Autores

Uema, D.Y. (UEM) ; Felini, M.G. (UEM) ; Souza Filho, E.E. (UEM)

Resumo

A construção de sistemas de drenagem da água que escoa superficialmente em áreas urbanas é um importante item de saneamento básico. A canalização dessas águas – águas pluviais - por galerias exemplifica uma das maneiras de transporte. Contudo, toda obra de infraestrutura exige manutenção, a qual, quando ausente, promove a degradação das estruturas, podendo resultar em graves impactos ambientais. O objetivo do estudo é analisar as consequências da falta de manutenção das galerias pluviais presentes no Parque Florestal dos Pioneiros, na região central de Maringá – PR. Os resultados indicaram que existe a intensificação de processos erosivos, devido ao fluxo extremamente forte da água, provinda das galerias pluviais. Além da carência de manutenção dessas estruturas, o que levou à degradação de parte destas, além da poluição ambiental e visual no interior do parque. Apesar da dimensão, o problema fica escondido no bosque, que está fechado à visitação.

Palavras chaves

Parque Florestal; Infraestrutura; Meio Ambiente

Introdução

Durante o processo de ocupação humana, as condições naturais de escoamento da água são alteradas. O aumento da velocidade e da força exemplificam essas transformações, podendo trazer como consequência os impactos sociais, econômicos e ambientais (RIGHETTO, 2009). Nesse contexto, sistemas de drenagem da água tornam-se fundamentais. Segundo Righetto (2009) as medidas estruturais de drenagem incluem mecanismos de captação e transporte da água. As estruturas canalizadoras estão entre os mecanismos de transporte. As galerias pluviais, por exemplo tratam-se de condutos responsáveis pela condução da água superficial captada (BRASIL, 2006). Bem como toda obra de infraestrutura as galerias pluviais demandam manutenção, sendo que a força da água, velocidade, acúmulo de lixo e sedimentos sólidos, entre outros fatores, levam à sua degradação. O presente trabalho tem por objetivo ilustrar tal degradação através da análise do caso do Parque dos Pioneiros em Maringá – PR (Bosque II), o qual devido à falta de manutenção, apresenta um elevado nível de degradação das estruturas canalizadoras. Situada no Noroeste do Paraná e cortada pelo trópico de capricórnio, a cidade de Maringá foi projetada em 1945 pela Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, sendo considerada uma cidade de “porte-médio” (RODRIGUES, 2005). Segundo dados do IBGE, a área da unidade territorial do município abrange 487,052 km², com uma densidade demográfica de 733,14 hab/km². O Censo Demográfico de 2010 contabilizou 357.077 habitantes, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística estima que a população em 2015 seja de 397.437 habitantes. Localizada na região central de Maringá – PR, o Parque Florestal dos Pioneiros conhecido como Bosque II, abrange uma área de 59 ha, com domínio de floresta estacional semidecidual (BOVO et al., 2011), além de uma fauna diversificada: “Quanto à fauna existente no Parque dos Pioneiros destacamos as seguintes espécies: gambá de orelha branca, ouriço, preá, cutia, tatu, macaco-prego, lagartos e sagui, espécie que foi introduzida na área, além de várias espécies de aves” (BOVO et al., 2011). Mesmo sendo fechado à visitação o Bosque II atrai pessoas para a caminhada em seu entorno e pela presença de macacos-prego, que se tornaram um atrativo (SOUSA et al, 2013). Segundo Sousa (2013), há um sistema de captação de águas pluviais que direciona o fluxo para o interior do parque através de galerias. O grande fluxo provindo dessas galerias resulta na intensificação de processos erosivos, provocando voçorocas e promovendo a degradação das condições naturais do interior. Contudo, os problemas ambientais do parque estão, de certa forma, escondidos, considerando que não são vistos nem divulgados à população do município (BOVO et al, 2011).

Material e métodos

A metodologia do trabalho foi voltada para a conceituação, aquisição de dados e proporções das estruturas canalizadoras de águas pluviais do Bosque II, Maringá – PR, no ano de 2015. Para a aquisição das proporções das estruturas, comprimento, largura e altura foram utilizadas a trena a laser Bosch DLE 30 Laser plus e uma trena manual HI- VIZ Lufkin 50m. Para a aquisição das coordenadas geográficas de cada estrutura foi utilizado o GPsmap 76CSx e para a captura fotográfica foi utilizada a máquina fotográfica Nikon Coolpix S2600. Para a elaboração dos mapas temáticos foram utilizados o SIG Quantum GIS e o Conversor de dados Global Mapper. As bases cartográficas foram retiradas dos sites do ITCG - Instituto de Terras, Cartografia e Geociências e do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As Imagens de Satélite e Radar foram retiradas do CNPM Embrapa - Embrapa monitoramento de satélites e do INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Resultado e discussão

