Anais: Geomorfologia costeira

AS UNIDADES DE RELEVO DO MUNICÍPIO DE SÃO CAETANO DE ODIVELAS (PA)

AUTORES
Monteiro Picanço, M.S. (UFPA) ; Ferreira de França, C. (UFPA)

RESUMO
Este trabalho teve por objetivo identificar, medir e caracterizar as unidades de relevo do município de São Caetano de Odivelas (PA). A metodologia constou de levantamento bibliográfico e uso de produtos do sensoriamento remoto por meio da análise de imagens do sensor TM do satélite Landsat 5. Os resultados mostraram os tabuleiros, com 30,19%; os bancos lamosos de intermaré com 1,93%; as planícies lamosas de maré, com 54,60%; as planícies lamosas de supramaré com 2,09%; os cordões arenosos sub-tuais com 2,03%; as planícies aluviais com 6,13% e as barras arenosas com 1,66% da área.

PALAVRAS CHAVES
sensoriamento remoto ; unidades de relevo; satélite Landsat

ABSTRACT
This study aimed to identify, measure and characterize the relevant units of São Caetano of Maynooth (PA). The methodology included a literature review and use of products by means of remote sensing image analysis of Landsat TM sensor 5. The results showed the tabuleiros, with 30.19%, the muddy banks of intermaré with 1.93%; muddy tidal plains, with 54.60%; the muddy plains of supramaré with 2.09%, the sand ridges sub -current to 2.03%; floodplains with 6.13% and sandy bars with 1.66% of the area.

KEYWORDS
remote sensing; units of relief; Landsat

INTRODUÇÃO
As formas de relevo refletem as interações existentes entre as forças endógenas, com a tectônica e a litologia, e as forças exógenas, em que atuam as dinâmicas atmosféricas, hidrológicas e biológicas, mais a ação humana. Tais forças determinam o modelado da Terra, pela combinação de processos atuais e pretéritos. O relevo é um dos componentes da superfície terrestre e está intrinsecamente relacionado com as rochas que o sustentam, com o clima que o esculpe e com os solos que o recobre. Esses elementos nos permitem considerar que o relevo, como os demais componentes da natureza, é dinâmico e, portanto, está em constante estado de evolução (ROSS, 2009; MELO et al., 2005; SUMMERFIELD, 1991). O litoral norte brasileiro apresenta uma diversidade de formas de relevo que se caracterizam pela transição entre terras e águas marinhas, fluviais e estuarinas, situação típica das zonas costeiras. Estas são espaços onde ocorrem interações peculiares entre sistemas marinhos e continentais, o que inclui estruturas geológicas, feições de relevo, solos, formações vegetais, forças atmosféricas, condições de drenagem, além de atividades e padrões de ocupação humana que se aproveitam dos atributos físicos, ecológicos e paisagísticos relacionados às zonas costeiras (SOUZA FILHO et al., 2005; MORAES, 1999). A área deste estudo é a porção norte do Município de São Caetano de Odivelas (PA), esta se situa na Mesorregião Nordeste Paraense e a Microrregião do Salgado (SEPOF, 2011), e o objetivo desta pesquisa é identificar, mapear e caracterizar as formas de relevo deste município. Sendo que as unidades de relevo se definem como tipos de formas com especificidades em sua configuração espacial, natureza dos depósitos sedimentares, a gênese, as características topográficas e altitudes, posição inferida em relação ao regime de inundação e cobertura vegetal.

