Autores

Souza, I.C. (UNEMAT) ; Corrêa, G.C. (UNEMAT) ; Souza, C.A. (UNEMAT) ; Sodré, F.S.S. (UNEMAT)

Resumo

O estudo foi desenvolvido na sub-bacia do córrego Santo Antônio no município de Nova Olímpia, região sudoeste do Estado de Mato Grosso, Brasil. A pesquisa teve como objetivo identificar as formações geomorfológicas e geológicas da sub-bacia do córrego Santo Antônio, com intuito de entender a influencia destes elementos na bacia hidrográfica. Os procedimentos metodológicos se deram por meio de revisão bibliográfica, trabalhos de gabinete e de campo. A área da bacia foi delimitada de acordo com as cartas topográficas do Ministério do Exército (1975). O mapa foi elaborado a partir de imagens de satélite. Sua arte final foi realizada no programa ArcGis 10.1., que permitiu a compilação dos dados consoante a classificação de tratamento e agrupamento das imagens de satélite LANDSAT / 5. Os resultados mostraram que a geomorfologia é representada pela Depressão do Alto Paraguai e a geologia pela Formação Pantanal.

Palavras chaves

Bacia hidrográfica; Geomorfologia; geologia

Introdução

Guerra e Marçal (2010) enfatizam que a geomorfologia fluvial tem um papel importante em diagnosticar, entender e conhecer a formação e dinâmica das bacias hidrográficas, suas formas de relevo, bem como, padrão de drenagem, tipo de leito, e os principais impactos dentro da bacia. A geomorfologia possui o espaço próprio na análise ambiental, pois auxilia no entendimento e compreensão da paisagem, bem como das relações entre homem e natureza e sociedade, criando novas visões para a pesquisa e enfoques ambientais. (GUERRA e MARÇAL, 2010). Os autores acrescentam que, a ciência geomorfológica procura compreender as formas de relevo em diferentes escalas espaciais e temporais, suas características morfológicas, materiais componentes e dinâmicas evolutivas, explicando não só a sua gênese, mas também como evoluem no tempo e no espaço, levando em conta os processos geomorfológicos que atuam e modelam o relevo terrestre. Os estudos das formas de relevo e dos processos associados podem determinar os tipos de alterações e mudanças causadas na superfície terrestre pela intervenção humana. O estudo da geomorfologia permite identificar as principais formas e relevo de diferentes tamanhos, sua formação e inter-relação com os demais componentes da natureza, e, portanto, são dinâmicos (ROSS, 2011). A geologia consiste no estudo da composição das propriedades físicas e estruturais, bem como na explicação das inúmeras forças naturais, dos processos geológicos, a compreensão desse sistema como um todo é fundamental, uma vez que a geologia se caracteriza por sua natureza investigativa (POOP, 2010). A pesquisa foi desenvolvida na sub-bacia do córrego Santo Antônio. A área localiza-se na Depressão do Alto Paraguai, município de Nova Olímpia, região sudoeste de Mato Grosso. O trabalho visou identificar as formações geomorfológicas e geológicas inseridas na sub-bacia.

Material e métodos

Área de estudo A sub-bacia do córrego Santo Antônio, localiza-se no município de Nova Olímpia – Mato Grosso. Inserida nas coordenadas geográficas 14º46’30” e 14º47’30” de latitude sul e 57º18’30” e 57º17’30” de longitude oeste. • Procedimentos metodológicos Os procedimentos metodológicos utilizados foram: levantamento bibliográfico; uso de GPS, para retirada das coordenadas geográficas, delimitação da área por meio de cartas topográficas e trabalho de campo para reconhecimento geral da área de estudo. Para delimitar área da bacia utilizou as cartas temáticas DSG, na escala 1:100.000, folha SD-21-Y-B-VI, bem como ,imagens de satélites, disponibilizadas gratuitamente. • Construção do referencial teórico e bases de dados Para a realização de revisão bibliográfica foram utilizadas obras literárias referentes à temática tais como: livros, revistas artigos, monografias, dissertações e sites. Os trabalhos de campo se deram para observação da paisagem e caracterização dos elementos ambientais na bacia hidrográfica. Para o levantamento das informações geomorfológicas e geológicas, utilizaram-se dados secundários do relatório RADAMBRASIL (1982). Para a identificação das formações, geomorfológicas e geológicas foram utilizadas cartas temáticas referentes a cada elemento do projeto RADAMBRASIL (1982), na escala 1:1.000.000. • Construção de base cartográfica O mapa de localização, foi desenvolvido a partir de imagens gratuitas, na escala 1:350.000, sua arte final foi realizada no programa ArcGis 10.1., que permitiu a compilação dos dados através da classificação tratamento e agrupamento das imagens. As imagens foram obtidas e atualizadas por meio de imagens de satélite LANDSAT / 5.

