Autores

Castro dos Santos, G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE) ; Melo e Souza, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE)

Resumo

O objetivo do presente trabalho foi analisar a evolução da planície de maré na margem direita da desembocadura do rio Sergipe em Aracaju-SE e os principais tensores antropogênicos responsáveis pelas alterações nos Manguezais.Os principais procedimentos metodológicos foram: processamento das imagens de satélite e fotografias aéreas; vetorização e quantificação das classes temáticas; identificação dos tensores antropogênicos. Os resultados obtidos mostraram que a planície de maré teve sua área reduzida em cerca de 48% entre 1955 e 2014, bem como a área correspondente ao Manguezal, que foi reduzida em 41%. Os principais tensores antropogênicos responsáveis por essas alterações foram:aterramento de grande parte da planície de maré e consequentemente a destruição do manguezal para permitir o crescimento urbano no bairro Coroa do Meio. A realização desta pesquisa auxilia no monitoramento das áreas de manguezais localizadas em ambientes urbanos.

Palavras chaves

Monitoramento; Ações antrópicas; Mangue

Introdução

Os ambientes de sedimentação costeira tiveram seu processo de formação associados às oscilações do nível do mar durante o Quaternário. As formas mais recentes surgiram no Holoceno, a menos de 10.000 A.P. (MARTIN; SUGUIO; FLEXOR, 1993). Um dos exemplos desses ambientes são as planícies de marés, já investigadas em várias partes do mundo e com estimativas de deposição do pacote sedimentar relacionadas às transgressões e regressões marinhas (WOODROFFE, 1982; BITTENCOURT et al, 1983). As planícies de marés ocorrem em todo o mundo, em geral, nas reentrâncias costeiras localizadas em zonas estuarinas. Estas feições são determinadas por condições únicas dos componentes geomórficos, geofísicos e biológicos (THOM, 1982). Quando esses ambientes de sedimentação (ou substratos lamosos) ocorrem em associação com vegetações do tipo halófitas, conhecidas como mangues, tem-se a formação dos ecossistemas manguezais. Para que ocorra o desenvolvimento de manguezais é necessário, de acordo com Chapman (1975, que ocorram 7 requisitos básicos: temperatura do ar preferencialmente entre 20ºC e 5ºC; correntes marítimas mais quentes; áreas protegidas da ação mecânica das ondas como lagunas e baías costeiras; água salgada; regime de marés e substrato lamoso. Os ambientes de planícies de marés, e ecossistemas manguezais associados, também podem desenvolver-se em escala de médio prazo (décadas)o que caracteriza uma evolução recente. Ao mesmo tempo em que esses ambientes se desenvolvem em um curto espaço de tempo as ações humanas sobre essas áreas também ocorrem de maneira rápida, sendo muitas vezes determinantes sobre os processos de degradação. A Área de estudo do presente artigo corresponde a planície de maré desenvolvida na margem direita da desembocadura do rio Sergipe (município de Aracaju-SE). O processo de formação da referida desembocadura foi explicado por diversos autores, a partir da análise evolutiva de cartas náuticas, iniciando no ano de 1891 até o ano de 1924. A análise inicial demonstrou a existência de duas coroas arenosas na desembocadura do rio Sergipe. Essas coroas arenosas possuíam inúmeros canais de maré, sendo divididas por três canais principais: Norte, Central e Sul, por onde o rio Sergipe entrava em contato com o Oceano Atlântico. Devido à dinâmica fluviomarinha no local, emergiram de forma gradativa nas coroas pontais arenosos sendo estes os responsáveis pela consolidação das duas coroas e posterior ligação ao município de Aracaju, pela restinga existente no bairro Atalaia (chamado à época de Pontal Sul). A consolidação das coroas arenosas permitiu o alargamento do canal Norte, fechando o canal Central e isolando o canal Sul (MONTEIRO, 1963; WANDERLEY, 2006; SANTOS, 2012; SANTOS, 2014). Esse processo evolutivo é compatível com a proposição de FitzGerald; Kraus & Hands (2000) para o modelo de transpasse de sedimentos denominado rompimento do delta de maré vazante (ebb-tidal delta breaching). Nesse contexto de modelagem da referida desembocadura, o presente trabalho tem por objetivo analisar a evolução da planície de maré na margem direita da desembocadura do rio Sergipe, no município de Aracaju-SE e os principais tensores antropogênicos responsáveis pelas alterações nessa paisagem costeira.

