Autores

Braga, R. (UFPA) ; Luz, L. (UFPA)

Resumo

O processo de urbanização sem o acompanhamento de infraestruturas adequadas, têm tido um papel fundamental nos danos ambientais ocorridos nas cidades. O rápido crescimento urbano gerou uma pressão significativa sobre o meio físico. Do ponto de vista da susceptibilidade ambiental, a perda da vegetação é considerada por muitos estudiosos um grande problema ambiental, que eleva a temperatura das cidades, aumenta o escoamento superficial, diminui a infiltração entre outros. Assim o objetivo principal é apresentar uma série histórica do uso ocupação do solo e suas implicações na área da bacia do Tucunduba-Belém-PA, utilizando técnicas de geoprocessamento. No mapeamento foram utilizadas fotografias aéreas (1977, 1998), e imagens de satélites de alta resolução (2006 e 2013) tratadas em ambiente SIG ARCGIS 10.1. Como resultado verificou-se que a cobertura vegetal está atrelada a impactos ambientais, como aumento dos alagamentos e transbordamento dos canais que formam a bacia.

Palavras chaves

Inpacto antropogenico; Monitoramento; Bacias hidrografica

Introdução

A cidade de Belém sofreu uma intensificação no seu crescimento urbano, na segunda metade do século XX, onde a população do campo foi atraída para a cidade, em busca de empregos. Entretanto o crescimento populacional não foi acompanhado por um planejamento, Belém cresceu de forma desordenada, onde grande parte da população passou a se concetrar em áreas de planicies que atulmente tornaram-se canais urbanizados. Para Botelho (2011), nas áreas urbanas toda a diversidade de caminhos do sistema natural de uma bacia hidrografica é reduzida ao binômio escoamento e infiltração, com maior participação do primeiro. Em virtude da quase total ausência de uma cobertura vegetal, nessas áreas as demais possibilidades de trajetória da água são praticamente eliminadas. A aplicaçao direcionada do uso e ocupaçao da terra as geotecnologias contribuim para o planejamento de ações a fim de minimizar os problemas urbanos. Levando possiveis resultados para a sociedade. Moreira (2011) relata que a utilização das geotecnologias é uma forma eficiente para o estudo desses recursos naturais, como o uso de técnicas de processamento digital de imagens de sensoriamento remoto e de ferramentas poderosas para a realização de operações espaciais, tais como os Sistemas de Informações Geográficas. Os dados provenientes de sensores remotos constituem ferramentas ideais para organizar informações, planejar ações futuras e criar cenários distintos para análise dos diferentes aspectos da conservação (NUNES, 2008) Segundo Luz et al (2012), a evolução e consolidação da ocupação nas bacias urbanas de Belém evidenciou um quadro ambiental preocupante especialmente no período mais chuvoso do ano, quando os processos de alagamento e inundação vem promovendo diversos problemas para as populações que vivem nessas áreas, como congestionamentos e paralisação no trânsito da cidade, inundações e vários outros. A Cobertura vegetal exerce papel relevante na cidade como: função climática, por meio da diminuição de temperatura, sombreamento e redução da poluição do ar; função ecológica, com a manutenção de espécies; função social, relacionada a possibilidade de lazer, realização de atividades físicas; função socioeducativa; onde é possível praticar atividades de conscientização da preservação do patrimônio ambiental e função estética. (LUZ e RODRIGUES, 2012). Diante destas evidências sobre a importância da vegetação para bacias urbanas, o presente trabalho tem como objetivo é ultilizar as geotecnologias para mapear a cobertura vegetal nos anos de 1977 a 2013 na bacia urbana do Tucunduba, a fim de aferir sua evolução e consequentemente sua correspondência no meio urbano. 2- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A bacia do Tucunduba encontra-se a sudeste do município de Belém com uma área de 14.175m2 de extensão, engloba três distritos administrativos (DAGUA – Guamá, DABEN – Belém e DAENT – Entroncamento). Reside na área da bacia cerca de 35 mil famílias, num total subestimados de 175 mil pessoas, é a segunda maior bacia urbana de Belém. Apresenta 12 canais e o lago verde: igarapé Tucunduba, Caraparú, Mundurucus, Gentil Bittencourt, Nina Ribeiro, Santa Cruz, Timbó, Cipriano Santos, Vileta, Leal Martins e Angustura. O igarapé do Tucunduba tem sua nascente na Tv. Angustura, 3579 entre as Avenidas Almirante Barroso e João Paulo II (bairro do Marco) e seu exutório na margem direita do Rio Guamá (bairro do Guamá), em área da Universidade Federal do Pará, sendo que ao longo de seu percurso sofre ainda com atividades antrópicas que tornam o igarapé bastante poluído a ponto de impedir o seu efetivo aproveitamento (SILVA, 2003).

