Autores

Oliveira Jorge, M.C. (UFRJ) ; Teixeira Guerra, A.J. (UFRJ) ; Augustine Fullen, M. (UNIVERSITY OF WOLVERHAMPTHON) ; Santos Pereira, L. (UFRJ) ; Muniz Rodrigues, A. (UFRJ) ; Finotti dos Reis Nunes, G. (UFRJ)

Resumo

Esse artigo aborda o papel das trilhas, como um instrumento do geoturismo, e também como indicador de processos erosivos, levando em conta o estudo de caso do município de Ubatuba, São Paulo. Para alcançar esse objetivo, a Trilha das Sete Praias foi pesquisada, de forma que amostras de solo foram coletadas, do leito e do talude da trilha, para a determinação de propriedades físicas e químicas (textura, densidade aparente, porosidade, pH e teor de matéria orgânica), no Laboratório de Geomorfologia da UFRJ. Além disso, foi feita uma avaliação do potencial geoturístico, para determinar os diferentes tipos de geossítios, ao longo da trilha, levando em conta o estudo do patrimônio geomorfológico e geológico da Trilha das Sete Praias. Essas características, em conjunto com as propriedades dos solos, podem ser de grande importância para se alcançar as bases para a geoconservação e geoturismo, consequentemente, para se conseguir o desenvolvimento sustentável dessa área.

Palavras chaves

Trilha; Erosão; Geoturismo

Introdução

O turismo focado na compreensão dos elementos físico-naturais e, concomitantemente, na valorização e proteção dos mesmos, tem assumido importância crescente nos últimos anos (Hose, 1995, 2000 e 2012; Brilha, 2005; Moreira e Bigarella, 2008; Moreira, 2008; Mora Filho e Ruas, 2008; Mansur, 2009; Dowling, 2010; Godinho et al., 2011; Moreira, 2011; Farsani et al., 2012 e 2014; Ollier, 2012; Jorge et al, 2016). Os trabalhos mostram que o geoturismo, se planejado, é uma ferramenta para a proteção do patrimônio geológico e geomorfológico, uma vez que essa atividade possibilita que os turistas possam entender e valorizar o patrimônio natural, bem como pode levar à comunidade local a valorizá-lo e, conseqüentemente, promover sua geoconservação de forma sustentável. O município de Ubatuba, localizado no litoral norte do estado de São Paulo, tem no turismo, sua principal fonte de renda. As inúmeras praias e cachoeiras que compõem os atrativos turísticos, também constituem a riqueza da sua geodiversidade, sendo essa última, ainda muito pouco explorada com vistas à geoconservação. As trilhas possuem papel importante no município, por servirem de acesso a vários desses atrativos turísticos, mas por outro lado, pela falta de planejamento tem sido deflagrado diversos impactos negativos no seu percurso e entorno (Jorge et al., 2016). A respeito dessa problemática, Eisenlohr et al. (2009) apontam que a crescente demanda pelo uso das trilhas, pode ser considerada um paradoxo à conservação e restauração dos ambientes naturais, pois se por um lado representam uma ferramenta a favor da conservação, por permitirem o contato do homem com a natureza e a conscientização sobre conservar, também constituem fonte de distúrbio a esses ambientes. Introdução e propagação de espécies vegetais exóticas, pisoteio, compactação e erosão do solo são alguns dos exemplos de impactos negativos pelo mau uso da trilha (Costa, 2006; Maganhotto, 2006; Gualtieri-Pinto et al., 2008; Neiman et al., 2009; Maganhotto et al., 2010; Figueiredo et al., 2010; Rangel, 2014; Jorge et al., 2016). O planejamento e manejo de trilhas, utilizando os conceitos de Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação têm crescido nos últimos anos. O I Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico e o II Congresso Latino- americano e do Caribe sobre iniciativas em Geoturismo, em 2011, e o Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas / I Colóquio Brasileiro para a Rede Latinoamericana de Senderismo em 2013, são exemplos de como essas discussões vêm sendo ampliadas. O papel das trilhas e sua relação com o geoturismo e geoconservação tem sido trabalhado sob diferentes enfoques, a exemplo das trilhas interpretativas como ferramentas para a Educação Ambiental, Geoturismo e Geoconservação (Folmann, 2013), o inventário de lugares e trilhas de interesse geológico no Parque Estadual do Itacolomi (Ostanello, 2012), o uso de trilhas como recurso didático no ensino das Geociências (Guimarães e Mariano, 2014), e o inventário do patrimônio geológico do litoral norte de São Paulo (Motta Garcia, 2014). A degradação dos solos causada pelo mal uso de trilhas e os seus possíveis impactos negativos para a geodiversidade e geoturismo tem sido trabalhado por Jorge et al. (2016). Neste artigo, o enfoque está pautado na trilha como instrumento do geoturismo, bem como indicadora de processos erosivos. O objetivo é mostrar a importância da trilha Sete Praias como roteiro geoturístico e os impactos erosivos que estão ocorrendo ao longo do seu percurso, pois os mesmos podem afetar negativamente a experiência do usuário.

