Anais: Geomorfologia de encostas
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ACERCA DA OCUPAÇÃO URBANA DA ENCOSTA SUL DA SERRA DO PERIPERI: IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA.
AUTORES
Silva, I. (UFS) ; Araújo, H.M. (UFS) ; Silva, C.R. (UFS) ; Dias, C.L. (UFS)
RESUMO
Este estudo prioriza os pressupostos teóricos acerca da ocupação urbana da encosta
Sul da Serra do Periperi:Implicações socioambientais em Vitória da Conquista - BA,
onde a expansão urbana desordenada em direção da encosta sul dessa serra têm
causado problemas socioambientais de ordem física e material. O acervo literário
acerca da área e análises em mapas e fotos da região tem contribuído para a
consolidação desse estudo que se deu de por meio de análise integrada.
PALAVRAS CHAVES
expansão urbana; encosta; problemas socioambientais
ABSTRACT
This study emphasizes the theoretical assumptions about the urban occupation of
southern slope of the Serra do Periperi, social and environmental implications in
Vitoria da Conquista. where the disordered urban expansion have caused social an
environmental problems of physical and material. The literary collection of the
area and analysis in maps and photos of the region has contributed to the
consolidation of this study was done in by integrated analysis.
KEYWORDS
urban sprawl; slope; social and environmental
INTRODUÇÃO
As metamorfoses ambientais em função das atividades realizadas pelos seres
humanos sempre ocorreram, mas nos últimos tempos as taxas dessas metamorfoses
são cada vez maiores, e isso porque a competência dos humanos em modificar,
transformar e moldar as paisagens também tem aumentado bastante. Por conta
disso, a questão ambiental tem estado entre as temáticas mais discutidas da
atualidade, e isto se deve às condições ambientais da qualidade de vida que o
homem tem proporcionado para si e consequentemente para o planeta como um todo.
Essa problemática tem levado a comunidade científica a conduzir seus trabalhos
nos últimos tempos a buscar soluções para os impactos ambientais oriundos das
atividades humanas sobre o espaço ocupado. Por esse motivo, torna-se provável
que um dos grandes desafios para as ciências, na contemporaneidade, seja o de
ajustar suas metodologias, ou redirecionar suas ações, na perspectiva de
viabilizar mecanismos e possíveis respostas que possam levar a soluções, ou pelo
menos minimizar os impactos que ocorrem sobre a superfície terrestre, já que a
questão ambiental e social pode ser traduzida pela busca do equilíbrio no
relacionamento entre os vários componentes que o meio natural estabelece entre
si e a sua capacidade de responder aos diferentes distúrbios que lhe são
impostos pelas formas de atividade da sociedade sobre a natureza.
Partindo desse pressuposto, a presente investigação pretende avaliar a relação
entre sociedade e natureza, enfatizando os pressupostos teóricos acerca da
expansão urbana na encosta sul da Serra do Periperi e as implicações
socioambientais geradas por essa expansão, posto que o aprofundamento da
interação entre a ação antrópica e o meio natural no espaço urbano cria
situações singulares e evidências específicas que devem ser analisadas em
particular.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa vem sendo subsidiada por vasta literatura acerca da área e
consolidada in loco por meio das variáveis selecionadas do meio físico e
socioeconômico, os quais tem norteado o desenvolvimento da pesquisa em suas
diferentes etapas, utilizando-se a abordagem sistêmica e o método hipotético-
dedutivo, seguindo a linha da pesquisa aplicada, quantitativa e qualitativa.
O levantamento das informações do meio socioeconômico e dos atributos e
propriedades dos componentes físicos e abióticos estão sendo obtidos em órgãos
da administração pública direta e indireta, bem como em documentação
cartográfica básica.
Os aspectos socioeconômicos estão sendo verificados através dos dados
censitários e, agropecuários disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), Atlas do desenvolvimento humano no Brasil
(PNUD). Na caracterização da unidade geomorfológica Serra do Periperi, está
levando em consideração além da geomorfologia outros componentes do estrato
geográfico tais como: geologia, pedologia, clima, vegetação e hidrografia, cujos
dados estão sendo obtidos a partir de consultas de livros, periódicos
especializados, órgãos públicos estaduais, municipais e federais, mapas e fotos
complementados com as visitas de campo locais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O mundo globalizado vive uma crise ambiental calcada no consumismo desenfreado e
na visão de mundo mecanicista decadente que não permite avaliar o mundo de forma
sistêmica.
O sistema constitui-se no modelo mais amplo para a análise dos fenômenos da
natureza (SANTOS, 2004, p. 44). Neste sentido, o biólogo austríaco Bertalanffy,
elaborou a Teoria Geral dos Sistemas vislumbrando a consolidação de uma “ciência
geral da totalidade” afirmando através de seus escritos que conceitos e
princípios sistêmicos podem ser aplicados em diferentes áreas do conhecimento
(SANTOS, 2004, p. 44).