Material e métodos

A metodologia para realização desta pesquisa e o alcance dos objetivos se deu em quatro etapas: 1-Levantamento bibliográfico: realizou-se uma revisão da literatura dos principais autores que discutem a temática: OLIVEIRA (1995), NUCCI (1999), e BOTELHO, (2011), sobre a redução da cobertura vegetal e suas implicações ambientais em bacias urbanas. 2-Trabalho de campo: visitas técnicas onde coletamos informações, como o projeto de intervenção da bacia e documentos antigos, em órgãos da prefeitura como a SESAN (Secretaria municipal de Saneamento), SEDOP (Secretaria de Estado de desenvolvimento Urbano e Obras Públicas) e CODEM (Companhia Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém), que nos forneceram mapas e fotografias antigas da bacia. Assim foi identificado o processo histórico de uso e ocupação na bacia. Trabalho in loco foi realizado o trabalho de campo para reconhecimento da área de estudo, observação dos principais canais urbanos e sua vegetação. 3- Tratamento de dados: elaboração dos mapas temáticos em escala de detalhe (1:25.000) referentes aos mapa de série historica da cobertura vegetal na Bacia Tucunduba e o mapa geomorfologico como base para a nalise por unidade de relevo da cobertura vegetal, utilizando fotografia aérea de Belém de 1977 cedidas pela CODEM, e fotografia aérea de 2013 Imagem de satelite IKONOS 2006 cedidas pelo SIPAM, tratadas em programa (SIG); notadamente nos softwares Integrated Land and Water Information System – ILWIS 3.5. e ARCGIS 10.1. Para tanto, efetuou-se uma análise multitemporal no local em estudo. 4- A última etapa desta pesquisa, análise e sistematização dos dados, assim os mapas da perda da cobertura vegetal. Total ou indice de cobertura vegetal na área da bacia.

