do
Amazonas.
PALAVRAS CHAVES
Equatorial Atlântico; Geomorfologia; tectônica gravitacional
ABSTRACT
The present work is inserted in the context of studies relative to the equatorial
segment of the Brazilian Continental Margin, concentrating the research on the
identification of the geomorphology and understanding of the sedimentation of the
oceanic basin near the Pará-Maranhão Basin. The area stands out for the presence
of the fold belt associated with gravitational tectonics and its placed in the
slope and continental elevation.
KEYWORDS
Atlantic equatorial; geomorphology; gravitational tectonics
INTRODUÇÃO
O presente trabalho está inserido no contexto de estudos relativos ao segmento
equatorial da Margem Continental Brasileira, concentrando a pesquisa na
identificação da geomorfologia e entendimento da sedimentação da bacia oceânica
situada ao largo da Bacia Pará-Maranhão, com ênfase do Terciário ao Recente. A
região destaca-se pela geomorfologia peculiar e presença notável do cinturão de
dobramentos associado à tectônica gravitacional, situado na região do talude e
elevação continental, estendendo-se desde a Bacia Barreirinhas, passando pela
Bacia Pará-Maranhão até alcançar o Cone do Amazonas; intrusões vulcânicas
associadas aos inúmeros montes submarinos que exercem forte influência sobre a
sedimentação; e o lobo deposicional recente de grande extensão composto de
sedimentação semelhante à do Cone do Amazonas.
A área de estudo compreende a Bacia Oceânica localizada no Atlântico Equatorial
ao largo da Bacia Pará-Maranhão, porção norte da plataforma continental
brasileira, entre 4°S e 6°N de latitude e 40° e 48°W de longitude.
MATERIAL E MÉTODOS
Processamento dos dados e confecção dos mapas
A partir da elaboração de banco de dados no formato X, Y, Z, provenientes do
ETOPO - 2 minute Worldwide Bathymetry / Topography Grids (Smith & Sandwell,
1997), realizou-se a gridagem dos dados e confecção do mapa batimétrico da área
de estudo. Logo após, foram tratados os dados oriundos do Projeto
LEPLAC,visando à confecção do mapa de navegação com shot points dos respectivos
levantamentos. Ambos os procedimentos foram gerados no programa Generic Mapping
Tools (GMT). Em seguida, foram confeccionados mapas georreferenciados no
programa Arqview em uma base cartográfica comum, Projeção Policônica Leplac e
Datum Planimétrico Córrego Alegre.
Os perfis de sísmica de reflexão multicanal 2D do Projeto LEPLAC, foram
carregados e interpretados no software Geographyx (Landmark). Posteriormente,
as linhas foram impressas e interpretadas sobre papel para facilitar a
identificação das estruturas vulcânicas, a tectônica gravitacional, o sistema de
falha, as principais discordâncias regionais nas seções sísmicas e
caracterização das sismofácies.
A análise tectono-sedimentar da área de estudo foi realizada segundo os
princípios gerais da estratigrafia sísmica, possibilitando a identificação das
principais seqüências deposicionais da plataforma externa, talude, sopé
continental e profundidades abissais, da margem continental equatorial, conforme
as características da fácies sísmicas de cada unidade deposicional
individualizada e, o entendimento dos eventos ocorridos na área de estudo,
conforme os conceitos de (Mitchum Jr. et al.,, 1977), descritos por Severiano
Ribeiro (2001) e Della Fávera, (2001).
Foram correlacionadas as idades relativas atribuídas aos horizontes mapeados com
as idades de algumas das mais importantes discordâncias inter-regionais do
Fanerozóico, apresentadas por Vail et al., (1977).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em profundidades abissais, destacam-se as sismofácies subparalela com reflexões
de amplitude alta características de sedimentação hemipelágica depositada
próximo ao continente passando em direção à bacia, a plano paralelo contínuo.
