Autores

Lima, M.T. (UNIFESSPA) ; Neves, F.I.P. (UNIFESSPA)

Resumo

Pressuposto do artigo é construir o conceito de Geomorfologia com os alunos, usando a carta topográfica e a maquete como recurso didático, onde os mesmos possam entender os aspectos geomorfológicos em que habitam. E como percurso metodológico baseado nos ideias de Simielli (1997) é pensado na elaboração da maquete, onde se utiliza a carta topográfica do perímetro urbano da cidade de Marabá-PA, que foi planejada em ambiente SIG. Para a construção da maquete usou como recurso o software Qgis 2.18, onde foi extraído as curvas de nível para depois fazer a transposição das curvas de níveis para as placas de EVA. Dessa forma, o professor como mediador do conhecimento far-se-á uma aula mais dinâmica, permitido que com a tridimensionalidade da maquete o aluno(a) consigam perceber as especificidades da estrutura topográfica da paisagem. Dessa forma cria-se recursos didáticos para as aulas de geografia.

Palavras chaves

metodologia; maquete; topográfica

Introdução

Partindo de uma proposta de contribuição da operacionalização do conceito de Geomorfologia para o ensino de Geografia as presentes seções visam melhorar as metodologias para as aulas de geografia. Pois a priori os novos professores de geografia encontram uma certa barreira cognitiva em transmitir seus conhecimentos universitários para os alunos da rede de educação básica, como salienta Simielli (p. 92):"É fundamental a diferenciação entre o universitário e o saber ensinado pelos professores, bem como entre o saber ensinado e aquele realmente adquirido pelos alunos. Transformar o saber universitário sem desfigurá-lo e sem desvalorizá-lo em objeto de ensino supõe uma transposição didática nem vulgarize nem empobreça o saber universitário, mas que se apresente como uma construção diferenciada, realizado com a intenção de atender o público escolar". No entanto, alguns conceitos não são repassados por pura negligência ou comodismo do professor em sala de aula. É justamente pensando nessa problemática que o grupo de pesquisa PIBID da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, localizado na cidade de Marabá-PA, vêm analisando os PCNS (parâmetros curriculares nacionais) do município e construindo métodos de ensino com o intuito de quebrar alguns paradigmas de ensino ainda encontrados em salas de aula. E como o próprio Castrogiovanni (2006, p. 24) destaca: "Nos anos iniciais do ensino Fundamental, muitas vezes, o papel do professor se torna problemático, pois a sua formação é mais geral que específica, o que lhe possibilita ser mais interdisciplinar.” Dessa forma, no presente trabalho, juntamente com as orientações do coordenador do grupo de pesquisa da universidade (UNIFESSPA), foi pensado o uso da maquete topográfica em sala de aula, para que haja uma maior interação entre professor-aluno, e assim entender o conceito de Geomorfologia relacionado às paisagens de seu convívio. Por esse motivo, Cavalcanti (2005) afirma que : "Para atingir os objetivos dessa educação, deve-se levar em consideração, portanto, o local, o lugar do aluno, mas visando propiciar a construção por esse aluno de um quadro de referências mais gerais que lhe permita fazer análises mais críticas desse lugar". Tal projeto tem o papel de subsidiar o conhecimento científico relacionado ao tema “Geomorfologia” nas salas de aula do ensino básico, e sua devida excursão traz para as salas uma forma de fazer com que o aluno possa enxergar a paisagem geomorfológica associando ao espaço suas singularidades e subjetividades através da maquete topográfica. Mascarenhas (2015) afirma tal importância de instrumentalização de ensino: "A geomorfologia como base física de toda ocupação humana, tem potencial pedagógico que possibilita a compreensão dos principais eventos naturais que a cidade possui, por isso, urge instrumentalizar professores, graduando e alunos com o uso dos estudos de geomorfologia no ensino de geografia. Para esse processo de intervenção pedagógica a utilização de imagens de satélites e a construção de maquetes sobre o relevo se expressa por ser um instrumento metodológico útil nas aulas de Geografia".

Material e métodos

O conteúdo desta pesquisa encontra-se em estágio preliminar, desenvolvida pelo grupo de pesquisa PIBID da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, onde os métodos serão baseados na concepção de Simielli (1997). Com isso foi elaborado um modelo de melhoramento da cognição “Aluno- Maquete” o qual é observado na imagem abaixo (imagem 1); Imagem 1- esquema de entendimento “Aluno-Maquete” A partir da Autora Simielli (1997), Organizado: LIMA 2017 E posteriormente com o auxílio do professor, onde o mesmo irá expor os conceitos de geomorfologia no aspecto relevo sempre trabalhando de uma escala local para a global, vindo em seguida com a parte prática, que será a construção da maquete de curvas de níveis juntamente com os alunos, onde serão utilizados as seguintes matérias: carta topográfica do perímetro urbano de Marabá-PA na escala de 1/50 000 que foi elaborada no Qgis 2,18, folhas Eva com espessura de 0,3mm, papel vegetal, papel carbono, fitas adesivas, canetas e tesouras. Logo abaixo podemos observar o mapa (figura1) de curvas de níveis que será utilizado como base na construção da maquete. Figura 1- Curvas de níveis do perímetro urbano da cidade de Marabá-PA. Fonte: SRTM 2002 – EMBRAPA 2011. Elaborado, Lima (2017) E com a elaboração da maquete, que foi realizada utilizando-se a metodologia da Embrapa onde utiliza-se um sistema de gradação em que as cores frias (ex.: verde) representam uma baixa altitude enquanto as cores quentes (ex.: laranja, vermelho) representam uma elevada altitude do relevo. Percebe-se isto na imagem abaixo (figura 2) que mostra a conclusão da maquete seguindo os passos metodológicos citados acima. Figura 2- Maquete tridimensional do perímetro urbano de Marabá-PA. Fonte: SRTM 2002 – Embrapa 2011. Organização, Lima 2017. E o ensino, trabalhando com a geomorfologia é de grande importância para o entendimento do aluno, como destaca Mascarenhas (2015): "A geomorfologia urbana apresentou-se como sendo capaz de aproximar as questões teóricas da temática “relevo” condidas no livro didático, uso e ocupação do solo urbanos e seus problemas socioambientais como elementos do cotidiano dos alunos potencialização de forma positiva o ensino de geografia".