Material e métodos

Para a realização do presente trabalho foram executadas as seguintes etapas metodológicas: Aquisição e processamento das imagens de satélite e fotografias aéreas: A análise multitemporal para esta pesquisa consistiu no melhor instrumento para verificar o funcionamento e a dinâmica da área de estudo. Para sua execução foram utilizadas imagens de satélite Quickbird dos anos de 2003 e 2014, de alta resolução , adquiridas e cedidas pela Empresa Municipal de Obras e Urbanização - EMURB/SE. Utilizou-se também fotografias aéreas dos anos de 1955 e 1965 cedidas pela Secretaria de Planejamento Orçamento e Gestão – SEPLAG/SE. O processamento das imagens de satélite e das fotografias aéreas foi dividido em duas etapas: retificação do datum horizontal e do georreferenciamento. No SIG ArcGis v.10.2.1 foram feitas as importações das imagens de satélite e das fotografias aéreas. Posteriormente foi feita a correção do datum horizontal de SAD 1969 para SIRGAS 2000. Após a retificação do datum foi feita a retificação do georreferenciamento das imagens de satélite utilizando como referência as fotografias aéreas do ano de 2004, executadas pela SEPLAG/SE e que compõem a base cartográfica do estado de Sergipe. O georreferenciamento foi efetuado com auxílio do SIG Quantum Gis v.2.0.1. Vetorização, criação dos arquivos em shapefile e confecção dos mapas temáticos. No SIG ArcGis v.10.2.1 foi efetuada a criação das classes temáticas no formato shapefile (.shp). As principais classes temáticas vetorizadas foram: planície de maré sem colonização por mangue; mangue e praia. Após a vetorização das classes temáticas, e posterior criação dos polígonos, foi realizada a medição da área das classes temáticas: planície de maré sem colonização por mangue e mangue. A medição foi efetuada observando os valores de área de cada polígono presentes na tabela de atributos de cada classe. Os mapas temáticos tiveram como objetivo representar os principais elementos da área de estudo. Foram realizados para esta pesquisa mapeamentos relativos aos anos de 1955, 1965, 2003 e 2014 para a desembocadura do rio Sergipe. Identificação dos tensores antropogênicos A identificação dos principais tensores antropogênicos foi efetuada com base na análise das fotografias aéreas de 1955 e 1965 e nas imagens de satélite do ano de 2003, 2008 e 2014. Também foram coletadas informações relativas aos tensores a partir de trabalho de campo efetuado na área de estudo nos anos de 2012, 2014 e 2016. Todas as informações coletadas foram comparadas e melhor explicadas a partir do levantamento bibliográfico sobre o desenvolvimento urbano da área de estudo.