Considerando os objetivos e a metodologia propostos, conforme exposto na introdução, o artigo menciona os prováveis principais problemas na canalização e manutenção destas estruturas de água inseridas no Parque dos Pioneiros em Maringá, pela força do escoamento superficial, devido à falta de um plano de manutenção e, consequentemente a falta de manutenção. Esses fatores ocasionam diversos processos problemáticos no interior o Parque, sejam eles processos erosivos em formas de ravinas e voçorocas, principalmente dos tipos de solapamento e remontante, ocasionados pela falta de uma estrutura dissipadora de água funcional, os resíduos sólidos transportados pelo escoamento superficial e tubulações de esgoto que seguem para a área. Os levantamentos de campo, com coordenadas adquiridas pelo GPS e auxílios de imagens do satélite landsat 8 e o plano diretor da cidade, proporcionaram a elaboração de um mapa onde se pode localizar as referentes estruturas (Figura 1). A situação de grande parte das estruturas levantadas na área é de degradação, como mostram as imagens a seguir (Figura 2 a 4), juntamente com os dados de altura e largura. No local encontram-se galerias pluviais grandes (Figura 4) e pequenas (Figura 2), todas construídas visando diminuir a força do escoamento do sistema de macrodrenagem da bacia, o qual desagua no interior do Parque. Na figura 2 , são encontradas tubulações com diâmetros entre 1 metro e 1,20, aproximadamente. Já na figura 4, são encontradas as maiores tubulações chegando a 1,75 metros de diâmetro. Na figura 3 encontra-se uma tentativa de evitar que os dejetos escoados pelo córrego passassem de uma das galerias, uma grade estacada de margem a margem do córrego Cleópatra, porém a força da água foi tão forte que a pequena estrutura foi destruída. Já na figura 4, são encontradas as maiores tubulações chegando a 1,75 metros de diâmetro. As figuras 2 e 3 são de um mesmo local, ao sul da perimetral Juscelino kubitschek, construída cortando o Parque, estão localizadas à jusante do córrego, na área que representa o parque dos pioneiros. Já a Figura 4 representa uma galeria de águas pluviais, que se localiza mais a montante do curso de água.

Figura 1

Localização das Estruturas Canalizadoras Degradadas.

Figura 2

Estrutura 3, tubulações degradadas despejadas no curso do córrego.

Figura 3

Estrutura 3, grade de metal feita na intenção de reter dejetos.

Figura 4

Estrutura 1, Galeria de água pluvial, com estruturas tubular.

Considerações Finais

O uso do solo urbano vem modificando os bens naturais em curtos períodos de tempo, para tentar controlar essas modificações foram criadas leis que a população deve seguir à risca, porém nem sempre os passos indicados pela lei conseguem extinguir todos os problemas. As estruturas de galerias pluviais, principalmente as tubulações do Parque dos Pioneiros estão quase que completamente destruídas como é evidenciado nas fotografias, o que segundo a lei Nº 6.938 de 1981 conceitua como poluição qualquer degradação da qualidade ambiental resultante de atividades humanas que afetam direta ou indiretamente o meio ambiente. Nota-se que não foi falta de planejamento da construção dessas estruturas que ocasionou tais problemas, mas a falta de manutenção e acompanhamento de tais, somado à força do escoamento superficial de inúmeros anos de precipitações.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá e a Prefeitura do Município de Maringá.

Referências

BOVO, Marcos Clair; AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO DOS PARQUES URBANOS EM MARINGÁ (PR) BRASIL. Geo UERJ, v. 2, n. 22, p. 323-349, 2011.
BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006.
BRASIL. Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981. Política Nacional do Meio Ambiente. Brasil.
CENSO, I. B. G. E. Disponível em:< http://www.censo2010.ibge.gov.br/>.Consultado em 07/01/2016, v. 12, 2010.
SOUSA, Paulo Roberto; HAYASHI, Carmino. PARQUES E RESERVAS FLORESTAIS DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ/PR. Periódico Eletrônico Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 9, n. 3, 2013.
RIGHETTO, Antônio Marozzi; MOREIRA, L. F. F.; SALES, TEA de. Manejo de águas pluviais urbanas. ABES Rio de Janeiro, 2009.
RODRIGUES, Ana Lúcia. A ocupação urbana da região metropolitana de Maringá: uma história de segregação. Revista Paranaense de Desenvolvimento-RPD, n. 108, p. 61-86, 2011.