Anais: Geomorfologia de encostas
FRAGILIDADE AMBIENTAL DE UMA ENCOSTA URBANA: UM ESTUDO DE CASO NO BAIRRO DO MUTANGE, MACEIÓ – AL
AUTORES
Ulisses dos Santos, J.R. (UFAL) ; Gomes do Nascimento, S.P. (UFAL) ; de Oliveira Santos, E. (UFAL) ; Oliveira dos Santos, E. (UFAL) ; Alves de Melo, N. (UFAL)
RESUMO
O trabalho em questão trata de uma temática que vem sendo bastante discutida nas
últimas décadas, que é o processo de ocupação em áreas de riscos geomorfológicos.
A pesquisa foi realizada na comunidade Borracheira no Bairro do Mutange, Maceió-
AL, inserida na estrutura geológica da Formação Barreiras. Como metodologia,
realizamos pesquisa bibliográfica e levantamento de campo na comunidade
supracitada. E como meta final, criamos medidas mitigadoras no âmbito de
viabilizar melhorias na área.
PALAVRAS CHAVES
Encosta; Fragilidade; Ambiental
ABSTRACT
This paper is about a thematic which has been argued a lot through last decades,
it is about the occupation process in areas of geomorphologic risks. This research
was relized in Borracheira community, Mutange neighborhood, Maceió-AL, inserted
into the geological structure of Vocational Barriers. As methodology, we conducted
a field survey and literature of the physical structure in this community. And as
mainstream, we created mitigation measures under enabling improvements in the area
KEYWORDS
Slope; Weakness; Environmental
INTRODUÇÃO
O presente trabalho traz um estudo do processo de ocupação numa encosta urbana
localizada no bairro do Mutange no município de Maceió – AL, levando em
consideração o levantamento da estrutura geológica, feições geomorfológicas e
uso e ocupação do solo, fato este que tem causado modificações significativas na
geometria e dinâmica das encostas. Devido ao seu dinamismo, as encostas são
ambientes inapropriados para a habitação humana, visto que o homem, devido à
falta de espaços nos centros urbanos (terrenos planos), vem subindo as encostas
íngremes e se submetendo a riscos de movimento de massa, que trazem como
consequências perdas de bens materiais e vidas humanas. Isso ocorre
principalmente por não haver políticas habitacionais de qualidade que viabilize
infraestrutura básica nas comunidades e bairro inseridos nesse contexto.
No bairro do Mutange, pudemos verificar que a infraestrutura como saneamento
básico, ruas asfaltadas e medidas de contenção de risco, praticamente não
existe, isso demonstrando o descaso com os habitantes do bairro, principalmente
no que diz respeito aos deslizamentos constantes que ocorrem durante os períodos
de chuva intensa ou por canta das águas servidas lançadas da parte superior da
encosta afetando os que residem no sopé da mesma, sendo um ambiente impróprio
para a habitação humana por se tratar de uma feição geomorfológica com forte
dinamismo, estando sujeita a constantes deslizamentos de terra, agravados muitas
vezes por processos de ocupação desordenada no local. É preciso maiores
investimentos par parte dos gestores públicos do nosso Estado e Município no
âmbito de melhorar as condições de moradia dos habitantes do Mutange, com abras
que venham dar infraestrutura básica para a comunidade
MATERIAL E MÉTODOS
Na elaboração deste trabalho, realizamos as seguintes atividades: 1)
levantamento bibliográfico de estudiosos como: GUERRA, 2011; FLORENZONO, 2008;
VEYRETT, 2007; BIGARELLA, 2003; FERNANDES & AMARAL, 2006; ROSS, 2011; ARAÚJO,
2004; PELOGGIA, 1998, dentre outros, que tratam de metodologias concernentes ao
referido estudo de caso realizado no bairro do Mutange, bem como aquisição de
referências junto a COMDEC – Coordenadoria Municipal de Defesa Civil do
Município de Maceió, Estado de Alagoas, adquirindo os materiais: Plano Municipal
de Redução de Risco - Produto 2 e Plano Municipal de Redução de Risco - Produto
5 Volume 1. 2) Aplicação de um questionário com a população a respeito dos
principais problemas enfrentados no bairro. 3) Levantamento geológico,
pedológico e das características geomorfologias das encostas, além da geometria
e dos deslizamentos existentes na localidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultados das nossas discussões chegamos à conclusão que a população da
comunidade borracheira localizada no Bairro Mutange, Maceió – Alagoas está
habitando numa área de extremo risco de movimento de massa, por se tratar de uma
encosta com alto grau de suscetibilidade ambiental, porém o que tem agravado
ainda mais essa situação é o descaso para com aquelas pessoas devido a não
aplicação de medidas de contenção de risco, bem como abras de infraestrutura no
bairro (Fig.01). De acordo com relatos de pessoas que residem nas áreas da
encosta há mais de 20 anos, na prefeitura de Maceió está como se a comunidade
localizada na encosta estivesse com toda infraestrutura básica, porém a mesma se
encontra em situação precária sem nenhuma obra realizada no intuito de melhorar
as condições de vida da população (Fig.02).
Nas encostas, principalmente as existentes em meio urbano, foram, e ainda estão
passando por um processo denominado antropogeomorfologia urbana (SANTOS FILHO,
2011), ou seja, o homem agindo como um protagonista na modelagem das formas de
relevo. Não podemos afirmar que as feições geomorfológicas das encostas sejam
ambientes impróprios para o convívio humano, pois quando antes da instalação das
moradias é feito um planejamento, juntamente com um abalizado estudo do meio
geotécnico é possível sim uma urbanização que não venha trazer problemas
ambientais e sociais futuros
Fig. 01
Ocupação irregular nas encostas no Bairro do
Mutange, Maceió-AL
Fig. 02
Lançamento de águas servidas sem tratamento adequado
no Bairro do Mutange, Maceió-AL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cidade de Maceió apresenta boa parte de sua população residindo em áreas
suscetíveis a deslizamento de solo, principalmente as comunidades inseridas nas
encostas íngremes. No caso da comunidade Borracheira no bairro do Mutange, é
perceptível que as atividades humanas sobre as encostas têm se caracterizado pela
falta de planejamento habitacional, que foram ocupadas de maneira irregular e que
tem acarretado sérios problemas de ordem ambiental, como deslizamentos. Agravados,
muitas vezes, pela falta de saneamento básico, sendo as águas servidas lançadas in
natura, diretamente na encosta e a céu aberto, o principal agente causador dos
desastres. E com isso, trazendo não só danos ambientais, como doenças provenientes
do não tratamento das águas servidas. No entanto, é de competência dos gestores
públicos trabalhar com a finalidade de criar medidas voltadas para a revitalização
dessas áreas que apresentam alta suscetibilidade de riscos
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