Resultado e discussão

Evolução geomorfológica da planície de maré e do manguezal associado entre 1955 e 2014. O processo de modelagem da desembocadura do rio Sergipe foi explicado a partir do modelo de rompimento do delta de maré vazante, no qual a direção do acúmulo de sedimentos ocorre a updrift (parte superior) do delta de maré vazante com deflexão a downdrift (parte inferior do delta) conforme FitzGerald; Kraus & Hands (2000) demonstraram. A forma final da área de estudo deu origem a uma laguna conhecida localmente por Maré do apicum (Figura 1). A primeira identificação da formação da planície de maré na desembocadura do rio Sergipe foi verificada no ano de 1955 (Figura 2). Levando-se em consideração que as análises realizadas a partir das cartas náuticas revelaram que a partir de 1914 a feição lagunar já havia sido formada (WANDERLEY, 2006; SANTOS, 2012) é possível concluir que essa planície de maré se formou em um período de 41 anos, no mesmo período ocorreu à estabilização dos sedimentos promovendo a fixação do mangue e dando origem ao ecossistema manguezal na área. De acordo com a Tabela 1, no ano de 1955 a área total correspondente à planície de maré era de 3,22 km² e a área que corresponde somente ao mangue era de 1,05 km². No ano de 1965 a área da planície de maré e do mangue na desembocadura do rio Sergipe se expandiu ocupando uma área de 3,71 km² e 2,20 km² respectivamente (Figura 2 e Tabela 1). Observa-se nesses anos um amplo desenvolvimento do manguezal, oriundo da estabilização da planície de maré. Na análise realizada para o ano de 2003 o comportamento evolutivo foi diferenciado. Verificou-se redução na área da planície de maré e na área relativa ao manguezal, com valores respectivos de 2,12 km² e 1,01 km² (Figura 2 e Tabela 1). Em 2014 foi identificada nova redução da área da planície de maré passando a ocupar uma área de 1,95 km², contudo o manguezal sofreu pequena expansão em relação ao ano de 2003 com valor de área de 1,29 km². Esse aumento na área de mangue foi verificado principalmente na porção sul da Maré do Apicum devido a estabilização da planície de maré. Entre 1965 e 2014 a área reduzida da planície de maré foi de 48% e de 41% na área do mangue (que compõe o ecossistema Manguezal). Evolução dos tensores antropogênicos sobre a área de estudo. O conceito de tensor antrópico foi idealizado por Odum (1963) a partir da formulação da assinatura energética, esta corresponde aos fatores que operam sobre um sistema ambiental e influenciam suas funções, sendo eles: energia solar, temperatura do ar, precipitação, fornecimento de água fluvial, regime de marés e nutrientes. Os tensores naturais e antrópicos atuam como dissipadores de energia dentro do sistema ambiental. No caso da área de estudo foram priorizados os tensores antrópicos (ou antropogênicos) em virtude da sua influência sobre o desenvolvimento do objeto de pesquisa. A análise dos tensores antropogênicos na área de estudo foi estruturada a partir da identificação das ações antrópicas sobre a planície de maré e sobre o ecossistema manguezal no período entre 1955 e 2016 e está descrita no quadro 1. Entre 1955 e 1965 não existiam sobre a área de estudo quaisquer tensores antropogênicos capazes de alterar a dinâmica da planície de maré e/ou do manguezal. Esta análise corrobora com a análise multitemporal na qual foi identificada a expansão da planície de maré e do manguezal em questão (Tabela 1 e Quadro 1). Santos (2012) analisou que a descaracterização do manguezal começou a se processar a partir da constituição do bairro Coroa do Meio no início da década de 1970. O aumento populacional na cidade de Aracaju-SE fez com que a prefeitura reivindicasse junto a União a posse da área que corresponde a Coroa do Meio que até então fazia parte dos Terrenos de Marinha, com isso foram iniciados os projetos de urbanização do bairro e os primeiros aterramentos da planície de maré. A autora ainda analisou que no período subsequente, até o início da década de 1990, a área de estudo passou por novas transformações com a estruturação do bairro pela prefeitura e também com diversas moradias precárias sobre o manguezal pertencentes à população mais carente que migrou dos interiores da Bahia e Alagoas e também do próprio estado de Sergipe. Até o inicio de 2000 essas moradias precárias permaneciam sobre a área de manguezal conjuntamente com todas as transformações efetuadas no bairro com o intuito de urbanizá-lo. Todas essas ações antrópicas sobre a planície de maré e sobre o ecossistema manguezal foram determinantes para a sua degradação, conforme os dados da Tabela 1 explicitam. Os principais impactos sofridos pelo ecossistema e sobre a feição geomorfológica, nesse período, estão dispostos no quadro 1. A partir dos anos 2000 foram realizadas ações governamentais com o intuito de retirar as moradias precárias que existiam sobre o manguezal além de dar uma melhor qualidade de vida à população (FRANÇA & CRUZ, 2005). Essas ações retiraram a ocupação direta sobre o Manguezal, mas não se preocuparam com a recuperação e/ou proteção do ecossistema, como resultado as ações predatórias persistiram com a adição do lançamento do esgotamento sanitário da cidade sobre a Maré do apicum. As ações degradantes sobre o manguezal geraram consequências também para a estabilização da linha de costa na Praia dos Artistas e parte da Praia de Atalaia, localizadas na margem direita do rio Sergipe. Trabalhos realizados por Rodrigues (2008) e Santos (2012) apontaram que toda a margem direita da desembocadura sofreu com processos erosivos em médio prazo intensificados devido à degradação de parte da planície de maré que possuía a função de molhe hidráulico protegendo a linha de costa da Coroa do Meio. Mesmo em face da redução da Planície de maré, foi observado um pequeno aumento na área de mangue em 2014, esse fato pode ser atribuído a resiliência do manguezal. De acordo com Shaeffer-Novelli; Citrón-Molero; Soares (2002) baseando-se em Thom (1982) os manguezais possuem resistências e resiliências (capacidade de se recuperar de perturbações graves na paisagem) diferenciadas, conforme a predominância dos componentes da dinâmica fluviomarinha nas zonas estuarinas. Na situação analisada o mangue se expandiu aproveitando-se da estabilização do substrato ao sul da Maré do Apicum, o que mostra que ações que visem à recuperação do manguezal em questão podem ser bem sucedidas devido à capacidade de adaptação existente nesses ecossistemas.

Figura 1 – Localização da área de estudo

Localização da àrea de estudo. Elaboração da autora

Quadro 1 – Tensores antropogênicos atuantes na área de estudo.

Tensores antropogênicos atuantes na área de estudo. Elaboração dos autores.

Figura 2 - Dinâmica evolutiva da área de estudo.

Dinâmica da área de planície de maré e colonização pelo mangue,para os anos de: 1955, 1965, 2003 e 2014.

Tabela 1 - Área em km² das classes temáticas.