Material e métodos

2.1. Descrição da área de estudo O município de Ubatuba está situado entre as coordenadas geográficas 23°35 ´48´´ S / 45°16´55´´W e 23°11´50´´ S / 44°´43´22´´W e limita-se ao norte com Paraty (RJ), a sul com Caraguatatuba, a oeste com Cunha, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra e a leste com o Oceano Atlântico. A trilha Sete Praias está situada na região sul de Ubatuba (Figura 1), possui 4,5 km de distância (somente a ida) e seu percurso se inicia no canto esquerdo da Praia da Lagoinha, e passa pelas praias do Oeste, Perez, Bonete, Grande do Bonete, Deserta e Deserto Pequeno. São características da trilha Sete Praias e entorno, o clima tropical litorâneo úmido ou tropical atlântico, de acordo com a classificação de Köeppen (Monteiro, 1973). É considerada como uma das regiões mais chuvosas do país, cuja precipitação está concentrada nos meses de verão (em torno de 70%), e nos meses de inverno, os menores índices. Os valores de chuvas (média anual) alcançam 2000 mm, valores de referência para o Posto Maranduba (Jorge et al., 2003). A área está inserida no bioma da Mata Atlântica, considerada como uma das cinco regiões do planeta de maior prioridade para a conservação da biodiversidade. Trata-se de um bioma brasileiro ameaçado de extinção (Varjabedian, 2010). Os remanescentes da mata atlântica ao longo da trilha e, principalmente do entorno, convivem com espécies exóticas invasoras, causando fragmentação cada vez maior da vegetação original. A área pertence ao domínio das rochas do embasamento cristalino, agrupadas no Complexo Costeiro, predominando as ígneas, denominadas charnockito Ubatuba e biotita granítico porfirítico (Morais et al., 1999). Destaca-se que o charnokito é conhecido comercialmente como pedra ornamental granito verde Ubatuba. Do ponto de vista geomorfológico, a área está inserida na Província Costeira, sendo dividida entre Serrania Costeira (escarpa frontal da Serra do Mar), como borda oriental do Planalto Atlântico e baixadas litorâneas, caracterizadas por morros isolados e planícies de extensões variadas, drenadas diretamente para o mar (Almeida, 1964). Ao logo da trilha observam- se as pequenas praias de enseada, também denominadas praias de bolso, separadas pelos avanços de rochas cristalinas que adentram ao mar. Os Cambissolos são os solos de maior representatividade, caracterizados pela pouca profundidade, e presença de fragmentos de rocha (Oliveira, 1999). 2.2 Materiais e métodos 2.2.1 Avaliação do potencial geoturístico Foi feita com base num levantamento sistemático proposto por Brilha (2005). Nessa etapa, que é denominada inventário, foram identificados os diversos tipos de ocorrência dos elementos da geodiversidade (geossítios), ao longo da trilha Sete Praias, sendo os mesmos descritos e fotografados. A sistematização descrita por Brilha (2005) mostra que o inventário da geodiversidade de um local e a seleção dos geossítios é o primeiro passo para a determinação do patrimônio geológico, que por sua vez formará a base para a geoconservação e geoturismo. 2.2.2 Análise da trilha Utilizou-se a metodologia proposta por Leung e Marion (1996), nos quais os elementos avaliados foram: largura da trilha; presença de feiçoes erosivas, áreas deprimidas com acúmulo de agua, presença de raízes e blocos rochosos, e sistemas de manejo. 2.2.3 Coleta das Amostras de Solo Foram coletadas amostras em profundidade 0-10 cm, ao longo da trilha Sete Praias, totalizando quatro pontos de coletas (Figura 1). Visando uma comparação da qualidade do solo, foram realizadas coletas em área da trilha que sofre pisoteio (TR) e na área de talude (TA), onde não há passagem de visitantes. A escolha pela profundidade (0-10 cm) foi pelo solo sofrer maior impacto do pisoteio nos seus primeiros centímetros. As amostras foram analisadas no Laboratório de Geomorfologia, do Departamento de Geografia da UFRJ, utilizando a metodologia da EMBRAPA (2011), com avaliação dos seguintes parâmetros: densidade aparente, porosidade, pH, textura e teor de matéria orgânica.

