Autores

Santos, F.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA) ; Rodrigues, S.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA)

Resumo

Os atributos físicos e químicos dos materiais superficiais relacionam-se fortemente com as características geomorfológicas,influenciadas por sua variabilidade espacial, exercendo papel preponderante na qualidade destes ecossistemas e na evolução do relevo. Dessa forma, a fim de analisar e refletir as considerações acima, estudou-se uma área localizada no município de Uberlândia do estado de Minas Gerais, na região sudeste do Triângulo Mineiro.A metodologia baseou-se na análise das propriedades físico-químicas por gráficos estatíscos bloxplot e espacialização por krigagem;os quais foram avaliados os parâmetros Matéria Orgânica, Textura e Capacidade de Troca Catiônica (CTC). A vertente apresentou duas texturas: media e arenosa, conforme classificação textural da Embrapa. Os valores da matéria orgânica na variaram de 2,0 a 2,5% e a CTC apresentou intervalo significativo de 1,32 a 12,52 cmol.dm-3. A classe textural arenosa, foi a que obteve maior expressividade para os dois parâmetros anal

Palavras chaves

fisico-química; geoquímica; geomorfologia

Introdução

Estudar as formas e organização de evolução das vertentes, é um fator de extrema relevância da pesquisa geomorfológica, pois elas constituem o universo dinâmico da paisagem, responsável por suprir água e sedimentos, para os cursos d’água que drenam as bacias hidrográficas. Sendo assim, os estudos ambientais estão atrelados ao entendimento e análise de elementos específicos como por exemplo: os aspectos físico-químicos, quando aplicados contribuem para o avanço no entendimento e gestão do planejamento ambiental. Nesse contexto, salienta-se como recorte espacial deste trabalho a Bacia Hidrográfica do Córrego do Glória. Esta área é alvo de pesquisas sobre relações entre parâmetros morfométricos de vertentes e seus parâmetros químicos, de acordo com estudos publicados por Santos e Rodrigues (2016) e Santos e Rodrigues (2017). Dentro dessa perspectiva, este estudo se justifica tendo em vista a importância de conhecer e caracterizar o comportamento físico-químico de materiais superficiais de uma vertente sob Cerrado, uma vez que essa abordagem, serão úteis para análises e gestão do planejamento ambiental.

Material e métodos

O trabalho de campo foi relaizado com visitas à Fazenda Experimental do Glória com o objetivo de coletar amostras de materiais superficiais, para avaliação das análises físicas: Matéria orgânica, Capacidade de Troca Catiônica (CTC) e Textura. A amostragem contou com coletas de amostras simples em 20 pontos no sentido da alta para a baixa vertente. E posteriormente levadas para o Laboratório de Geomorfologia e Erosão dos Solos - LAGES onde foram feitas as análises físicas. Já a análise química de CTC, foi realizada pelo laboratório da GEAP.A textura e a Matéria orgânica foram avaliadas retirando-se amostras com trado holandês na profundidade de 0-10 cm e usou-se o método da pipeta, utilizando solução de NaOH 0,1 mol L-1 como dispersante químico e agitação mecânica em aparato de alta rotação (~15.000 rpm) por 15 min.O fluxograma metodológico, traz as etapas como o trabalho de campo, análises laboratoriais e análises estatísticas que foram feitas através de gráficos bloxplot e avaliação espacial por krigagem, utilizadas neste estudo, com a pretensão de alcançar as metas propostas.

Resultado e discussão

Através dos dados obtidos verificou-se que os valores da matéria orgânica variaram de 2,0 a 2,5.(Figura1 e 2). As variações nos valores estão relacionadas ao tamanho e ao arranjo das partículas de areia e argila. A CTC apresentou intervalo significativo de 1,32 a 12,52 cmol.dm-3 (Figura 3). A classe textural arenosa, foi a que obteve maior expressividade em valores. A Figura 4 demonstra que a espacialização da CTC na vertente, é justificado por outro fator que deve ser considerado na área estudada, por se tratar de área de vegetação que, provavelmente, contribui incremento da CTC nessa superfície. Para Rawls e Pachepsky (2002), o microrrelevo contribui para a remoção de componentes orgânicos e minerais das áreas mais altas com deposição em posições do relevo consideradas mais estáveis e mais baixas. Para os atributos analisados na vertente foi observado forte dependência espacial, atribuída a fatores intrínsecos, tais como: material de origem, relevo, clima, organismos e tempo (Cambardella et al., 1994). A dependência espacial não é atribuída a fatores extrínsecos visto que na área não houve influência de cultivo, adubação, calagem, preparo do solo nem de tráfego de maquinaria agrícola, dentre outros. Desta forma, tem-se a confirmação da influência do microrrelevo, do fluxo de água, textura e topografia na variabilidade espacial dos atributos dos materiais superficiais analisados.(Santos e Rodrigues, 2016).

Figura 1

Matéria Orgânica agrupada por classe textural na vertente.

Figura 2

krigagem matéria Orgânica

Figura 3

CTC agrupada por classe textural na vertente.

figura 4

Krigagem da CTC

Considerações Finais

Na área estudada, observou-se que os materiais superficiais possuem duas texturas, média e arenosa, com predominância da textura arenosa compatíveis com o embasamento litológico da área, onde ocorrem predominantemente sedimentos areno-siltosos da Formação Marília. As técnicas de análise por krigagem facilitaram a avaliação da variabilidade espacial dos atributos físico-químicos dos materiais superficiais tanto para bacia hidrográfica quanto para vertente. Os atributos físico-químicos apresentaram dependência espacial e correlacionaram-se respectivamente, com a textura e topografia. Destaca-se a importância das análises dos materiais superficiais, consideradas aqui como um dos indicadores para o prognóstico final. Conhecer as propriedades físicas e químicas, a partir dos resultados das análises laboratoriais, contribui de forma mais precisa para os estudos indicando sua dinâmica na paisagem, tanto à remoção como ao transporte.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq- PQ-302654/2015-1, CAPES e FAPEMIG

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