Esses atributos permitem inferir que a deposição dos sedimentos correspondentes
processou-se em ambiente marinho profundo e de baixa energia.
No interior da seqüência descrita acima, observa-se uma sedimentação com
morfologia lobular, quando vista de cima e, forma de lente quando no plano do
perfil. Localizada entre a CMS e a Elevação do Ceará, orientada no
sentido NW / SE longitudinal a costa, com 500m de espessura em média,
ultrapassando os limites das linhas sísmicas estudadas.
Este lobo encontra-se sob uma coluna d`água de 4300m, apresenta menor extensão
no perfil 5010029, cerca de 45km, aumentando gradativamente nas linhas centrais,
240km no perfil 5010030, 250km no perfil 5010031, diminuindo em direção ao
perfil 5010032, adjacente ao cone do Amazonas, onde apresenta uma extensão de
175km, perfazendo um total aproximado de 72.000km².
A estrutura de destaque na área de estudo, localizada a partir da quebra do
talude se estendendo até o sopé continental, observada nas bacias da Foz do
Amazonas, Pará–Maranhão e Barreirinhas, foi correlacionado à tectônica
gravitacional por (Guimarães et al. 1989; Zalán, 1999; Koyi, 2000), cujo
mecanismo de formação, está intrinsecamente associado a processos de colapsos
gravitacionais na plataforma e, compressão na região de crosta oceânica,
particularmente em regiões afetadas por zonas de fraturas. Também se considera a
hipótese de uma relação com a movimentação de falhas transformantes e intrusões
vulcânicas, bastante comuns no segmento do Atlântico Equatorial. Através da
interpretação simplificada realizada pelos autores citados anteriormente, o
processo de tectônica gravitacional teria ocorrido no final do
Paleoceno/Maastrichtiano e início do Eoceno/Paleoceno, a partir da superfície
discordante, limite entre as respectivas seqüências, onde ocorre à zona de
deslocamento.
O movimento de massa da área de estudo, não foi gerado a partir de um único
evento, pois se nota a superposição de seções sísmica. No contexto da análise
dos perfis, podemos deduzir que o movimento de massa da área de estudo, não foi
gerado a partir de um único evento, pois se nota a superposição de seções
sísmica, com características sismofácies diferentes demonstrando que ocorreram
eventos espaço-temporal distintos, de basculamento individuais das seções.
A maioria dos movimentos talude abaixo, resulta da perda total ou parcial da
resistência ao cisalhamento, de modo que, a massa composta por sedimento e água,
ao perder a capacidade de resistência ao cisalhamento gravitacional, desloca-se
talude abaixo.
Descrição e interpretação da geomorfologia vulcânica e fundo mar.
Perfil 5010029
Localizado no setor SE da bacia, onde se nota uma intrusão vulcânica, associada
à Cadeia de Montes Submarinos, com apófises cunhando a seqüência “Eoceno” no
sentido SW/NE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados analisados permitem concluir que a topografia da bacia oceânica,
conturbada por estruturas vulcânicas, exerce grande influência no deslocamento e
distribuição do fluxo das correntes de fundo. As correntes de Contorno Profundas
são aceleradas pelas restrições causadas pelos montes submarinos, desencadeando
a erosão do talude, sopé continental e piso marinho. O oposto se verifica na
porção da bacia que se estende da Cadeia de Montes Submarinos, paralela à linha
de costa, até a Elevação do Ceará, região da bacia que se encontra sob
influência da corrente de fundo da Antártica, onde a sismofácies da sedimentação
recente demonstra um ambiente tranqüilo em relação aos processos deposicionais.
Algumas características encontradas nas seqüências mais antigas; superfícies
erosionais apresentando cortes repentinos na forma de degrau e paleocanais
profundos; também são observadas nas seqüências atuais.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos ao LAGEMAR e seus Professores pela infra-estrutura de pesquisa e os
ensinamentos científicos. Ao CNPq pelo apoio financeiro sob a forma de bolsa.
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