MATERIAL E MÉTODOS
Os procedimentos metodológicos da pesquisa incluem o levantamento bibliográfico e revisão de literatura; o levantamento de base cartográfica e de produtos de sensores remotos; tratamento e processamento digital das imagens orbitais de diferentes anos; elaboração de mapas temáticos e os trabalhos de campo. O processamento de imagens orbitais foi realizado por meio do uso de imagens digitais do sensor TM 5 do satélite LANDSAT de 2008 que esteve em órbita/ponto-223/060, de 13 de julho. O processamento digital das imagens foi feito no software para processamento digital de imagens CPI Geomática 10.3, licenciado para o uso no Laboratório de Análises de Imagens do Trópico Úmido (LAIT), do Instituto de Geociências (IG) da Universidade federal do Pará (UFPA). Neste programa foi feito a correção atmosférica, a correção geométrica e foi aplicado o realce linear. Na composição colorida das bandas foi adotada a faixa do visível (3 e 4) e do infravermelho próximo (5), combinação 5R4G3B. O mapa de relevo foi elaborado no software ARCGIS 10, no Laboratório de Informação Geográfica (LAIG) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFPA, no qual se fez digitalização manual, com a identificação dos diferentes tipos de relevo e a quantificação dos mesmos. Para a obtenção das altimetrias de cada unidade de relevo, foram usadas as informações disponíveis do Google Earth, sobre a área de estudo, fornecidas por meio do satélite Spot Image 2012 e acessadas em 17/04/2012.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
As unidades de relevo neste município somam um total de 186.034.803,24 m², e são: tabuleiros, bancos lamosos de intermaré, planícies lamosas de maré, planícies lamosas de supramaré, cordões arenosos sub-atuais, planícies aluviais e as barras arenosas. Tabuleiros Estas Unidades Morfológicas perfazem um total de 30% desta área. Situam-se no centro desta área de estudo. Possuem um substrato areno-argiloso, da Formação Barreiras e de Sedimentos Pós-Barreiras, de idade miocênica do Plio-Pleistoceno (ROSSETI; TRUCKENBRODT; GOÉS, 1989, ROSSETI, 2004). O solos principal é do tipo Latossolo Amarelo. Situam-se acima do nível de inundação. Apresenta um relevo suave ondulado, na qual a altimetria vai de 6 a 30 metros e a sua cobertura vegetal é a floresta secundária. Bancos lamosos de intermaré Estas Unidades Morfológicas contam com 1,9% de área. Posicionam-se de forma paralela a linha de costa adentrando as margens dos canais estuarinos e na parte insular. Possuem um substrato formado por lamas fluidas inconsolidadas, holocênica. Seu relevo é ligeiramente inclinado, com uma altitude que vai de 0 a 2 metros. Estes relevos ficam expostos apenas durante a maré baixa e apresentam uma vegetação pioneira de mangue e aluvial. FIGURA 1: Mapa das Unidades de Relevo do Município de São Caetano de Odivelas (PA). Planícies lamosas de maré As planícies lamosas de maré contam com 54% de área. Constituem áreas lamacentas, com influência das águas das marés salinas, de água doce dos rios e da drenagem subterrânea (AB’SÁBER, 2005; PROST et al., 2001). Esta unidade de relevo se posiciona de forma paralela à linha de costa, ao longo do baixo curso dos rios ou de localização insular. São constituídos por sedimentos finos como areia fina, silte e argila, holocênicos. Possuem os solos indiscriminados de mangue que são de deposição recente, gleizados e muito mal drenados (LIMA; TOURINHO; COSTA, 2001; IBGE, 1990). Possui uma topografia plana, na qual sua altimetria vai de 2 a 6 metros e a sua vegetação característica é o mangue. Planícies aluviais sob influência de maré Estas unidades morfológicas contam com 1,3% da área total. Estas planícies situam-se na área de transição entre a planície aluvial e a planície lamosa de maré, na qual se instalam espécies precursoras típicas da vegetação de mangue e de várzea. Possui um substrato lamoso de idade holocênica. Apresenta solos de deposição recente, mal drenados, ácidos e pouco profundos (VIEIRA; OLIVEIRA; BASTOS, 1971). Apresentam uma topografia plana que vai de 2 a 6 metros. Cordões arenosos sub-atuais Estas unidades de relevo medem 2% de área. Posicionam-se em formato de flechas dispostas no sentido da atual linha de costa. É formada por um substrato arenoso e, podem ser casos de cheniers ou podem ser indícios de uma antiga linha de costa. Possui topografia plana, com uma altimetria de 6 a 12 metros e apresenta solo arenoso. Sua vegetação é composta pelo campo equatorial higrófilo ou campo misto, com extratos herbáceos e espécies arbóreas e arbustivas. Planícies aluviais As planícies aluviais contam, neste município, com 6% de área. Estas áreas situam-se próximo das áreas de planície lamosa de supramaré, além de estarem ao longo de alguns canais fluviais, a partir do momento na qual passa a haver o predomínio da maré dinâmica. Este relevo é influenciado pelas cheias dos rios e pela água das chuvas, e seu solo é hidromórfico e gleizado (JAPIASSÚ; GÓES FILHO, 1974; IBGE, 1990; LIMA; TOURINHO; SOUZA, 2001; AMARAL et al. 2007). Possuem uma topografia plana, acima de 6 metros com espécies ricas em palmeiras, lianas lenhosas, herbáceas e epífitas (IBGE, 1991). Planícies lamosas de supramaré Estes relevos perfazem 2% de área. Localizam-se em contato com as áreas de tabuleiros e da planície aluvial, podendo estar na sequência das planícies lamosas de maré. Podem ser paleocanais. Esta unidade de relevo recebe influencia da água doce e passa uma parte do ano alagada, possui um substrato argiloso, de origem ho

mapa de relevo de são caetano de odivelas



CONSIDERAÇÕES FINAIS
As unidades de relevo identificadas e caracterizadas no município estudado somam um total de 186.034.803,24 m², e são as seguintes: os tabuleiros, com 30,19% da área estudada, coberta pela vegetação secundária; os bancos lamosos de intermaré com 1,93%, com espécies pioneiras de mangue e de aluvial; as planícies lamosas de maré, com 54,60%, com sua vegetação característica de mangue; as planícies aluviais sob influência de maré que somam 1,35%, e abrigam as espécies de mangue e de aluvial; as planícies lamosas de supramaré com 2,09%, com sua vegetação de campo alagados; os cordões arenosos sub-atuais que têm 2,03%, com vegetação composta pelo campo equatorial higrófilo ou campo misto; as planícies aluviais com 6,13%, cobertas pela floresta ombrófila densa aluvial, que são espécies vegetacionais adaptadas ao solo hidromórfico, e as barras arenosas com 1,66% do total da área estudada, este relevo fica exposto na maré baixa, não possui espécies de vegetação e, portanto, não constitui solo.

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