Resultado e discussão

O processo de ocupação na Bacia do Tucunduba, intensificou-se a partir da década de 70, onde essa ocupação pioneira, implantou-se através do desmatamento, para construção de palafitas e estivas de madeira, onde aos poucos a população foi aterrando e modificando as areas de planicie da bacia do tucunduba. Essas ocupações irregulares na bacia do tucunduba provoca impactos na população e no meio ambiente, como por exemplo, a redução da cobertura vegetal, em decorrência do aumento das ocupações irregulares e a intensificação do uso do solo na bacia. Segundo OLIVEIRA (1995), a redução da cobertura vegetal mediante ao desmatamento é comum quando se tem a ocupação de uma determinada área, o que resultara em um desequilíbrio ambiental, intensificando os processos erosivos e o aumento da impermeabilização do solo, que afeta o curso natural das águas, degradando as bacias. Na bacia identificamos três unidades geomorfológicas: Tabuleiros, Terraços e Planície Aluvial. Baseado na análise dos dados do mapa gerado podemos identificar o predomínio das planícies na bacia com 53, 68% da área total da bacia, mais da metade da área da bacia correspondem a planície de inundação onde as cotas de 4 metros prevalecem, composta por sedimentos incosolidados de origem arenosa e lamosa do quaternário (LUZ et al, 2012), essa área da bacia abriga uma população de baixa renda, que mais sofre com os transtornos dessa ocupação sem planejamento. Como podemos verificar na figura 03 a perda da cobertura vegetal na área de planicie da bacia, dando espaço para diversos usos da terra, ver a figura 04 de uso do solo da bacia do tucunduba no ano de 2013. Assim fazendo a analise, podemos aferir que a área da bacia que mais sofreu com a perda da cobertura vegetal, foi à unidade de relevo da planicie, que foi perdendo espaço para o uso da terra, como os assentamentos precarios no Tucunduba, que abriga uma população de baixo poder aquisitivo. A vegetação mais expressiva na bacia nos dias atuais estao nos terraços, por se encontrar dentro do uso da terra Institucional, que contribui na preservação da vegetação local. Figura- serie historica da retirada da cobertura vegetal De acordo com NUCCI (1999), “Por todas as funções que a vegetação é capaz de realizar na cidade, seria interessante que se incentivassem todas as possibilidades de aumento da cobertura vegetal nas áreas urbanizada” seja qual for a providencia que faça diminuir ou limitar a quantidade de vegetação e que modifique suas funções ecológicas diminui a qualidade ambiental e, portanto, deveria ser refutada. Assim na bacia do Tucunduba essa perda da cobertura vegetal, se evidencia nos mapeamentos realizados, onde em 1977 a cobertura vegetal representava 29% num total das classes de uso do solo na bacia, já em 2013 representava 9%, ou seja, em quase três décadas tivemos a redução drástica da cobertura vegetal em 20%, ver na figura 05 da serie historica da cobertura vegetal na bacia, isso reflete nos problemas ambientais vivenciados pela população de Belém em diferentes níveis. Essa redução drástica da vegetação se deu devido ao avanço da classe de uso dos assentamentos precários, que desde a década de 70 foram ganhando espaço na bacia. Segundo Cavalheiro e Del Picchia (1992) e seus estudos sobre o Índice da Cobertura Vegetal nas cidades, o recomendável de arborização para o adequado balanço térmico nas áreas urbanas está em torno de 30%, em áreas onde o índice de arborização é inferior a 5%, as características climáticas se assemelham a regiões desérticas, atualmente na bacia esse indeice é de 9%, A bacia do Tucunduba, hoje em dia é uma área de atração. O que reproduz o movimento da sociedade que recoloca constantemente os vários setores sociais no espaço, o que Roberto Lobato Corrêa denomina de processo de renovação urbana, com isso, o espaço produzido na planicie do Tucunduba é compreendido através do uso do solo e trabalho geral da sociedade belenense, ou seja, seu espaço urbano é a totalidade dos vários usos em distintas épocas, onde os agentes são variados, e com o tempo nele se acumularam desigualdades vivenciadas até hoje pela população local.

- serie histórica da retirada da cobertura vegetal

PERDA DA COBERTURA VEGETAL NA BACIA D TUCUNDUBA DE 1997 A 2013

MAPA DE LOCALIZAÇÃO

LOCALIZAÇÃO DA BACIA DO TUCUNDUBA EM BELEM NO ESTADO DO PARÁ

Considerações Finais

Através da pesquisa realizada na bacia do tucunduba os resultados evidenciam a escassez de cobertura vegetal, sobretudo na unidade de relevo da planicie que abrigam a população de baixo poder aquisitivo, com suas ocupações irregulares que apresentam condições precárias, como, falta de saneamento básico, edificações improvisadas, situadas em áreas sujeitas a inundações. Os assentamentos precários se acentuaram nas décadas de 1980 e 1990, assim o índice de cobertura vegetal na bacia é de 5% abaixo do recomendavel que é 30%, para que se tenha uma boa qualidade de vida nos centros urbanos. O processo de uso e ocupação da terra que com a alterações, modificou toda a dinâmica hidrológica na bacia do tucunduba, uma vez que se retirou boa parte da cobertura vegetal, provocando danos urbanos. Assim é fundamental que novos trabalhos sejam desenvolvidos, afim de analisar e acompanhar o uso do solo e a cobertura vegetal.

Agradecimentos

Referências

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