Área da Planície de maré desprovida de mangue e da área colonizada por Mangue

Considerações Finais

A análise multitemporal da área de estudo identificou processos deposicionais recentes na desembocadura do rio Sergipe que culminaram na formação da planície de maré e posteriormente no manguezal. Contudo verificou-se que toda a área sofreu redução entre 1955 e 2014 de 48%. Os dados do mapeamento realizado foram corroborados pela análise das intervenções antrópicas sobre a Coroa do Meio que se iniciaram com a urbanização da área,a ocupação do manguezal propriamente dito, reurbanização do bairro e pelo acúmulo de resíduos oriundos do esgotamento sanitário da capital sergipana, lançados diretamente sobre esse ecossistema. Os principais impactos sofridos foram: aterramento da planície de maré, morte da biota e poluição das águas adjacentes ao manguezal, sem possibilidades de recuperação já que a feição geomorfológica se tornou aterramento. Todos os impactos sofridos pelo manguezal da Coroa do Meio também refletiram na perda da estabilidade da linha de costa, o que resultou em sucessivos episódios de erosão costeira nas praias do bairro. Contudo, mesmo em face do ambiente degradado e constantemente ameaçado, a estabilização da planície de maré na direção sul da laguna conhecida por Maré do apicum promoveu o aumento da área de manguezal, o que demonstra a extrema resiliência do ecossistema e sua capacidade em se adaptar às novas condições ambientais. A realização desta pesquisa fornece subsídios para o monitoramento de manguezais localizados em áreas urbanas.

Agradecimentos

Referências

ANGULO, R. J. O manguezal como unidade dos mapas geológicos. In: Simpósio de ecossistemas da costa sul e sudeste brasileira, 2, 1990, Águas de Lindóia. Resumos expandidos. São Paulo: ACIESP, 1990. v. 2, p.54-62.

BITTENCOURT, A. C. S. P. ; MARTIN, L. ; DOMINGUEZ, J. M. L. ; FLEXOR, J. M. ; FERREIRA, Y. A. . Evolução Paleogeográfica Quaternária da Costa do Estado de Sergipe e da Costa Sul do Estado de Alagoas. Revista brasileira de geociências, v. 13, n. 2, p. 93-97, 1983.

CHAPMAN, V. J. Mangrove biogeography. Proc. Int. Symp. Biology and Management of Mangroves, 1, 1975. p. 3-22.

FITZGERALD, D. M. ; KRAUS, N. C.HANDS; E. B. Natural Mechanisms of Sediment Bypassing at Tidal Inlets. US Army Corps of Engineers. ERDC/CHL CHETN-IV-30 December 2000. 1-10.

FRANÇA, V. L.; CRUZ, M. L. Projeto de reurbanização da Coroa do Meio: uma estratégia de inclusão social. Revista da Fapese de Pesquisa e Extensão, v. 1, mar./jun. 2005. p. 43-54.

MARTIN, L; SUGUIO, K; FLEXOR, J. M. As flutuações de nível do mar durante o quaternário superior e a evolução geológica de “deltas brasileiros”. Boletim IG-USP, nº15, 1993. p. 1 – 186.

MONTEIRO, M. da G. A restinga da Atalaia: Uma contribuição ao estudo do litoral sergipano. 1963. 50 f. Tese (Concurso a cátedra de Geografia) - Colégio Estadual de Sergipe, Aracaju, SE, 1963.

RODRIGUES, T.K. Análise das mudanças da linha de costa das principais desembocaduras do estado de Sergipe, com ênfase no rio Sergipe. 2008. 78f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2008.

SANTOS, G. C. Derivações antropogênicas e Evolução do manguezal nos bairros 13 de julho e Jardins em Aracaju-SE. Revista Brasileira de Geografia Física. v. 7 n.02. 2014. p. 278-290.

SANTOS, G. C. Dinâmica da paisagem costeira da Coroa do Meio e Atalaia – Aracaju/SE. 2012. 152f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2012.

SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; CITRÓN-MOLERO, G.; SOARES, M.L.G. Chapter 9: Mangroves as indicators of sea level. In: HEALY, T. ; WANG, Y.; HEALY, J. A. (ed.) Muddy Coasts of the World: Processes, Deposits and Function, Elsevier Science, 2002. p. 245 – 262.

THOM, B. G. Mangrove ecology: a geomorphological perspective. Mangrove ecosystems in Australia, structure, function and management (ed. by B. F. Clough), 1982. p. 3-17.

WANDERLEY, L. L. Paisagem da janela: esse nosso inconstante rio Sergipe e a evolução de sua Foz. In: ALVES, J.P.H. (Org.). Rio Sergipe: importância, vulnerabilidade e preservação/ Organização de José do Patrocínio Hora Alves. Aracaju-SE: Ós Editora, 2006. p. 167 – 194.

WOODROFFE, C. D. Geomorphology and development of mangrove swamps. Grand Cayman island, West Indies, Bulletin of Marine science, nº 32, v.2, 1982. p.381 – 398.

ZENKOVICH, V. P. Processes of coastal development. London, 1967, 738 f.