Autores

dos Santos Albuquerque, E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; dos Santos Chaves, M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Maria Carvalho Lima, Z. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE) ; Rafael Machado de Carvalho, I. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)

Resumo

O Atol das Rocas situa-se a 260km a NE da cidade do Natal, Estado do RN, sendo o único atol presente no Oceano Atlântico Sul Ocidental.Com isso, analisamos a composição sedimentológica, os dados hidrodinâmicos e meteorológicos e a coleta de dados de perfil de praia.O objetivo principal desta pesquisa é identificar os processos modeladores da morfologia e dinâmica oceânica que atuam no Atol das Rocas.Salientamos que as atividades de campo ocorreram entre os dias 05/07 a 04/08/2017, com autorização do ICMbio-SISbio.Os resultados até aqui analisados, nos mostra que o Atol das Rocas apresenta uma dinâmica Geoambiental bastante complexa, visto que os perfis de praia se avolumam de um dia para outro, ou retrocedem, sendo uma área de extrema energia do oceano.

Palavras chaves

atol; geoambiental; dinâmica oceânica

Introdução

Localizado a 260Km da cidade do Natal e com uma extensão de 3,35 x 2,49 Km (Pereira, 2011), o Atol das Rocas tem aspecto elíptico, com área de 5,5 km² (Kikuchi, 1994), e nele destacam-se aspectos geomorfológicos como: Frente Recifal, Crista Algálica, Platô Recifal, Depósito Sedimentar, Piscinas Naturais, Laguna e Ilhas Arenosas (Ilha do Farol e Ilha do Cemitério), e Ilha Zulu. O objetivo principal desta pesquisa é identificar os processos modeladores da morfologia e dinâmica oceânica que atuam no Atol das Rocas, em especial a sedimentologia e a faciologia, já que a mesma se ergueu ao nível do mar, sendo assim, mais suscetível à ação de ondas. Como objetivos específicos, analisamos a evolução sedimentológica, definimos o perfil faciológico do Atol das Rocas, no período em estudo. E ainda, analisamos a dinâmica oceânica através de dados hidrodinâmicos, meteorológicos, sedimentológicos e configuração de perfil de praia. Salientamos que as atividades de campo ocorreram entre os dias 05/07/2017 a 04/08/2017, com autorização da Superintendência do ICMbio-SISbio, conforme parceria realizada com aquela instituição.

Material e métodos

Para a realização desse trabalho foram estabelecidas 4 etapas, sendo elas: levantamento bibliográfico, atividade de campo, procedimentos laboratoriais/análise de dados e desenvolvimento dos produtos finais. A primeira etapa consistiu no trabalho de gabinete, onde foram levantados dados bibliográficos, não só sobre o Atol das Rocas, assim como especificamente da Ilha do Farol, objeto de estudo desse artigo. As técnicas de campo utilizadas foram as de Folk & Ward (1957); Wrigth & Short (1984); Muehe (1996, in: CHAVES, 2005), além destes, os que também contemplassem metodologias de campo e laboratoriais utilizados nessa pesquisa, e estas permaneceram presentes durante todo o desdobramento do trabalho, dando fundamentação a cada uma das etapas seguintes, lançando mão de artigos científicos, periódicos, livros, sítios eletrônicos, monografias, teses e dissertações. A segunda etapa foi a atividade de campo, onde embarcamos no dia 05 de julho de 2017, no Catamarã Borandá, com destino ao Atol das Rocas e voltamos no dia 04 de agosto de 2017, este teve duração de 30 dias, nos quais ficamos acomodados na Base do ICMBIO no Atol das Rocas. No decorrer do campo foram coletados dados climatológicos de velocidade máxima e mínima dos ventos, temperatura e umidade relativa do ar e direção dos ventos, dados estes coletados em uma estação meteorológica portátil. Coletamos também dados hidrodinâmicos, como altura de onda, período de onda e velocidade da corrente litorânea. Nestes, utilizamos régua graduada, cronômetro e flutuador. Desses 30 dias em campo, foram coletados dos dados de 27 dias consecutivos. Todos os dias, foram realizadas as coletas de dados meteorológicos e coletadas fotografias todos os dias deste período. Além destes, utilizamos doze (12) dias de coleta de dados hidrodinâmicos (sendo três dias consecutivos em cada fase da lua) e oito (08) dias de leituras e confecção dos perfis de praia e coletas de sedimentos, amostras essas retiradas dos compartimentos de antepraia, estirâncio e pós-praia, de dois (02) pontos distintos, denominados de P1 e P2. Na terceira etapa, deu-se início aos procedimentos laboratoriais de análise granulométrica das amostras no LABGEOFIS (Laboratório de Geografia Física – Pesquisa), do Departamento de Geografia, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). As amostras foram lavadas para remoção dos sais e secadas a uma temperatura de 100°C por 24 horas. Já secadas, estas foram quarteadas na intenção de homogeneizar a amostra, e a partir daí foram separadas porções de 100g e 10g de cada amostra. As amostras de 100g foram peneiradas, passando por peneiras de 4mm (-2 Phi) a 0,063mm (4 Phi), perfazendo desde a fração areia grossa até a fração silte. Estes foram colocados no agitador de peneiras (hot-up) (Figura 02), durante 10min. Já a porção de 10g seguiu para a Mufla, que foi aquecida até a temperatura de 500°C, durante 1h, para que ocorra a eliminação da matéria orgânica. Ao retirar amostra da mufla, essa porção foi novamente pesada e seguiu para a adição do ácido clorídrico a 10% (HCL 10%), que atuou na diluição dos carbonatos presentes na amostra. Procedimentos estes que puderam nos fornecer uma noção quantitativa da presença de carbonato de cálcio e matéria orgânica, respectivamente, em cada amostra. Já na quarta e última etapa, os dados de todo o trabalho foram agrupados e interpretados para a elaboração de um produto final para a apresentação do projeto. Nesta fase, foram utilizados softwares dedicados a geoprocessamento, elaboração de banco de dados, produção de gráficos e de textos.