Resultado e discussão

3.1 Inventário Resultados obtidos com relação ao inventário foram para identificar os potenciais locais de interesse geológico e geomorfológico. Foram selecionados três geossítios, importantes, por mostrar a história do passado geológico e que compõem a paisagem ao longo da trilha Sete Praias (Figuras 2 e 3). I. Geossítio Prainha do Deserto. Coordenadas 23°32'21.78"S e 45°10'7.34"O. (a). Prainha do Deserto, blocos rochosos de diferentes tamanhos distribuídos no mar e faixa de areia, coloração rosada. (b). Presença de veio granítico de cor rosada em rocha encaixante. II. Geossítio Praia do Bonete Grande. Coordenadas 23°32'21.72"S e 45°11'5.11"O. (c): Canto da Praia do Bonete Grande, formado por rocha escura, diabásio, com muitas fraturas. III. Geossítio Praia do Bonete Pequeno. Coordenadas 23°32'13.57"S e 45°11'10.23"O. (d): Blocos rochosos de cores variadas no canto esquerdo da Praia do Bonete Pequeno. A avaliação realizada ao longo da trilha vem a corroborar com a revisão da literatura sobre a riqueza da diversidade geológica da área, que se encontra no contexto da evolução do Supercontinente Gondwana (Garda et al., 1992; Neumann, 1993; Hasui, 2010; Garcia, 2012). Todos os geossítios pertencem ao domínio das rochas do embasamento cristalino agrupadas no Complexo Costeiro, onde predominam o charnockito Ubatuba e biotita granítico porfirítico (Morais et al., 1999), e apresentam uma rica diversidade de elementos geológicos, como exemplo fraturas e diques (geossítios a, b, e c) e blocos arredondados (geossítio d). Santos (2014), encontrou 10 geossítios, que foram agrupados de acordo com o interesse geológico principal e associação com os eventos na história do gondwana ocidental. O geossítio Praia do Cedro, aqui denominado de Geossítio Prainha do Deserto (2a) foi agrupado pela autora como uma área de interesse ígneo, metamórfico e tectônico e de uso potencial turístico, cientifico e didático. A justificativa dada se baseia nos elementos de ocorrência, como presença de veios graníticos, com enclaves de rocha encaixante, mudancas de textura e cor da rocha, descharnockitização e presença de inúmeras fraturas no afloramento. 3.2 Características da trilha A trilha, que se inicia no canto esquerdo da praia da Lagoinha vai até a praia Pequena do Deserto. Não existe controle de usuários, mas a frequência maior ocorre no período de dezembro a março. A largura das trilhas é bem variada, indo desde 0,90 cm (P1), 2,5 m (P2), 1,30 m (P8) e 1,5 m (P5). A vegetação predominante corresponde aos remanescentes de floresta atlântica, com árvores e arbustos, do início da trilha até a Praia do Bonete. A partir desse ponto a vegetação torna-se típica de capoeira, com clareira na mata e presença de espécies exóticas, como a samambaia de barranco (Gleichenia). A clareira aberta ao longo desse trecho torna o percurso bem desgastante e pode estar contribuindo para os impactos das gotas da chuva. Bertoni e Lombardi Neto (2005), afirmam que a erosão pelo impacto da gota da chuva pode ser entendida como o primeiro estágio da erosão. Ao longo da trilha é possível observar blocos rochosos de inúmeros tamanhos, ocupando o seu leito e borda, bem como os que foram depositados próximos à praia, a exemplo do canto da Praia do Bonete (Figura 2d), evidenciando os processos relacionados a um passado geomorfológico, marcado pela alta energia no relevo. Alem dos blocos rochosos, observam-se ao longo do leito da trilha, trechos com exposição de raízes, possivelmente causado pela perda de solo, água acumulada e feições erosivas. Dois trechos se destacam pela presença dessas feições, a primeira, situada no trecho de subida da Praia do Deserto para a Praia do Bonete Grande (23°32'21.84"S e 45°10'21.58"O), o solo encontra-se bem compactado, com presença de ravinas profundas e degraus de diferentes tamanhos no leito da trilha. Por estar em terreno com declividade de 20º, quando em períodos secos, ou muito chuvosos, torna-se bastante escorregadia. Esse trecho é o que apresenta o maior nível de dificuldade para o usuário. A segunda feição erosiva encontra-se entre as coordenadas (23°32'17.49"S e 45°11'10.71"O), entre a Praia Grande do Bonete e a Praia do Bonete, em relevo inclinado e com solo compactado. Degraus foram construídos diretamente no solo, em trecho de maior dificuldade para passagem, por serem escorregadios, porém, os usuários também utilizam a borda da trilha e acabam contribuindo para o seu alargamento e processos erosivos. 