Resultado e discussão

Primeiramente, no campo da epistemologia a palavra “geomorfologia” é derivada do grego, onde segundo Suguio (2000) Grego Ge (Terra) + Morfhé (Forma) + Lógos (Tratado + Sufixo ia). Desta forma, a Geomorfologia estuda as formas da superfície terrestre, entre outros elementos que compõem a geografia física. Em que Guerra e Guerra, 2008, p.303 salienta que:"Ciência que estuda as formas do relevo tendo em vista a origem, estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes forças endógenas e exógenas de modo geral entram como fatores construtores e destruidores do relevo". No espaço geográfico da cidade de Marabá-PA, pode-se definir as suas devidas especificidades geomorfológicas usando-se a topografia como base para suas devidas classificações, onde podem-se apontar 4 unidades homogêneas para a área de estudo, a saber: (a) Planície Fluvial, (b) Terraço Fluvial Rebaixado, (c) Terraço Fluvial II e (d) Planaltos dissecados. E, na imagem abaixo (imagem 2), encontra-se a descrição das particularidades das unidades homogêneas geomorfológicas de Marabá. Imagem 2- Unidades Geomorfológicas do Perímetro Urbano de Marabá-PA A partir de Vidal (2016), Organizado, Lima 2017. A Geografia, atrelada ao ensino contemporâneo vêm utilizando de forma plausível os arcabouços da geomorfologia, no que concerne ao entendimento de uso e ocupação do solo, como Florenzano (2008) baseando-se nos conceitos de Aziz Ab’Saber (1970), afirma que a geomorfologia têm uma aplicação mais direta nos estudos ambientais voltadas para o planejamento do uso da terra. E Menezes (2012, p. 4) diz que o campo de estudo geomorfológico é de acordo com Penteado(1980), uma superfície de contato, que une a parte sólida do Globo (Litosfera), com os seus invólucros (hidrosfera, hiosfera e atmosfera). Por isso o trabalho dá ênfase no direcionamento do “Relevo” pois é o fator primordial na composição do solo e para vegetação. Marabá-Pá é uma das tantas cidades no Brasil, e como afirma Florenzano (2008, p. 133) justamente por isso, está inteiramente contido na plataforma Sul-Americana, uma entidade tectonicamente estável, cujo embasamento consolidou-se entre o Proterozoico Superior e o início do paleozoico. Dessa forma, por ter poucas alterações endógenas, ao logo do tempo prevaleceu as modificações exógenas nesse espaço geográfico. Por esse motivo, o nível de relevo da cidade de Marabá possui poucas altitudes, e para fazer uma elucidação melhor sobre tal entendimento, a figura 1( curvas de níveis do perímetro urbano de Marabá-PA) que encontra-se no capitulo “Metodologia” desse vem mostrando os níveis de elevação do relevo do perímetro urbano. Observar-se na Figura 1 acima que, o perímetro urbano de Marabá, possui poucas altitudes, onde sua elevação máxima corresponde a 140m e a sua mínima 80m (corresponde aos Rios Itacaúnas e Tocantins), com isso esses relevos são fortemente influenciados pelos rios que margem essa cidade. Com isso utilizando uma escala local para construção da maquete, desperta no aluno uma visão analítica e construtivista sobre o espaço que está ao seu redor.




Considerações Finais

A compressão de que a geomorfologia não é algo homogêneo, mas que ela como todo possui um processo histórico-dinâmico-natural. É de extrema valia, para que possa existir um planejamento ambiental plausível que trabalhe em simbiose com os meios de ensino. Dessa forma, a maquete permite que os alunos olhando de uma forma bidimensional para uma visão tridimensional do que é representado, o aluno(a) consegue elevar sua capacidade cognitiva e trabalhando de forma mais dinâmica sua visão do abstrato para o real. Em que o objetivo maior é quebrar as desamarras da educação bancária, transformando as aulas em algo mais dinâmico e prazeroso, tanto para o aluno(a) como para o professor.

Agradecimentos

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) por conceder bolsa de iniciação de pesquisa junto ao PIBID, junto ao projeto “Direito a Cidade”.

Referências

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MASCARENHAS, VIDAL Notas preliminares de geomorfologia urbana e meio ambiente na cidade de Marabá-PA DOI: 10.17552/2358-7040/bag.v2n3p105-119 Abraão Levi dos Santos MASCARENHAS;Maria Rita VIDAL

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