Autores

Moraes Gaberti, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM)) ; Palhano Chaves, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM)) ; Sousa Robaina, L.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM))

Resumo

Os processos erosivos são muitos frequentes no solo do Brasil, decorrentes de muitas causas distintas, com o estudo da geomorfometria é possível identificar formas e feições do relevo que possibilitam-nos a identificar os principais locais onde podem ocorrer erosão, portanto o presente trabalho pretende realizar a análise dos parâmetros morfométricos no município de Santiago/RS e relaciona-los com os processos erosivos.

Palavras chaves

Morfometria ; Erosão; Análise

Introdução

Os processos de erosão em encostas atuam na esculturação das formas do relevo e são sentidos em termos ambientais nas diferentes paisagens em que ocorrem. A degradação resultante de tal processo é notável na perda de solos agricultáveis, na deterioração de obras civis, equipamentos urbanos e no assoreamento de reservatórios e cursos d’água. A erosão é resultante das ações tanto naturais, quanto antrópicas. Neste sentido, destaca-se o que Higgitt (1991, p.93) que aponta sobre este processo, A erosão consiste no processo de descobrimento e arraste das partículas do solo, ocasionado pela ação da água e do vento, constituindo a principal causa de degradação dos solos agrícolas. Grandes áreas cultivadas podem se tornar improdutivas, ou economicamente inviáveis se a erosão não for mantida em níveis toleráveis. No Brasil, os problemas decorrestes de erosão do solo são muito sérios, Marques em 1949 (apud Bertoni e Lombarti Neto, 1990, p. 150.), [...] enfatizava que o “Brasil perdia por erosão laminar cerca de 500 milhões de toneladas de terra anualmente, o que corresponde ao desgaste uniforme de uma camada de 15 cm de espessura numa área de aproximadamente 280.000 hectares”. Atualmente muitos trabalhos buscam formas de reduzir os efeitos decorrentes da erosão e uma forma de identificar os principais espaços onde pode ocorrer processos erosivos, o estudo do relevo por meio de SIG (sistema de informações geográficas) é o processo de extração de atributos quantitativos da topografia. O estudo da geomorfometria possibilita identificação das formas e feições do relevo as quais favorecem o desenvolvimento de erosão no terreno. Segundo SOUSA e RODRIGUES (2012) uma definição mais funcional de morfometria é definida como a geometria do relevo, que estabelece relação direta com a dinâmica da rede hidrográfica, através da determinação dos caminhos. Numa perspectiva mais integrada Silva (2011) afirma que a caracterização morfométrica consiste numa breve descrição dos fatores topográficos, geológicos, geomorfológicos e de ocupação do solo, que atuam na geração de escoamentos e na determinação de coeficientes definidores da forma, drenagem e declividade de uma bacia. O relevo representado é um aspecto de fundamental importância ao entendimento e à quantificação do processo erosivo, em que a declividade e o comprimento de encosta são os principais fatores relacionados à erosão. A declividade tem influência principalmente na energia de escoamento. Quanto maior a declividade do terreno sob as mesmas condições de solo e precipitação, menor será o volume de água que efetivamente se infiltrará no solo e consequentemente, maior o volume e a energia associada ao escoamento. O presente trabalho pretende analisar os parâmetros morfométricos no município de Santiago/RS (figura1) estabelecendo um zoneamento de suscetibilidade a processos erosivos.

Material e métodos

O trabalho iniciou-se com levantamento bibliográfico e a construção de um banco de dados georreferenciados. Após foram desenvolvidos e analisados mapas de hipsometria, declividade e forma das encostas (divergentes, convergentes, côncavas e convexas), utilizando o programa Arcmap 10.4.1. Os trabalhos de campo foram realizados através de perfis pelos caminhos e estradas que cortam o município os quais permitiram validar os dados obtidos. Para confecção do mapa hipsométrico foi utilizado valores para as altitudes sendo que os valores atribuídos foram de 100m a 465m, para que pudesse ser confeccionado o mapa hipsométrico, foi utilizado como MDE (modelo digital de elevação) a imagem de RADAR SRTM, com resolução de 30m onde foi utilizado a ferramenta Fill no módulo Spatial Analyst Tools do software ArcMAP 10.4.1. para a realização do mapa de plano e perfil também foi realizado através de imagem STRM com a mesma base cartográfica. Os valores de declividade foram obtidos através da ferramenta Slope, do módulo Spatial Analyst Tools do software ArcMAP 10.4.1, sendo que a base cartográfica utilizada foi imagens SRTM retiradas do site USGS, com uma resolução de 30m e o DATUM utilizado foi o Sirgas 2000 UTM 21. Para determinar as suscetibilidades a erosão foi realizado o cruzamento dos mapas e atribuídos valores para cada atributo determinando o devido grau de importância dos mesmos. No mapa de declividade foram atribuídos o valor três para declividades acima de 15%, dois para declividades entre 5 a 15 % e abaixo de 5% foi atribuído o valor um. Já no mapa de plano e perfil as encostas convergentes/convexas foram apresentadas como importância 3 para côncava/convergente, 2 para divergente/côncavo, e 1 para divergente/convexo. No mapa hipsométrico foi utilizado a altitude média do município para os calculados, o ponto à montante foi atribuído o valor 2 e a jusante o valor 1; conforme representado na (tabela 1).