Resultado e discussão

Situado na porção oeste do Atlântico Sul, entre as coordenadas UTM, com latitudes 9571500N – 9574500N e longitudes 408500E – 412500E, a 260km da cidade de Natal/RN e distante 145 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha/PE , o Atol das Rocas possui uma área total de 5,5km² e está localizado na margem continental inserido em meio a uma cadeia de montanhas submarinas, tem sua base a aproximadamente 4.000m de profundidade e possui formato elipsoidal. Entre os 425 Atóis que se tem conhecimento no mundo, este é o único presente no Atlântico Sul. Por ser uma unidade de conservação, a Reserva Biológica Atol das Rocas ostenta grande importância, sobretudo nos serviços ecossistêmicos de provisão, por ser uma área protegida onde várias espécies estão abrigadas e com um ambiente favorável a reprodução e suporte por prover a ciclagem de nutrientes, habitats, produção de oxigênio, etc. Um dos dados mais significativos é a altura de uma onda, onde observamos na Tabela 01, que nos dias de lua, estas apresentam uma altura maior que o normal, sendo na lua cheia, encontrada as maiores ondas, chegando a 38 cm de altura. Observa-se também que nos dias 12, 14, 15, 27 e 28 não foi possível coletar os dados de altura de onda, pois o mesmo apresentou em calmaria. Percebemos que esta pesquisa é de suma importância para a compreensão do comportamento geomorfológico do Atol das Rocas, principalmente o que foi constatado na grande variação morfológica nos dias estudados, sendo perceptível uma observação diária quanto a entrada e saída de material carbonático no Atol, principalmente na grande velocidade de formação e destruição de berma (Figura 03 e 04). A hidrodinâmica observada nos mostrou que a corrente litorânea é o principal agente causador das mudanças morfológicas. Porém, os dados climatológicos não variaram muito, sendo estes já esperados para uma região oceânica como esta. Constatamos também que o monitoramento da morfologia do Atol das Rocas tem que ser realizado todos os anos, pois este processo tem uma alta dinâmica de formação de espaços dentro do próprio atol, que requer ajustes e tomadas de decisões para acessibilidade e estadia naquele ambiente. Salientamos ainda que esta pesquisa pretende coletar dados de perfis, hidrodinâmica e meteorológicas ao longo de 10 (dez) anos, sendo este iniciado em 2015 e a ser finalizado em 2025 (estando agora no seu terceiro ano consecutivo), onde pretenderemos compreender a dinâmica oceânica e a evolução geomorfológica atuante, frente a um ambiente frágil como este.

Tabela 01

Altura Significativa de Uma Onda, em dois pontos distintos (H1 e H2)

Figura 01

Mapa de Localização da Área em Estudo

Figura 02

Levantamento Topográfico de Perfil de Praia, aspecto do estirâncio

Figura 03

Levantamento Topográfico de Perfil de Praia, aspecto da pós-praia

Considerações Finais

Os resultados até aqui analisados, nos mostra que o Atol das Rocas apresenta uma dinâmica geoambiental bastante complexa, visto que os perfis de praia se avolumam de um dia para outro, ou retrocedem, sendo uma área de extrema energia do oceano. Porém, os dados de sedimentologia, hidrodinâmica e meteorológicos, apesar de diferentes do continente, apresentam uma certa regularidade e constância dos valores reais.

Agradecimentos

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ao Departamento de Geografia da UFRN, ao LABGEOFIS (Laboratório de Geografia Física – Pesquisa) da UFNR, ao CNPq, pela bolsa de Iniciação Científica (IC) e pelo ICMBio, na pessoa da administradora do Atol das Rocas, Maurizélia Brito, pela concessão da ida ao Atol das Rocas, bem como estadia e translado, além de agradecer a companhia no Atol, do servidor Frederico, pelo apoio e convivência desses trinta dias de campo.

Referências

Chaves, M. dos S. Dinâmica Costeira dos Campos Petrolíferos Macau/Serra, Litoral Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte. Tese de Doutorado. N 10. UFRN/PPGG. 2005.
Kikuchi, R.K.P. (1999). Atol das Rocas, Atlântico Sul Equatorial Ocidental, Brasil. In: Schobbenhaus, C.; Campos, D. A.; Queiroz, E. T.; Winge, M.; Berbert-Born, M. (eds.). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. (Disponível em: http://www.unb.br/ ig/sigep/sitio033/sitio033.htm).
Pereira, Natan Silva. Estudos Sedimentológicos, Morfodinâmicos e Mapeamento Geomorfológico do Complexo Recifal do Atol das Rocas, Atlântico Sul. 2011. Dissertação de Mestrado. Centro de tecnologia e Geociências. Universidade Federal de Pernambuco. Pernambuco, 2011.
Rodrigues, O. A. A. (1940). O Atol das Rocas. Revista Marítima Brasileira. LIX(11-12): 1181-1228.