Resultado e discussão

Área de estudo O estudo foi desenvolvido na sub-bacia do córrego Santo Antônio, afluente da margem esquerda do rio Branco. A área de estudo está localizada no sítio “Dois Irmãos” município de Nova Olímpia-MT. Inserida nas coordenadas geográficas 14º46’30” e 14º47’30” de latitude sul e 57º18’30” e 57º17’30” de longitude oeste. De acordo com Christofoletti (1999), as bacias hidrográficas podem ser classificadas em pequena (até 100 km²), médias (100 a 1.000 km²) e grandes (acima de 1.000 km²). Dessa forma, a sub-bacia hidrográfica do córrego Santo Antônio está classificada em sua grandeza espacial como pequena. Em relação ao padrão de drenagem a sub-bacia é classificada como exorreica, o canal principal possui aproximadamente 3 km de extensão, desaguando na margem esquerda do rio Branco. Considerando as afirmações de Christofoletti (1980), sobre Classificação geométrica, o padrão de drenagem refere-se à disposição espacial dos cursos fluviais, sendo influenciados por: “[...] sua atividade morfogenética, pela natureza e disposição das camadas rochosas, pela resistência litológica variável, pelas diferenças de declividade e pela evolução geomorfológica da região”. Nesse contexto, a sub-bacia do córrego Santo Antônio é classificada como dendrítica também designada como arborescente, pois se assemelha a uma árvore. Dentro de uma bacia de drenagem existe a hierarquia fluvial, que consiste em estabelecer a ordem dos canais fluviais ao longo dos cursos d’água. Hierarquicamente o córrego Santo Antônio é classificado como canal de segunda ordem. A geomorfologia por meio do estudo das formas de relevo e dos processos associados pode determinar o tipo de alterações e mudanças causadas na superfície terrestre pela intervenção humana, (GUERRA e MARÇAL, 2010). O estudo da geomorfologia permite identificar as principais formas e relevo, de diferentes tamanhos, sua formação e inter-relação com os demais componentes da natureza (ROSS, 2011). Nas áreas rurais a expansão das atividades agrícolas e pastoris precedida de desmatamentos sem práticas conservacionistas, leva os danos ambientais. Sendo, portanto tema relevante para a geomorfologia, (GUERRA e MARÇAL, 2010). Depressão do Alto Paraguai Geomorfologicamente a sub-bacia do córrego Santo Antônio, está inserida na Depressão do Alto Paraguai. Esta unidade corresponde a extensas áreas rebaixadas e drenadas pelos tributários do alto curso do rio Paraguai. A unidade apresenta diferenças regionais nas feições geomorfológicas, é composta por altimetrias distintas, ressaltando dois compartimentos de relevo bem individualizados, descritos como subunidades: depressão Cuiabana e depressão do Alto Paraguai. (RADAMBRASIL, 1982). Segundo Souza (2004), Depressão do Alto Paraguai sofreu diversos processos de erosão, que atuaram em litologias variadas estendendo-se desde o Pré-Cambriano ao Carbonífero. Esta Formação corresponde a uma superfície de relevo pouco dissecada, com pequeno caimento topográfico de nordeste para sudoeste, interflúvios razoavelmente amplos, com topos planos e drenagem pouco profunda. O nível altimétrico oscila entre 120 e 160 m. Conforme o mapeamento geomorfológico do Projeto RADAMBRASIL (1982). Almeida (1964), em suas descrições definiu a baixada do Alto Paraguai, como o termo baixada está associado a relevo originado por acumulação marinha, preferiu usar o termo depressão por ser mais específico. O autor observou fisionomias bem distintas nas quais se individualizam pelas diferenças litológicas, organização de drenagem e pelas formas de relevo (RADAMBRASIL, 1982). Segundo a descrição do RADAMBRASIL (1982), esta subunidade de relevo compreende a uma extensa área drenada pelo alto curso do rio Paraguai e seus afluentes. Envolve uma superfície de relevo pouco dissecado com pequeno caimento topográfico de norte para sul, apresentando-se rampeada em sua seção oeste com altimetria oscilante entre 120 e 300 metros. Para Ross (1982) esta subunidade de relevo compreende a uma extensa área drenada pelo alto curso do rio Paraguai e seus afluentes. Envolve uma superfície de relevo pouco dissecado com pequeno caimento topográfico de norte para sul, apresentando-se rampeada em sua seção oeste com altimetria oscilante entre 120 e 300 metros (SANTOS, 2012). Por meio de pesquisas Almeida (1964), denominou a área a oeste da província Serrana de “Baixada do Alto Paraguai” com altitude máxima de 400m nas faldas de serra de Tapirapuã. Descreveu como uma região deprimida que vem sofrendo entulhamento, em fase de rejuvenescimento, diminuição de densidade de lagoas relevo de planície, coberta por sedimentos areno- argilosos, formando terraços aluviais do Pantanal ao rio Paraguai. A geomorfologia local influencia a rede de drenagem caracterizando um padrão mais retilíneo no alto curso e meandrante no baixo curso. GEOLOGIA Geologicamente a área de estudo é representada pela Formação Pantanal. A geologia consiste no estudo da composição das propriedades físicas e estruturais, bem como na explicação das inúmeras forças naturais, dos processos geológicos, a compreensão desse sistema como um todo é fundamental, uma vez que a geologia se caracteriza por sua natureza investigativa (POOP, 2010). Formação Pantanal Apresenta sua formação na Era Cenozóica, período Quaternário, litologicamente é constituído de sedimentos finos a grosseiros semi- consolidados, depositados na planície aluvial do Pantanal. Almeida (1964) reconheceu que, os depósitos constituintes da Formação Pantanal são de natureza arenosa fina e siltes-argilosos. No trabalho realizado por Figueiredo et al. (1974) é constituído por areias inconsolidadas de granulometria finas a médias, intercaladas por materiais sílticos argilosos. Os terraços aluviais sub-recentes, constituído por siltes, argilas e areias finas. A planície aluvial teria como formadores os depósitos irregulares sílticos-argilosos e grosseiros, depositados recentemente pelo rio Paraguai (Apud, ANDRADE et al, 2013). De acordo com Corrêa e Couto (1972) a Formação Pantanal é constituída de uma sequência argilo-arenosa inconsolidadas, estratificada horizontalmente, formada por uma alternância de argila cinza e areia média a fina, de cor branca, amarela e vermelha, com classificação regular a boa. Além do quartzo, as areias possuem conteúdo regular de caulim. Entremeados às camadas argilosas e arenosas, são localizados leitos latinizados de pequena espessura de areias e conglomerados finos. Oliveira e Leonardo (1943) foram os primeiros geólogos a estudar e agrupar os sedimentos recentes e inconsolidados encontrados na Depressão do rio Paraguai, compostos por areias e argila, denominando-as de Formação Pantanal. Segundo Souza, (2004), os sedimentos da Formação Pantanal são erodidos com facilidade, sendo que, no período de cheias, são removidos e acumulados em outros segmentos da planície e do canal, contribuído para mudanças do sistema fluvial. Formação Pantanal é constituída pelos Depósitos Detríticos e Aluviais inconsolidados. Almeida (1964) define a Formação Pantanal como uma cobertura arenosa que se assenta discordantemente sobre as unidades pré-cambrianas. O autor afirma que no Estado de Mato Grosso, a Formação Pantanal manifesta- se como uma extensa cobertura arenosa que recobre a porção interiorana das depressões do Alto Paraguai e do Cuiabá. A deposição dos sedimentos da Formação Pantanal é decorrente de processos agradacionais formados por leques fluviais, que se sucederam por vários ciclos, constituindo, no final, uma cobertura sedimentar extremamente homogênea, resultado da coalescência de diversos leques que se encontram associados à rede de drenagem de vários rios principalmente o Paraguai. O padrão de relevo é considerado baixo e plano, apresentando baixas declividades do terreno, levemente ondulado, com interflúvios amplos e canais com vales chatos.

Figura 01

Sub-Bacia do córrego Santo Antônio. Fonte: Corrêa, 2014

Figura 02

Córrego Santo Antônio em Nova Olímpia, MT. Fonte: Google Earth (2016).

Considerações Finais

Concluiu-se que geologicamente a sub-bacia é representada pela Formação Pantanal, a unidade geomorfológica é composta pela Depressão do Alto Paraguai. É possível observar por meio do mapa da sub - bacia, que uso da terra está diretamente ligado as formas de relevo, que se apresenta suavemente ondulada, propiciando o tipo do uso na área de estudo. Além do perímetro urbano de Nova Olímpia que se desenvolveu na planície subsequente da serra do Tapirapuã, as formas de relevo contribuiu também para o desenvolvimento de atividades como a pecuária e a monocultura da cana - de - açúcar, atividade predominante no município.

Agradecimentos

Referências

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