3.3 Características das propriedades físicas e químicas dos solos Os dados de valores médios correspondentes aos quatro pontos de coleta (TA e TR) mostraram que a porosidade (44,9%), a densidade aparente (1,4 g/cm³), a areia grossa (41,7%) e o pH (4,3) não tiveram variação expressiva, como mostrado pelo coeficiente de variação, 14,3%, 14,2%, 16,9% e 11,9%, respectivamente. Já os valores relacionados à areia fina (15,1%), silte (18,6%), argila (24,6%) e teor de matéria orgânica (2,7%) apresentaram índices elevados de coeficiente de variação, 32,8%, 36,7%, 49,9% e 41,9% (Tabela 1). A densidade do solo no leito da trilha (TR) foi maior em relação ao talude (TA) para os quatro pontos analisados (Tabela 1), sendo maior, 1,8 g/cm³, para o Ponto 2 (TR). Trabalhos de Figueiredo et al. (2010), Maganhotto et al. (2010), Saraiva (2011), Rangel (2014), Jorge et al. (2016), mostram elevados índices de compactação dos solos no leito da trilha, quando comparados com as bordas, normalmente alterada pela pressão do pisoteio. Fullen e Catt (2004) consideram valores de densidade aparente elevada acima de 1,5 g/cm³ e média de 1,0 a 1,4 g/cm³, sendo correspondente ao da trilha, a média, de 1,4 g/cm³. Embora, os índices do leito da trilha (TR) difiram do talude (TA), as diferenças de valores são pouco significativas, como mostra o coeficiente de variação (14,3%). Valores inversos à densidade aparente condizem com os aqueles encontrados para a porosidade, cujo menor valor (33,8%) foi encontrado para o P 2 (TR). No que se refere à textura, tanto os solos da trilha como do talude, são classificados como Franco-argiloso (P1), Franco-argilo-arenoso (P2 e P3) e Franco-arenoso (P4). Os pontos P1 e P4 (Figura 3) merecem destaque com relação às propriedades físicas e químicas (Tabela 1) e as observações realizadas no campo relacionadas à erodibilidade. Destaca-se que no P1 a concentração de argila é bem elevada 41,4% (TR) e 41,2% (TA), diferindo da média da trilha (24,6%), e apresentando coeficiente de variação elevado (49,9%). Solos argilosos são mais resistentes à erosão, porém, quando situados em terreno de 20º de declividade, e sem manejo adequado, tornam-se altamente susceptíveis à erosão, fato constatado próximo ao P1, no leito da trilha, que já se encontra em estágio de ravinamento. Análises químicas como o pH (3,9) e M.O. (1,7%) do P1 apresentaram valores baixos, e essas propriedades matéria orgânica diminui, a ruptura dos agregados aumenta e crostas se formam na superfície do solo, aumentando a sua compactação. Kroeff (2010) e Rangel et al. (2015), associam o aprofundamento e surgimento de ravinas em trilhas, como consequência do pisoteio, escoamento concentrado e desmatamento da borda. Contrário ao P1, o P4 é caracterizado como sendo arenoso. Esses solos permeáveis, de baixa capacidade de retenção de água, são geralmente muito susceptíveis à erosao. Valores elevados de areia fina (19,2%) e silte (23,8%) para o leito da trilha no P4 caracterizam textura de maior suscetibilidade à desagragação e ao transporte. O P4 embora apresente índices de compactação, com densidade de 1,5 g/cm³ e porosidade de 40,8,%, características como a presença de vegetação na borda e serrapilheira no leito da trilha, tem influenciado o teor mais elevado de matéria orgânica (3,2%). O traçado suave da trilha nesse trecho, com apenas 2º de declividade, que segue as curvas de nível, contribuem para que processos erosivos não tenham se iniciado.