A esse despeito a Geografia tem se encarregado de fazer este tipo de estudo que
abarca variáveis físicas, ecológicas e sociais, elegendo a categoria paisagem
como objeto de aplicação para os estudos com métodos sistêmicos (CUNHA e REITAS,
2004, P. 87).
Partindo do conceito de sistema chega-se ao conceito de geossistemas, os quais
podem ser definidos como formações naturais que experimentam o impacto dos
ambientes: social, econômico e técnico. Ressalta-se ainda, que seu caráter
metodológico tem facilitado o estudo integrado da paisagem.
Nesse tipo de estudo, uma análise de grande importância para a compreensão dos
processos geomorfológicos operantes sobre a transformação do relevo são os
estudos de encostas uma vez que quase todas as atividades que os seres humanos
desenvolvem na superfície terrestre estão sobre algum tipo de relevo ou de solo
(GUERRA e MARÇAL, 2006, p. 72).
Nas últimas quatro décadas, as encostas têm sido o foco central na geomorfologia
(GUERRA, 2011, p. 13) e seu monitoramento contribui para informações que
evidenciam a necessidade de política adequada para o planejamento territorial,
sobretudo no que tange as áreas urbanas.
No estudo dos processos que desestabilizam as encostas e promovem ravinas,
voçorocas, erosões e movimentos de massa, por exemplo, as relações entre a
Geomorfologia, Pedologiae Geografia Física para citar apenas estes três ramos do
conhecimento, são fundamentais para a compreensão e resolução dessa forma de
dano ambiental que tanto assola as encostas brasileiras. Nesse contexto insere-
se o exemplo de Vitória da Conquista localizada entre as coordenadas geográficas
14°50’53”S e 40°50’53”W no sudoesteda Bahia.
No final do século XVIII Vitória da Conquista tornou-se um elo entre o litoral e
o sertão e, começou a ser povoada. Daí originou-se o processo de
desflorestamento de vegetação nativa para o assentamento das primeiras famílias
(Plano de Manejo do Parque Municipal da Serra do Periperi – Vitória da
Conquista-BA, 2004, p. 55), as quais se apropriaram dos recursos naturais
existentes na encosta da Serra do Periperi. Com o desenvolvimento da cidade, os
recursos naturais foram explorados de forma aleatória.
O crescimento das cidades é um processo inexorável, e, independente de as
cidades serem médias ou grandes, o perigo é eminente, quando se pensa que esse
crescimento, muitas vezes, é de forma desordenada (JORGE, 2011, p. 141).
No caso de Conquista, no que tange a encosta sul da Serra, a situação é
preocupante, a expansão urbana desordenada em direção a Serra, tem chamado a
atenção para os problemas advindos dessa ocupação.
Os resultados preliminares do estudo nessa encosta tem mostrado que nela ocorre
o extrativismo mineral e vegetal do remanescente de floresta aí existente,
queimadas, pisoteio de gado, depósito de entulho e alojamento de uma usina de
asfalto.
Todos esses aspectos juntos têm redundado em problemas que se acentuam,
sobretudo no período de chuva. A população residente em áreas críticas da
encosta fica exposta aos riscos de deslizamentos, e as dos bairros adjacentes,
bem como o centro da cidade ficam expostas a fortes enxurradas que podem causar
grandes perdas materiais, visto que até o momento não se registrou neste
município danos relacionados à vida, e sim, com danos materiais como desabamento
de casas, inundação em alguns pontos comerciais e perdas e/ou prejuízos com
automóveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos referentes às encostas brasileiras merecem e carecem de atenção, pois
por meio destes podem-se chegar a diagnósticos que contribuirão para o
planejamento do uso e ocupação dessas áreas de forma mais segura, sobretudo no
Brasil, onde as condições naturais contribuem para os danos relacionados às
encostas, os quais se tornam catástrofes, por conta da ação antrópica.
No que tange a encosta sul da Serra do Periperi os danos nessa localidade têm
causado diversos problemas de ordem socioambientais: Dilapidação do patrimônio
mineral e vegetal; uso inadequado do solo, gerando voçorocas e deslizamentos;
aumento do escoamento superficial da água da chuva no solo redundando em fortes
enxurradas; e prejuízos relacionados a bens materiais. O aprofundamento do estudo
integrado nessa encosta possibilitará uma análise mais profunda dos problemas
socioambientais que ocorrem na porção sul da Serra e até mesmo dela como um todo,
que por sua vez tem afetado muitos cidadãos conquistenses.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Catarina dos Reis e Magda Dantas respectivamente pelos apoios dados na
formatação e digitação; tradução do texto.
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SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE VITÓRIA DA CONQUISTA. Plano de Manejo do Parque Municipal. Vitória da Conquista. 2004.