Resultado e discussão

No município de Santiago a menor altitude identificada foi de 100m, e a maior altitude de 465m, correspondendo uma amplitude altimétrica de 365m. A média corresponde a 267,5m, sendo que as altitudes menores que a média corresponde a 40% do município e ocorre na porção norte e extremo oeste do município. As maiores altitudes que a média corresponde a 60% do município ocorrendo nas porções central, oeste, leste e sul, onde se localizam cabeceiras de drenagem. Na elaboração e análise do mapa de declividade foram atribuídos valores para as suscetibilidades erosivas, desta forma foi destacado que conforme CORRÊA DINIS (2015) declividade um pouco mais acentuada em torno de 5 a 15%, indica uma área mais dissecada pela proximidade dos cursos de água e pela ocorrência dos processos erosivos. Portanto os processos erosivos iniciam a partir de 5% de declividade, os quais correspondem a 30% da área, os valores maiores que 15%, considerados mais suscetíveis, correspondem a 10% da área do município. A maior parte da área é formada por encostas com valores de declividade com baixo potencial erosivo, correspondendo a 60% do total da área de estudo. O perfil e plano da encosta determinam o fluxo da água nas encostas, no mapa de plano e perfil pode-se observar uma distribuição homogênea de todos os perfis de encosta, podendo destacar que na área ocupada, os perfis são côncavos-convergente e côncavo-divergente. As encostas onde o fluxo é concentrado e a velocidade do escoamento é alta, estão localizadas na porção do topo, e consequentemente são as mais propícias ao desenvolvimento de erosão linear. Dessa forma, foram consideradas as encostas côncavas- convergentes as quais correspondem a 10% da área, como sendo as mais suscetíveis a processos erosivos. O cruzamento dos parâmetros definiu as áreas mais suscetíveis. As encostas com maior suscetibilidade a processos erosivos ocorrem predominantemente na porção sul do município. A suscetibilidade alta compreende uma área de 31.431ha e a com baixa suscetibilidade ocupa uma área de 21.573ha(figura 2).

Figura 1: Mapa de localização de Santiago



Tabela1



Figura 2: Mapa de suscetibilidade a erosão



Considerações Finais

A análise do relevo de forma automatizada foi considerada eficiente para determinar as porções do território municipal mais suscetíveis a processos erosivos. Dessa forma, pode servir de base para estudos que analisem o desenvolvimento de processos superficiais, identificando áreas onde os estudos de detalhe devem ser implementados.

Agradecimentos

A Deus pоr tеr mе dado saúde е força pаrа superar аs dificuldades; Ao mеυ orientador Luis Eduardo de Souza Robaina, pelo emprenho dedicado à elaboração deste trabalho; Aos meus pais Frida e Léo, pelo amor, incentivo е apoio incondicional; Ao meu irmão Jocemir, ao meu namorado Éder, a amiga Alieni, e os demais amigo não citados pelo incentivo e apoio; Ao amigos e colegas do Laboratório de Geologia Ambiental, por dividirem comigo esse ambiente tão amigável. A CNPQ pelo apoio financeiro

Referências

BERTONI. J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do Solo. São Paulo: Editora Ícone, 1990.
CORRÊA, D.A. Estudo da erodibilidade de uma unidade geotécnica no campo de instrução de Santa Maria como base para o seu planejamento ambiental. Defesa de Mestrado apresentado ao Programa de Pós Graduação em Geografia (PPGGEO). Área de Concentração Análise Ambiental e Dinâmica Espacial, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Geografia. Santa Maria.2015.
HIGGITT, D. L. Soil erosion and soil problems. Progress in Plysical Geography, v.1, n.15, p.91-100, 1991.
MUÑOZ, V. A. Análise geomorfométrica de dados SRTM aplicada ao estudo das relações solo-relevo. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2009. 112p. (INPE-15796-TDI/1531). Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto). - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
SILVA, R.C., 2011. Análises morfométricas e hidrológicas das bacias hidrográficas do Córrego Teixeiras, Ribeirão das Rosas e Ribeirão Yung, afluentes do Rio Paraibuna, município de Juiz de Fora/MG. Monografia (Especialização). Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora.
SOUSA, F.A. de., Rodrigues, S.C., 2012. Aspectos morfométricos como subsídio ao estudo da condutividade hidráulica e suscetibilidade erosiva dos solos. Mercator 11, 141-151.