Figura 1

Mapa de localização da área de estudo

Figura3

Localização dos geossítios (I,II e III) e pontos de coleta de solos (P1, P2, P3 e P4).

Tabela 1

Características dos pontos de coleta. Talude (TA) e Trilha (TR).

Figura 2

Áreas de elevado potencial geoturístico e selecionadas no inventário. Prainha do Deserto (I-a e I-b), Praia do Bonete Grande (II-c) e Praia do Bonete Pequeno (III-d). Fotos: Maria Jorge, 2013.

Considerações Finais

Os dados obtidos sobre a Trilha Sete Praias mostram a importância que a mesma representa para o turismo em Ubatuba. Embora os slogans e folders utilizem os elementos da natureza para promover o turismo, somente as praias são destacadas. Costões rochosos, diques e fraturas (geossítios inventariados) precisam ser inseridos num roteiro geoturístico, que mostrem o valor de sua geodiversidade e que possam acrescentar ao turismo local. É importante destacar que a trilha apresenta três níveis de dificuldade para o usuário: baixa, média e alta, sendo que é na alta que os processos erosivos estão mais proeminentes, como o P1. É também no P1 e P4, que a textura não está influenciando diretamente os processos erosivos, com alta ou baixa suscetibilidade à erosão, pois outros indicadores, como presença ou ausência de vegetação, traçado da trilha, inclinação do terreno estão atuando com maior expressão. Dados das análises físicas e químicas dos solos permitem inferir o que já se tinha observado em campo, diferentes graus de compactação na trilha, advindas do pisoteio e da falta de manejo. O trecho mais crítico (P1), onde há presença de ravinas, é necessário fazer o nivelamento da trilha, bem como colocar canaletas de drenagem. Esses resultados podem auxiliar as autoridades do município, mostrando a importância que a trilha tem para a região e não somente as praias. É fato que apesar da trilha ser via de acesso à praia e outros elementos importantes da geodiversidade, ela é ignorada quando se pensa na sua qualidade e manejo.

Agradecimentos

Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) A PROMATA (Programa de Conservação e Recuperação da Mata Atlantica)

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